O Islam e a Luta Contra a Discriminação Racial (Bilal bin Rabah)

O Islam e a Luta Contra a Discriminação Racial (Bilal bin Rabah)

O Islam e a Luta Contra a Discriminação Racial
(Bilal bin Rabah)

الإسلام ومكافحة التمييز العنصري باللغة البرتغالية
قصة بلال إبن رباح رضي الله عنه

Abd Ar-Rahman bin Abd Al-Kareem Al-Sheha
د.عبد الرحمن بن عبد الكريم الشيحة

Traduzido para a Lingua Portuguesa por:
EUROPEAN ISLAMIC RESEARCH CENTER (EIRC)
المركز الأوروبي للدراسات الإسلامية
& Samir El Hayek
Revisão Ali Momade Ali Atumane

 
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Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso.
Em uma época dominada pela ignorância e Lei da selva, onde o forte comia o fraco; ídolos eram adorados; a carniça era consumida; as imoralidades eram cometidas; os laços de parentesco eram cortados; a discriminação racial era comum; as pessoas se dividiam em classes sociais, cada uma com suas características e alegadas distinções; Os fracos eram explorados pelos fortes; os ricos exploravam os pobres e as pessoas escravizavam umas às outras; com a vinda do Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) foram iluminados pela sua missão e revelação divida que se espalhou como fogo em palha, invertendo os padrões prevalecentes naquela época. Foi à missão que se chocou com os caprichos e os desejos de muitos. Foram enfrentados por isso, todos aqueles que eram governantes injustos, usurpadores da riqueza do povo. Isso aconteceu porque o Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) trouxe a Lei da unicidade, que apela a libertação do ser humano da servidão para além de Deus. Seu resultado foi a libertação da alma humana de todo o controle tirano ou da servidão; a Lei cujo os princípios constituem a luta contra a ignorância e a proibição da imoralidade oculta ou abertamente; a Lei que proíbe a injustiça, a opressão e que eliminou todas as divisões de classe que prevaleciam na comunidade com base na diferença de cor, sexo e raça; a Lei que coloca o ser humano no seu devido lugar, de acordo com a vontade de Deus, que é honra-lo e salva-lo da humilhação imposta por aqueles que tornam as pessoas escravas e servas, restituindo-lhe os seus direitos usurpados pelos sugadores de sangue.
 Antes da Missão do Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) O ser humano adorava outros seres humanos ou estátuas de pedra ou madeira entalhada e escravizava o seu irmão, utilizando sistemas injustos - quer financeiro ou social - explorava ao máximo o seu empenho e a sua dignidade, furtava o suar de seu rosto. O Islão lutou contra todos os sistemas injustos que dividiam a sociedade em classes sociais. O Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz), veio e disse: "Ó povo, o vosso Senhor é Um só, o vosso pai é um e não há superioridade do árabe sobre o não árabe, nem do não árabe sobre o árabe, nem do vermelho sobre o negro, nem do negro sobre o vermelho, a não ser pela piedade e temor a Deus."
Os livros sagrados dos hinduístas brâmanes admitiam a valorização entre as pessoas de acordo com a classe e a origem. Citavam que Brâman criou a classe dos brâmanes da boca e criou o grupo Kṣatrya de seu braço, de suas coxas a Vaiśya e dos pés nasceu o Śūdra. Seus livros dividiam as funções sociais entre essas camadas, onde tornaram os mais detestáveis, impuros e degenerados de sua coxa e seus pés a camada desprezível, que só assume os trabalhos servis e que foram criados para servir aos brâmanes.
Os antigos gregos e romanos pensavam que eram povos criados a partir dos elementos diferentes do que as outras pessoas, a quem denominavam de bárbaros. Expressava esta grande distinção o maior dentre seus filósofos, Aristóteles, onde admitia:  “Os deuses criaram dois tipos” de pessoas: o tipo a quem forneceu mente e vontade, que é o tipo grego que foi criado com essa característica perfeita para ser seu sucessor na terra e mestre dos outros seres humanos; e o tipo a quem forneceu apenas força física e o que diz respeito diretamente ao corpo e estes são os bárbaros – ou seja, os que não são gregos – os deuses os criaram nessa forma incompleta para que seus membros sejam escravos para a espécie escolhida.
