Sobre o Artigo

Autor :

أمين الدين محمد إبراهيم

Data :

Wed, Aug 03 2016

Categoria :

A Moral e a Ética

Como gerir o tempo

A L M A D I N A
  COMO GERIR O TEMPO?  
Por: Sheikh Aminuddin Mohamad

 


    O tempo é dos mais valiosos favores com que Deus agraciou o Ser Humano. Porém, nós desleixamo-nos muito no seu uso efectivo.
    Deus elucida-nos sobre a sua importância ao dizer:
    “Foi Ele (Deus) quem vos submeteu os navios que deslizam sobre o mar sob Seu comando e vos submeteu os rios. E vos submeteu o Sol e a Lua, firmes no seu percurso, e vos submeteu a noite e o dia. E vos deu tudo quanto lhes pedistes. Se procurardes contar os favores de Deus, não o conseguireis”.
    O Profeta Muhammad S.A.W. também confirma o valor do tempo ao dizer que “No Dia da Ressurreição os pés do Ser Humano não se moverão do seu lugar enquanto não for interrogado acerca de quatro coisas: a sua vida, onde a passou; a sua juventude, onde a passou; a sua riqueza, como a ganhou e onde a gastou, e acerca das suas acções”.
    É devido à sua importância que alguns sábios dizem que o tempo é como o ouro, outros dizem que é como a espada, e outros ainda dizem “o tempo é que é a vida”, pois sem dúvidas que é mais valioso que o ouro e mais afiado que a espada.
    O tempo é o espaço cronológico que começa no nascimento de uma pessoa até à sua morte. Por isso é algo limitado, e uma pessoa tem à sua disposição apenas os anos de vida que Deus lhe destinou. É impossível armazená-lo, assim como também é impossível pará-lo ou apressá-lo, podendo apenas ser gasto na proporção de 60 segundos por cada minuto.
    De facto o tempo de uma pessoa é a sua vida real, e é a fundação para a sua vida eterna no Paraíso ou no Inferno. Passa rapidamente como passam as nuvens!
    Um Santo diz: “Ó filho de Adão! Tu és apenas alguns dias contáveis. Cada vez que se passa um dia, foi-se uma parte de ti, e chegará um dia em que ao ir uma parte do tempo, ir-se-á todo o tempo”.
    Os palpites do nosso coração recordam-nos constantemente que a vida são segundos e minutos. Cada dia, cada hora e cada momento que passam, jamais poderão ser recuperados. Por isso o Profeta Muhammad S.A.W. recomenda-nos a aproveitarmos o nosso tempo dizendo: “Aproveite cinco coisas antes de outras cinco: a tua vida antes de morreres; a tua juventude antes de envelheceres; a tua saúde antes de adoeceres; o teu tempo livre antes de te ocupares; e a tua riqueza antes de empobreceres.
    Tente-se lançar um olhar rápido ao passado, por mais longo que seja, e ver-se-á que tudo se reduz a um único momento, e quando a morte chegar, os anos e as épocas que o Ser Humano viveu encolher-se-ão parecendo que foram alguns momentos que passaram como um relâmpago. Por isso o Al-Qur’án diz:
    “No dia em que depararem com aquilo que lhes foi prometido, pensarão não haver permanecido (no mundo terreno) mais de que uma hora de um só dia”.
    Consta que quando o Anjo da Morte se dirigiu ao profeta Noé para lhe retirar a alma, depois de este ter vivido neste Mundo mais de mil anos (antes e depois do dilúvio), perguntou-lhe como é que ele se estava sentindo ao deixar este Mundo, ao que respondeu: “Todo este tempo que vivi, parece que este Mundo se assemelha a uma casa, em que entrei por uma porta e estou saindo pela outra”.
    Todos nós sabemos que o tempo está passando muito rápidamente, mas não temos noção disso, nem o sentimos, daí ser frequente dizermos: “Quão rápido passou o ano” ou “Quão rápido passou o mês ou a semana”.
    Alguém imigina quanto tempo da nossa vida gastamos nas nossas actividades rotineiras se a vida média do Ser Humano for de 60 anos? Ora vejamos:


