Sobre o Artigo

Autor :

أمين الدين محمد إبراهيم

Data :

Wed, Aug 03 2016

Categoria :

A Moral e a Ética

A inveja e o rancor

A L M A D I N A
 A INVEJA E O RANCOR

Por: Sheikh Aminuddin Mohamad

16.04.2007

 

Se a inveja e o rancor, que são doenças fatais, fossem removidos da nossa sociedade, no seu lugar surgiria um maciço que serviria de base à reforma do nosso comportamento, favorecendo a pureza do coração, da mente e da alma.
Estas duas doenças mortais endurecem o coração, induzem a pessoa ao erro e removem do seu coração a luz da fé.
São como parasitas, pois devoram as nossas boas acções, corroem qualquer sistema moral baseado no bem e nos valores puros, e mutilam a nossa consciência.
O que é que se passa actualmente com o “Ummat” (povo) de Muhammad S.A.W. ao ponto de as pessoas se deixarem acometer por essas doenças, quando o Isslam se baseia em princípios de irmandade e união?
O Isslam estabeleceu desde os primórdios do seu ressurgimento, bases concretas para o amor mútuo, para a paz, para a amizade  e para a simpatia.
Quando da migração do Profeta de Makkah para Madina, os “An’sar” (título específico dado aos habitantes desta cidade, quando da chegada de Muhammad S.A.W.)  receberam os seus irmãos “Muhajerin” (título específico dado ao grupo que acompanhou Muhammad S.A.W. na sua migração) de coração aberto, pondo à disposição destes, não apenas as suas casas mas também os seus bens. Compartilharam com eles tudo o que tinham, num espírito de autêntica generosidade, amor e respeito mútuos, e numa manifestação de solidariedade jamais vista em qualquer outro povo do Mundo.
O que é que se estará a passar connosco hoje? Nutrimos inveja e rancor quando ouvimos que à algum amigo nosso ou parente aconteceu algo de bom.
Como é que nos deixamos resvalar para um nível tão baixo? Como é que admitimos que esse tipo de doenças fatais nos assaltem?
Tornamo-nos tão complacentes em relação à inveja e ao rancor, que deixamos já de considerar anormais estes dois males, antes pelo contrário, quando alguém nos chama à atenção, argumentamos que assim procedemos devido às nossas ambições próprias.
Vejamos o que o Profeta Muhammad S.A.W. diz acerca da inveja: “Mantende-vos longe da inveja, pois ela devora as virtudes da mesma maneira  que o fogo devora a lenha”.
Como muçulmanos os nossos corações têm que se manter puros e limpos em relação aos outros.
A inveja e o rancor só causam um infindável ciclo de angústia e tristeza, o que faz com que percamos a noção das graças de Deus.
O Al-Qur’án diz no Cap. 32, Vers. 4:
“E não cobiceis o que Deus deu a uns, mais do que a outros de entre vós..... E pedi a Deus que vos conceda da Sua generosidade. Por certo, Deus é Omnisciente, de todas as coisas”.
A inveja e o rancor são os dois elementos básicos que favorecem a ocorrência de muitos dos males que afligem a sociedade.
E a eles é atribuído o aumento da malícia e da perversidade.
Portanto, devemo-nos sentir envergonhados por permitirmos que tais elementos se tornem parte da nossa vida quotidiana.
Certa vez o Profeta S.A.W. perguntou aos crentes que estavam ao seu redor:
“Não quereis que eu vos mostre o sinal da pessoa malvada”?
Eles responderam:
“Informa-nos ó enviado de Deus, se assim o entenderdes”.
Então o Profeta S.A.W. disse:
“A pessoa mais malvada de entre vós é aquela que se mantém à distância (longe); é inflexível em relação aos seus serventes e não oferece prenda a ninguém”.
A seguir perguntou:
“Não quereis que eu vos informe acerca de outra pessoa que é ainda pior que essa”?
Os crentes responderam:
“Sim”
Então o Profeta S.A.W. disse:
“Aquele que tem rancor contra as pessoas e as pessoas também têm rancor contra ele”.
Devemos extirpar das nossas vidas a inveja e o rancor, e manter boas relações com os nossos irmãos e irmãs.
Devemos tentar ser como aqueles a respeito de quem Deus diz no Cap. 59, Vers. 10 do Al-Qur’án:
“E os que vieram depois deles dizem: Senhor nosso! Perdoai-nos e aos nossos irmãos que nos antecederam na fé e livra nossos corações de qualquer rancor contra os crentes. Senhor nosso! És, na verdade Clemente e Misericordioso”.