Os judeus e os cristãos, antes do islão, se viam como o povo escolhido de Deus, com posição e status privados distintos do resto dos seres humanos. Viam-se como elementos diferentes, desta forma consideravam os outros como plebeus de acordo com a sua raça. Davam-lhes o nome de gentios, termo utilizado para os não judeus, que significa infiéis, pagãos e impuros...! Com esta alegação, os judeus e os cristãos afirmavam que merecem a escravização e a exploração dos outros, porque são pessoas desprezíveis, de acordo com a primeira criação. Deus, Exaltado Seja, mostra isso no Alcorão Sagrado, dizendo: "Entre os adeptos do Livro há alguns a quem podes confiar um quintal de ouro, que to devolverão intacto; também há os que, se lhes confiares um só dinar, não to restituirão, a menos que a isso os obrigues. Isto, porque dizem: Nada devemos aos iletrados. E forjam mentiras acerca de Allah, conscientemente."  
Ibn Kacír afirma em seu comentário sobre este versículo: "O que os levou a negação da verdade é o fato de dizerem: A nossa religiao não nos condena se tomarmos os bens dos árabes iletrados, pois Allah permitiu-os para nós”.
Eles observam os outros povos com visão de inferioridade. Pois afirmam que Deus criou o resto dos povos para serem servos dos judeus. Deus, Exaltado Seja, revelou a verdade sobre eles, e que todas as criaturas são iguais, sem diferença entre eles e o que dizem não passa de seus meros desejos: "Os judeus e os cristãos dizem: Somos os filhos de Allah e os Seus preferidos. Dize-lhes: Por que, então, Ele vos castiga por vossos pecados? Qual! Sois tão-somente seres humanos como os outros! Ele perdoa a quem Lhe apraz e castiga a quem quer. Só a Allah pertence o Reino dos céus e da terra e tudo quanto há entre ambos, e para Ele será o retorno."
Os árabes, também, na época pré-islamica se consideravam pessoas perfeitas humanamente, e os outros, a quem denominavam, consideravam de povos inferiores, humanamente imperfeitos. O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) mostrou as crenças erradas e o pensamento equivocado. Pois, suas palavras se tornaram a luz orientadora em relação a maneira de respeitar os outros, sem desprezá-los, com base nos ensinamentos da Lei islâmica, que veio para substituir o sistema de classes e suas distinções. Ibn Ômar (que Deus esteja satisfeito com ele) relatou que o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: "Sonhei com muitas ovelhas pretas se misturando com muitas ovelhas brancas". Perguntaram-lhe: “Como você explica isso, ó Mensageiro de Deus?” Ele disse: "Os persas participarão de sua religião e parentesco." Eles disseram: “Ó Mensageiro de Deus, os persas!” Ele disse: "Se a fé fosse pendurada nas Plêiades (estrela) alcançariam nela alguns homens dos persas e as pessoas os felicitariam por isso."
As pessoas são como metais e os seres humanos têm características que Deus lhes destinou como a natureza humana, não como base na criação e origem. Certamente, a perfeição pertence a Deus, Exaltado Seja, e a imperfeição e o defeito são características do filho de Adão, com excessão dos profetas e dos mensageiros (a paz esteja com eles). Esses ensinamentos influenciaram os corações dos muçulmanos e começaram a ser justos com os outros, relacionando-se com eles de acordo com esses ensinamentos. O Musaurid Al Kurachi, enquanto estava na companhia de ‘Amr Ibn Al-‘Aas  relatou que ouviu o Mensageiro de Allah (Deus o abençoe e lhe dê paz) dizer: "A hora do Juízo Final acontecerá com os européus mais numerosos entre as pessoas.", ‘Amr disse-lhe: “Tem certeza do que está dizendo?” Ele disse: “Digo o que ouvi do Mensageiro de Allah (Deus o abençoe e lhe dê paz)”. ‘Amr disse: “A explicação ao que você disse é que eles possuem quatro virtudes: São as pessoas mais sábias perante as intrigas; as mais despertas após o desastre; as mais rápidas em reagir após a derrota; são os que melhor tratam o necessitado, o órfão e os fracos; e uma bela virtude como quinta: seus governantes não são injustos com eles.”  
O Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) veio para abolir o detestável sistema de classes. Por isso, a liberdade faz parte dos princípios da Chari’a, a liberdade absoluta de todos os seres humanos, de acordo com as diretrizes da Chari’a aplicada pelos califas que o sucederam. Eles não faziam distinção entre o governador e o governado, entre o rico e o pobre. Anas (que Allah esteja satisfeito com ele) relatou que um homem do povo do Egito, foi ter com Ômar ibn al-Khattab e se queixou: “Ó Emir dos Crentes, peço refúgio em você da injustiça”.
Ômar perguntou: “Refugiar-se de quê!”
Ele disse: “Apostei uma corrida com o filho de 'Amr ibn al-‘Aas - era o governante do Egito, nomeado por Ômar – e ganhei a corrida. Ele começou a me bater com um chicote, e a afirmar: sou filho de honrados!”
Ômar escreveu para ‘Amr ibn al-‘Aas ordenando-o para comparecer acompanhado pelo filho; ambos se fizeram presente diante Ômar.
Ômar perguntou: “Onde está o egípcio?” ordenou-o a pegar no chicote e bater no filho de ‘Amr ibn al-‘Aas. O egípcio começou a batê-lo, e Ômar dizendo: “Bate no filho de honrados.”
Anas disse: “Ele bateu e a gente estava gostando do castigo. Bateu tanto que desejamos que ele parasse”.
Então, Ômar disse ao egípcio: “Coloque o chicote na careca (cabeça) de ‘Amr”.
O egípcio disse: “Ó Emir dos Crentes, foi o filho dele que me bateu e eu já me vinguei dele”.
Ômar disse: “Como escravizam as pessoas, se suas mães as geraram livres?”
Ele disse: “Ó Emir dos Crentes: Eu não sabia e fui ensinado." (Ibn Abd Al Hakam).
Assim como advoga a igualdade social entre todos os seres humanos e coloca-os na condição horizontal em posição e em status, independentemente de todas suas diferenças e distinções. Todos eles são iguais, na origem da humanidade e na criação tanto homens como mulheres, brancos e negros, árabes e não árabes, são regras estabelecidas pelo Alcorão e enfatizadas em viva voz, pregadas pelo Mensageiro de Deus. Deus diz: "Ó humanos, temei a vosso Senhor, que vos criou de um só ser, do qual criou a sua companheira e, de ambos, fez descender inúmeros homens e mulheres. Temei a Allah, em nome do Qual exigis os vossos direitos mútuos e reverenciai os laços de parentesco."
A origem humana e a sua criação é uma só, tem uma só fonte: do Adão (a paz esteja com ele), como o nosso Senhor, Bendito e Exaltado Seja, diz: "O exemplo de Jesus, ante Allah, é idêntico ao de Adão, que Ele criou do pó; então lhe disse: Seja! e foi."
 Em seguida, tornou isso uma fonte de multiplicação na terra. Deus diz: "Entre os Seus sinais está o de haver-vos criado do pó; e eis que, sois seres que se espalham (pelo globo)."
Todas as pessoas descendem do mesmo pai e mãe, e não há preferência de um sobre o outro, por causa da raça e da origem; o primeiro ser humano que Deus, Glorificado e Exaltado Seja, criou foi Adão (a paz esteja com ele) o pai de todos os seres humanos. Então, criou dele a esposa, Eva, a mãe da humanidade, e dos ambos estabeleceu a reprodução humana, até o dia que Deus determinar o fim de todas as criaturas, com o acontecimento da Hora do Juízo Final. Por que alguns têm orgulho sobre outros, alguns humilham outros, alguns escravizam outros e alguns desprezam outros, quando todos tem a mesma origem? O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: "Deus, Exaltado Seja, livrou-vos da arrogância da época pré-islâmica; o orgulho pelos pais, crentes piedosos, criminosos imorais, quando as pessoas descendem de Adão e este foi criado do pó".
E Deus diz: "A princípio, os humanos formavam uma só comunidade; então, dividiram-se. Porém, se não tivesse sido por uma palavra proferida por teu Senhor, ter-se-iam destruído, por causa de suas divergências."