Actividades    Tempo gasto em 60 anos
Dormir    20 anos
Ganhar o Pão    9 anos
Comer    4 anos
Leitura    2 anos
Higiene Pessoal    6 meses
Aguardando Transporte    3 meses
Higiene Oral    3 meses
Usando o Elevador    3 meses
No Barbeiro    1 mês
Nos Robôts     1 mês
Atando as fitas dos sapatos    8 dias

Isto é uma estimativa, mas o facto é que o tempo passa rápidamente e não nos dá oportunidade de aproiveitá-lo.
    Podem-se fazer grandes coisas se o Ser Humano souber aproveitá-lo bem, pois o segredo do sucesso e desenvolvimento de muitos povos está no aproveitamento correcto do tempo.
    A productividade de um trabalhador Americano ou Japonês é de longe muito maior que a de um trabalhador de um país do Terceiro Mundo, que raramente ultrapassa 1 hora/dia.
    Um dos benefícios do tempo é a obtenção de grandes vantagens/lucros em pouco tempo. O Profeta Muhammad S.A.W. diz: “Quem fizer o Salat de Al-Fajr (oração ao romper da aurora) e de seguida se mantiver sentado na recordação a Deus até ao raiar do Sol, fazendo de seguida dois “rakats” (ciclos de oração), a sua recompensa será equiparável à recompensa obtida pela performação de Hajj e Um’ra completos. Quanto tempo seria preciso para se performarem estes dois rituais?
    Sem dúvidas que é vantajoso planificarmos o nosso tempo, programando por escrito se necessário, as acções que pretendemos levar a efeito, diária, semanal, mensal ou anualmente, definindo objectivos e traçando prioridades.
A nossa vida passa por muitas fases até ao pico da idade. Consta no Al-Qur’án:
“Foi Deus quem vos criou na fragilidade; Depois transformou a vossa fragilidade em força; Depois transformou a vossa força em fraqueza e cabelos brancos. Ele cria o que Ele quer, e Ele é o Conhecedor, o Poderoso”.
Nasce-se fraco, depois cresce-se e torna-se forte quando jovem, e depois enfraquece-se de novo quando se atinge a velhice. A juventude é a fase mais longa da vida do Homem.
O Profeta Muhammad S.A.W. disse: “As nossas vidas durarão entre os sessenta e os setenta anos, e muito poucos ultrapassarão esse limite”.
Quando se é jovem deve-se aproveitar a força que se tem para edificar boas acções, no estabelecimento de boas relações, e na prática do bem. O facto de a criança desejar atingir essa fase e o velho querer ardentemente voltar a ser jovem, singnifica que essa é a melhor fase da nossa vida.
Para os que já estão para além dessa fase, que se recordem que o tempo de brincadeiras e diversão já lá vai, o tempo de força jamais voltará, não valendo a pena viverem num “mundo de fantasia”. Que sejam realistas e que comecem a preparar-se para a fase seguinte que é a de encontro com o Senhor. Que pratiquem boas acções que  retratarão na posteridade o bom carácter de quem as praticou, pois as boas recordações são como uma segunda vida. Portanto, cada um que aproveite os últimos momentos da sua vida pedindo perdão a Deus de todo o mal praticado, afastando-se da companhia dos insensatos, apegando-se aos justos e piedosos e preparando-se para a sua campa.

 

A L M A D I N A
  O FIM DO JOGO  
Por: Sheikh Aminuddin Mohamad

14.02.2011
 
Semana passada, vários canais televisivos deram-nos a conhecer a euforia por que passava o povo egípcio. Por todo o lado, naquele país do Magreb vimos gente soltando profundos suspiros colectivos. A razão não era para menos, pois decorridos 18 dias de ininterruptas manifestações de protesto, o seu presidente viu-se obrigado a abandonar o poder que ocupava há quase 30 anos.    Assim que se anunciou a sua retirada começaram os festejos.
    Foi a manifestação de grande alegria, não só para os egípcios, mas para todos os árabes     e muçulmanos em geral. Algo que há muito não era visto. Todo o mundo árabe e isslâmico festejou a queda do ditador.
    De salientar que o Egipto ocupa um lugar muito especial no mundo árabe e isslâmico, e até mesmo nos corações de todos os muçulmanos. Aliás, até mesmo na história das religiões monoteístas como a judaica, a cristã e a isslâmica. Os próprios egípcios dizem orgulhosamente que “O Egipto é a Mãe do Mundo”.
Portanto, o que lá acontece não se vai limitar àquele país, pois terá impacto no Mundo em geral e no mundo isslâmico em particular, se considerarmos que os muçulmanos, independentemente da sua cor, região e etnia, formam um único corpo, e todos são irmãos. A dor ou a felicidade de um, é a dor e felicidade de outro. O muçulmano que não se preocupa com os assuntos dos outros muçulmanos não é um verdadeiro muçulmano. Foi sempre assim. A divisão em várias nacionalidades na base da cor, raça e língua, são coisas alheias ao Isslam, e tal resulta de uma conspiração para os dividir e assim ser mais fácil subjugá-los.
O povo egípcio, com essa sua revolução, escreveu uma nova página na história do Mundo. Não só se libertou a si próprio como também libertou muitos outros povos que estão na mesma situação. Transmitiu a mensagem de que afinal, um povo unido jamais pode ser vencido, podendo derrubar ditadores, e que por mais longa que seja a injustiça, um dia ela terá o seu fim, pois o romper da aurora é certo, por mais longa que seja a noite.
Foi um acontecimento histórico e uma inspiração para a Humanidade. Com isso, o povo egípcio recordou ao Mundo que as pessoas  têm valor, e o prestígio humano não pode ser ignorado, recusado, nem marginalizado.
Os últimos acontecimentos no Egipto são uma repetição da história, pois há cerca de 60 anos o rei Farouq, que então reinava no Egipto, também foi forçado por este tipo de revolta popular, abdicar do poder e a abandonar o país, embora ele fosse ainda jovem. Mas é de admirar como o presidente deposto, com mais de 80 anos, continuava grudado ao poder, não querendo resignar, senão pela for¬ça das manifestações.
Quão mau é para um presidente, ser recordado como o “presidente deposto” e não como seria de desejar, como um “ex-presidente”.
Este tipo de acontecimentos, confirmam também o princípio alqorânico que diz que “é o fim que determina o sucesso e o falhanço de cada coisa”. Se o fim for bom, então tudo está bem. Porém, se o fim for mau, por muito boas que sejam as acções que a pessoa tenha praticado, ele sempre será visto como um mau elemento. Será odiado, amaldiçoado, e condenado para sempre.
    Antigamente as revoluções levavam meses ou anos a acontecerem, mas hoje, devido ao avanço tecnológico tudo está acelerado. Com as modernas tecnologias de informação, através da internet, do face-book, do twiter e até da simples sms, tornou-se mais fácil acelerar a queda do tirano mais déspota. E não só, pois as novas tecnologias dão até a oportunidade de todo o Mundo acompanhar e demonstrar a sua solidariedade para com os oprimidos.
Como é que os ditadores ignoram estes factos quando chegam ao poder? Quantos déspotas tiveram destino semelhante e um mau fim, uns morrendo às mãos do povo que oprimiram, e outros que foram obrigados a fugir?
São exemplos disso Marcelo Caetano (Portugal), Samuel Doe (Libéria), Nicolai Ceaucescu (Roménia), Shah Muhammad Reza Pahlevi (Irão) Idi Amin Dada (Uganda), Mobutu Sese Seku (Zaire), Saddam Hussein (Iraq), Zine-Al-Abdin Ben Ali (Tunísia) e agora Hosni Mubarak?
    Quão mau é o fim dos ditadores! Quão vergonhoso e humilhante isso é, para alguém que governa um país,  e se arroga o direito de intitular dono desse país, fazendo e desfazendo como quiser, para no fim, ter que ser corrido como um canídeo e nem ter sequer a honra de ser sepultado na terra que alguma vez serviu.