Todos os seres humanos que existiram e irão existir, pertencem a mesma origem e criação, no principio professavam uma única religião e uma única língua. Com o aumento de seu número se dispersaram pela terra e se espalharam em todas as partes. Foi uma consequência inevitável, que dessa dispersão e espalhamento surgissem diferentes línguas, cores, e fisionomias, como resultado inevitável do impacto do meio-ambiente sobre eles. Essa diferença resultou também em diferentes modos de pensar, estilo de vida, bem como de crenças. Por isso, Deus enviou os Mensageiros a eles para que voltassem para a origem e para a fonte original, que é a adoração a um Único Deus, sem parceiro; Deus diz: "Em verdade, enviamos para cada povo um mensageiro (com a ordem): Adorai a Allah e afastai-vos do sedutor! Porém, houve entre eles quem Allah encaminhou, e houve aqueles que mereceram ser desviados. Percorrei, pois, a terra, e observai qual foi a sorte dos desmentidores."
O Islam não se preocupa com as características das pessoas... Porque o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe de paz) disse: "Há muitos indivíduos que aparentam estar muito perturbados, com cabelos eriçados e rostos empoirados, as pessoas evitam olhá-los; todavia, se dissessem (pedindo algo) em nome de Deus, seu pedido seria satisfeito."
Ele (Deus o abençoe e lhe de paz) também disse: "Há muitos indivíduos que aparentam estar muito perturbados, com cabelos eriçados e rostos cavernosos, sendo desdenhosamente escorraçados das portas das pessoas; todavia, se dissessem (pedindo algo) em nome de Deus, seu pedido seria satisfeito"
Uma vez que existem pessoas que se aproveitam desta diferença na cor, raça ou sexo para promover o seu sistema de classe detestável, a lei islâmica cortou-lhes o caminho. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) explicou a causa das diferentes cores dos filhos de Adão, os seus humores e suas naturezas, ele disse: "Deus Todo-Poderoso criou Adão de um punhado que Ele tomou de toda a terra, aí vieram os filhos de Adão na terra como vermelhos, pretos, brancos, amarelos, e entre eles o fácil, o triste, o maligno e o bom".
 Todas as pessoas, independentemente de suas raças, cores, língua, pátria, estão em pé de igualdade. Todos diante de Deus são iguais, a não ser em uma coisa que origina a diferenciação e a distinção entre eles, ou seja, o seu afastamento ou aproximação do cumprimento da Lei de Deus e o que eles oferecem de boas ações e reformas para eles mesmos e para sua comunidade. Deus diz: "Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Allah, é o mais temente. Sabei que Allah é Sapientíssimo e está bem inteirado."
Deus tornou-os povos e tribos, não para favorecer um povo sobre o outro ou tribo sobre a outra, mas fez a divisão para ser um meio para relacionamento entre vocês e para a distinção entre vocês, como é o caso dos indivíduos cada um carregando um nome para ser conhecido com ele e ser distinto dos outros.
E Deus diz: "Enobrecemos os filhos de Adão e os conduzimos pela terra e pelo mar; agraciamo-los com todo o bem, e os preferimos enormemente sobre a maior parte de tudo quanto criamos."
Este enobrecimento é geral para todos os seres humanos, sem exceção, não especificou uma raça sobre a outra, ou grupo sobre outro.
Deus, Bendito e Exaltado Seja, diz: "Ele foi Quem vos designou legatários na terra e vos elevou uns sobre outros, em hierarquia..."
Todos os seres humanos, sem exceção, foram criados para a adoração de Deus e a habitação do universo, cumprindo o dever de sucessão, que o Glorificado e Exaltado Seja mostrou neste versículo. Porém, criou a desigualdade e diversidade entre eles nos meios de subsistência, na ética, na bela aparência, na estética e na cor da pele, e não na origem e na criação, como Deus, Exaltado Seja, mostra, dizendo: "Nós distribuímos entre eles o seu sustento, na vida terrena, e exaltamos uns sobre outros, em graus, para que uns submetam os outros."
Com base nessa igualdade adotada pelo Islam de serem seres humanos, sem exceção, são iguais em:
• Proteger os legítimos direitos de cada ser humano, independentemente de sexo, raça e cor, e desfrutar da liberdade pela religião que a retira a bestialidade da liberdade absoluta que o mundo civilizado de hoje sente os seus amargos resultados, incluindo o legado das comunidades que começa a declinar e cair através da maioria de membros que desconhecem os pais por causa da propagação de vícios, de prisões repletas de criminosos devido a questões morais, financeiras, sociais e etc. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: "Ó povo, o vosso Senhor é Um só, o vosso pai é um e não há superioridade do árabe sobre o não árabe, e deste sobre o árabe, nem do vermelho sobre o negro, nem do negro sobre o vermelho a não ser pela piedade e temor a Deus."
• Todas as pessoas são iguais perante os tribunais, não existe discriminação por causa do sexo, raça, cor; Deus diz: "Allah manda restituirdes ao seu dono o que vos está confiado; quando julgardes entre as pessoas, fazei-o com equidade. Quão excelente é isso a que Allah vos exorta! Ele é Oniouvinte, Onividente."
O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: "Ó povo, o que levou os povos anteriores a vós à perdição e destruição foi o fato de que deixavam livre o nobre que roubava, ao passo que condenavam o destituído, quando roubasse. Juro por Deus que se a Fátima, a própria filha de Mohammad, tivesse roubado, cortaria a mão dela!"
• Bem como são iguais em termos de responsabilidade, recompensa e arrependimento. Deus, Exaltado Seja, diz: "Quem tiver feito o bem, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á. E quem tiver feito o mal, quer seja do peso de um átomo, vê-lo-á."
• Bem como tem direitos iguais quanto à dignidade humana. Ninguém pode ser injuriado por causa da cor, raça, doutrina ou crença; Deus, Exaltado Seja, diz: "Não injurieis o que invocam, em vez de Allah, que eles, em sua ignorância, injuriem iniquamente a Allah. Assim, abrilhantamos as ações de cada povo; logo, seu retorno será ao seu Senhor, que os inteirará de tudo quanto tiverem feito."
• Bem como são iguais quanto à santidade do sangue, dos bens e da honra. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: "... O vosso sangue, os vossos bens e a vossa honra são sagrados como o é este vosso dia de hoje, este mês e esta vossa cidade. Que o presente comunique ao ausente pode ser que o ausente seja mais ciente do que o presente."
• Bem como são iguais em assumir a liderança na sociedade edificada com base no mérito, na competência e na eficiência. Adi Al Quindi relatou que o Mensageiro de Allah (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: "Ó gente, a quem designamos de vocês para um trabalho e ocultar dele uma agulha ou linha, ou algo semelhante, ou maior, é um ladrão ou traidor. Comparecerá no Dia da Ressurreição, denunciado." Um negro dos Ansar disse: aceita de mim a sua designação, ó Mensageiro de Deus!” O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) perguntou: "O que o levou a dizer isso?" Respondeu: “Eu o ouvi falar da punição de quem tirar algo do trabalho, e nada está livre de defeito.” Ele disse: "Eu confirmo agora de que quem empregamos em um trabalho e foi-lhe dado algo pequeno ou grande, que pegue, e o que lhe é proibido que não pegue."
• São iguais na utilização do que Deus colocou de concessões; Deus diz: "Ó humanos, desfrutai de todo o lícito e do que a terra contém de salutar, e não sigais os passos de Satanás, porque é vosso inimigo declarado."
• São iguais, também na adoração a Deus, sem atribuir-Lhe nenhum parceiro. O Islam veio para todos, independentemente de suas cores, raças e etnias, todos são servos de Deus. Ele, Exaltado Seja, diz: "Ó humanos, adorai ao vosso Senhor, Que vos criou, bem como aos vossos antepassados, quiçá assim tornar-vos-íeis virtuosos."
Certamente, a lei de Deus que o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) trouxe cancelou tudo que causa a odiosa intolerância racial ou coisa semelhante. Wá’ila Ibn Al Asca’ relatou: “Perguntei ao Mensageiro de Deus: que é o fanatismo?” Ele respondeu: “Ajudar seu povo a cometer injustica.”