Mas porque o poder embriaga, muitos, quando lá chegam, têm enormes dificuldades de virar a cabeça e olhar para baixo.
Não se pode menosprezar a vontade de um povo, pois este é a fonte do poder, e a maior legalidade jurídica acima da legalidade constitucional. O povo é a força. Não é por acaso que se diz: governo do povo, pelo povo, e para o povo.
Quando Deus concede o poder a qualquer pessoa, esta deve governar de forma justa, tratando bem o seu povo, pois só assim este terá boas recordações do seu líder e se sentirá  nostálgico quando ele se retirar.
Um dos exemplos vivos nos nossos tempos é o do Grande Herói, Nelson Mandela, que governou o seu país durante um único mandato, e depois retirou-se voluntariamente, granjeando assim amor, admiração e afeição, não só do seu povo, mas de todo o Mundo.
A política de ódio, rancor e vingança só deixa más recordações e nunca saudades. É de admirar que o Ocidente apoie os ditadores e tiranos no mundo isslâmico, em detrimento dos seus povos. Ditadores e tiranos que promovem a corrupção, a pobreza, a opressão, o autoritarismo, etc. Eles deviam apoiar o povo e não os ditadores.
Se nas democracias ocidentais não é permissível que um presidente concorra a mais que dois mandatos, por que razão esses mesmos países, em nome de uma pseudo-democracia apoiam governos tiranos que permanecem no poder por décadas, declarando-se alguns deles presidentes vitalícios?
Isso não é democracia, mas sim hipocrisia. E se alguém contesta esse tipo de sistema  ditatorial e tirânico, atibuem-lhe epítetos como fundamentalista e terrorista.
Com isso provou-se que não há nenhum  país verdadeiramente isslâmico, pois esses regimes estão ao serviço de interesses estranhos, e com apoio de países estrangeiros aplicam todo o tipo de brutalidade, fraude nas eleições, corrupção, injustiça, maus tratos contra os seus próprios povos, transmitindo assim uma imagem muito negativa da religião isslâmica, quando a atitude desses ditadores e tirannos não têm nada a ver com o Isslam e com os sus nobres ensinamentos, pois esta religião valoriza e respeita o Homem e a sua honra, independentemente da sua religião, côr, tribo, etc., e defende a democracia genuina e a justiça social.
Os ditadores que saibam que o poder absoluto pertence apenas a Deus e que ninguém é eterno. Onde é que estão o Faraó Ramsés II, o Führer Hitler, o N’Guazi Kamuzu Banda, o Duche Mussoline, etc.?
Deste evento os ditadores devem aprender uma outra lição. Devem aprender a dar ouvidos ao grito dos seus povos e não fingirem de surdos perante as suas vozes, nem cegos perante as necessidades do povo.
Enquanto o povo egípcio está neste momento festejando com ódio e rancor a saída do seu presidente, aqui ao lado, na vizinha África do Sul, o povo, devido ao amor que nutre pelo seu ex-presidente Nelson Mandela, nem sequer dá ouvidos às noticias preocupantes referentes ao seu estado de saúde.
Os ditadores, não querendo abandonar o poder, de tão arraigados que estão a este, esquecem-se que, se alguém fosse eterno no poder, jamais teriam alcançado esse poder, pois os primeiros jamais o teriam abandonado.
Causa admiração que um presidente se torne num ditador, especialmente num país como o Egipto, onde ainda se encontra conservado no Museu Nacional, o corpo do grande tirano e ditador que foi o Faraó Ramsés II, que reivindicava não só a eternidade como também a divindade. Deus conservou o seu corpo, precisamente para servir de lição a todos os arrogantes, ditadores e tiranos.
O mais irónico em tudo isto é que, enquanto algum ditador está no poder, todos à sua volta o veneram, e quase o adoram, mas assim que é derrubado, todos os oportunistas, não só se dispersam como começam a criticá-lo, a amaldiçoá-lo, a divulgar a sua pulhice enfim, é tipicamente o ambiente do Inferno. Chegam a esquecer-se de qualquer bem que ele tenha feito.
Se todos os tiranos soubessem que um dia terão que prestar contas das suas acções aqui na Terra e também perante Deus no Outro Mundo, talvez se abstivessem de praticar tanta brutalidade contra os seus povos.
Nós respeitamos a vontade e a escolha dos povos irmãos da Tunisia e do Egipto, e desejamos-lhes boa sorte, sucessos e bem estar. Desejamos igualment boa sorte, sucessos e bem estar a todos os povos oprimidos do Mundo.
Oramos para que não tenha sido em vão o sangue derramado dos jovens mártires em toda esta jornada.