A lealdade e a inimizade devem ser por causa da religião, não por causa do chauvinismo. O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: "Quem lutar sob a bandeira cega, sem ver o certo do errado, luta por fanatismo e se irrita por fanatismo, ele mata por ignorância e desorientação."
A escala no Islan não é ascendência ou descendência. O Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe de paz) demonstrou carinho e amor por Suhaib, o romano e por Salman, o persa, e pelo Bilal Ibn Rabah, o etíope, informando-os de que serão dos habitantes do Paraíso.
Ao mesmo tempo, o Profeta Mohammad demonstrou ódio, desgosto e inimizade pelo tio Abu Lahab, a respeito do qual o Alcorão revelou o que é recitado até o Dia da Ressurreição, prometendo-lhe grave castigo. Deus, Exaltado Seja, diz: "Que pereça o poder de Abu Láhab e que ele pereça também! De nada lhe valerão os seus bens, nem tudo quanto lucrou. Entrará no fogo flamígero,"
Vemos no Alcorão Sagrado a constituição dos primeiros muçulmanos, revelada para todas as pessoas por Luqman o prudente, o escravo negro abissínio que Deus lhe proporcionou sabedoria, no nome do qual foi revelada uma Surata inteira elogiando-o, citando o seu mérito, juntamente com muitas das grandes Suratas do Alcorão, que foram denominadas com os nomes de alguns mensageiros e profetas de Deus, dos verazes puros, como a Surata de Noé, de Abraão, da Família de Imran, de Maria, de José, de Jonas, de Mohammad e etc. Os muçulmanos os recitam em suas orações de manhã e à noite, isso para completar o estabelecimento do princípio de igualdade de todos os seres humanos nos corações dos muçulmanos e continuar presente em suas mentes.
A Abissínia é uma terra africana predominantemente de negros. O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) ordenou os seus companheiros, no início de sua missão, quando os coraixitas começaram a perseguir e torturar seus seguidores a migrar para lá, e disse-lhes: "Na terra da Abissínia há um reino em que ninguém é oprimido. Vão para essa terra até que Deus lhes proporcione um alívio e uma saída do que vocês estão passando."
Quando o rei Negus morreu, o Mensageiro de Deus (S) disse: “Orem por ele.” Eles perguntaram: “Ó Mensageiro de Deus, oramos por um negro abissínio (ou seja, não muçulmano)!? Allah, Exaltado Seja, revelou: "Entre os adeptos do Livro há aqueles que creem em Allah, no que vos foi revelado, assim como no que lhes foi revelado, humilhando-se perante Allah; não negociam os versículos de Allah a vil preço."
O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: "Orem por perdão de Deus para o seu irmão." Ele os alinhou no local da oração, e repetiu ‘Deus é Maior’ quatro vezes.  
O princípio da igualdade no Islam não era mero desejo e tradições narradas pelo Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz), mas aplicava-os na prática. Eis o Ussama Ibn Zaid, o servo liberto por Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz), negro, de nariz arrebitado, era levado pelo Profeta pegava-o junto com o Hassan, filho de sua filha Fátima (que Deus esteja satisfeito com ela) e dizia: “Ó Deus, ame-os, pois eu os amo."
Aicha (que Deus esteja satisfeito com ela), esposa do Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz), disse: “Não é permissível a ninguém odiar Ussama depois que ouvi o Mensageiro de Deus dizendo: “Quem ama Allah e o Seu Mensageiro, que ame Ussama.”
Ele também disse: "Quem me ama, que ame Ussama.”
O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) acompanhava as palavras com a ação. Aicha relatou que o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) queria limpar o muco nasal de Ussama. Disse-lhe: “Deixe que eu o faça”. Ele disse: "Ó Aicha, ame-o que eu o amo.”
O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) fez do negro escravo liberto, comandante do exército muçulmano para combater os romanos, líder de exército em que estavam os companheiros mais velhos e os mais honrados. Alguns companheiros acharam que aquilo era demais para Ussama e falaram a respeito. Quando o Profeta foi informado do caso, subiu ao púlpito, louvou a Deus, em seguida, elogiou-O e disse: "Não é de admirar que vocês agora contestem a liderança (de Ussama), pois contestaram antes a liderança de seu pai (Zaid ibn Háritha). Por Deus, seu pai, que foi uma das pessoas mais queridas para mim, foi bastante eficiente para a liderança, e este seu filho é uma das pessoas mais queridas por mim depois de seu pai."
O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) faleceu antes que o Exército de Ussama se movesse para combater os romanos, e contava com Abu Bakr (que Allah esteja satisfeito com ele) o califa que sucedeu o Mensageiro de Deus, que insistiu em cumprir a ordem do Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz). Ômar Ibn Khattab (que Deus esteja satisfeito com ele) disse-lhe: “Os Ansar acham que deve assumir a liderança do exército alguém mais velho que Ussama. Abu Bakr se irritou e disse: “Que sua mãe o perca, ó filho do Khattab, o Mensageiro de Deus o nomeou e você me pede para exonerá-lo”? Por Aquele em Cujas Mãos está a minha alma, se os leões fossem a me sequestrar, eu executaria o envio de Ussama.”
O jovem líder negro, Ussama, sai de Madina com seu exército, despedindo-se e sai com ele o Abu Bakr, enquanto Ussama estava montando em seu cavalo, Abu Bakr estava caminhando. Ussama se envergonha desta situação, e diz para Abu Bakr: “Ó Califa do Mensageiro de Deus, por Deus, monte, ou eu desmonto.” Abu Bakr disse: “Por Deus, não monto, e por Deus, você não desmonta. Não deveria eu empoirar os meus pés uma hora pela causa de Deus!”
Então Abu Bakr pediu a Ussaama para que Ômar permanecesse com ele em Madina para ajudá-lo na questão do governo, dando o maior exemplo de pedir permissão do líder, não importa quão jovem ele é.
O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) iniciou o estabelecimento desses nobres princípios da igualdade nele pessoalmente. Ele (Deus o abençoe e lhe dê paz) pertencia à mais nobre das ascendências, seu clã era o mais nobre, sua tribo a mais preferida entre os árabes, cuja posição ninguém rivalizava. No entanto, ele (Deus o abençoe e lhe dê paz) dizia: "Não me exaltem como os cristãos exaltaram o filho de Maria, mas dizem, servo. de Deus e Seu Mensageiro".
O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz), apesar de sua posição, ascendência e nobreza, casou a sua prima, Zainab Bint Jahch de seu servo liberto, Zaid.
O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) fazia o que podia para estabelecer estes nobres princípios da lei islâmica nos corações dos seus seguidores, inspecionado suas condições, interessando-se por eles, sem distinção entre eles. Abu Huraira (que Deus esteja satisfeito com ele) relatou que uma mulher negra ou um jovem negro limpava a mesquita. O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) sentiu a falta dele ou dela. Então perguntou por ele ou ela. Disseram-lhe: “Morreu.” Ele disse: "Vocês deveriam me informar”, como se eles não se importassem com ele ou ela. O Profeta disse: "Mostrem-me a sua sepultura". Quando a indicaram, orou por ela, e então disse: "Estas sepulturas estão cheias de escuridão para os seus ocupantes, e Deus, Exaltado Seja, ilumina-as com a minha oração por eles"
São situações que afetavam o Profeta mesmo no seu ascetismo em relação a este mundo sem distinção em suas concessões e prestações de acordo com a cor ou o sexo. Hakim Ibn Hizam diisse: “O Profeta Mohammad era a pessoa a quem mais amava na época pré-islâmica. Quando anunciou a sua profecia e foi para Madina, Hakim Ibn Hizam saiu na temporada da peregrinação e encontrou uma veste de peregrino que pertencia a Zi Yazin (um dos reis do Iêmen), sendo vendida por cinquenta Dirhams. Ele a comprou para dá-la de presente ao Mensageiro de Deus. Levou para o Profeta e quis que a aceitasse como presente. O Profeta recusou recebê-la. Ubaidullah disse que o ouviu dizer: "Nós não aceitamos presentes dos idólatras, só a aceitamos, pagando o preço dela.” Eu dei-lhe a veste e recebi o preço dela. Quando foi para Madina, o Profeta a vestiu e eu o vi com ela quando estava no púlpito e não vi nada melhor do que ele vestindo-a naquele dia. Em seguida, deu-a a Ussama. Hakim viu Ussama vestido com ela, e disse-lhe: “Ó Ussama, você está usando a veste de Zi Yazin?” Ele disse: “Sim, eu sou melhor do que Zi Yazin e o meu pai é melhor do que o pai dele, e minha mãe é melhor do que a mãe dele”.
O que o fez declarar isso? É o Islam que igualou entre todos os seres humanos, independentemente de raça e de cor, dando-lhes os direitos, entre os quais está a liberdade de expressão que lhes era negada anteriormente.
O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) sentava com seus amigos e conversava com eles, brincava com eles e perguntava sobre suas vidas, ouvia suas queixas e corrigia o que contradiz os ensinamentos da religião do Islam em suas ações efetivas e falas, especialmente o que possuia de escârneo ou derrogação a terceiros. Al Ma’rur Ibn Suwaid relatou: “Vi que Abu Zar (que Allah esteja satisfeito com ele) vestia um traje, e que também seu servo usava uma vestimenta semelhante. Perguntei-lhe sobre o fato, e me explicou que nos dias do Profeta, ele havia tido uma altercação com um homem que ele tinha insultado, fazendo alusão à sua mãe (porque sua mãe era negra). Como consequência, o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) lhe disse: ‘Eis que ainda permanecem resquícios da ignorância (cultura pré-islâmica) em tua conduta. Os servos são teus irmãos, os quais Deus, o Supremo, pôs sob tua autoridade. Por conseguinte, uma pessoa que tem um irmão sob sua autoridade deve alimentá-lo do mesmo que come, e deve vesti-lo com o mesmo tipo de roupa que ele (custódio) veste; não deve designar-lhe um trabalho que esteja além da sua capacidade; e, se assim o fizer, deverá ajudá-lo nesse trabalho. ’”
Eis o Bilal Ibn Rabah (que Allah esteja satisfeito com ele), um escravo abissínio negro que não tinha a posição elevada e o status elevado que ele alcançou durante o Islam, sendo modesto e tendo conhecimento do direito das pessoas. Quando as pessoas iam ter com ele e citavam os seus méritos, e o que Deus lhe concedeu de bondade, ele, ao ouvir este elogio, para impedir a vaidade e o orgulho a si mesmo, dizia, com as lágrimas lhe correndo pelo rosto: “Eu sou apenas um etíope que, até ontem, fui escravo”.
E quando soube que as pessoas o preferiam ao Abu Bakr – o primeiro califa depois do Mensageiro de Allah – a mais preferida criatura após o Profeta, Bilal disse: “Como podem me preferir a ele se eu sou uma de suas boas ações?”
Quando entrava na Caaba, cuspia nos ídolos que havia dentro dela e dizia: “Perdidos e derrotados estão aqueles que os adoram”.
 Num dia na Oração da Alvorada, o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) lhe anunciou que será um dos habitantes do Paraíso, "Ó Bilal me conte qual é o ato que você praticou no Islam e deseja ser recompensado por ele. Pois ouvi o som de suas sandálias na minha frente no Paraíso." Disse ele: “Não vejo um ato melhor do que eu me purificar em hora do dia ou da noite, eu praticar com essa purificação o que me foi escrito de oração."
Por ele e pelos vulneráveis como ele Deus revelou versículos recitados até o Dia da Ressurreição. As mais honradas pessoas coraixitas foram ter com o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) estando ele reunido com Bilal, o etíope, e Salman, o persa, e Suhaib, o romano e outros, tais como Ibn Ummu Abdullah e ‘Ammar, e Khubab, dos crentes vulneráveis. Quando os viram ao redor dele, desprezaram-nos e disseram: “Gostarímos que nos fizesse um local de reunião em que os árabes nos oferecessem respeito. As delegações árabes vêm ter consigo e se envergonham de nos ver com esses servos. Quando a gente chega, deve dispensá-los, e quando a gente se for, senta-se com eles novamente se quiser.”
Ele disse: "Sim". Eles disseram: “Escreve para nós, a respeito disso, um documento.” Ele disse: “Tragam o documento e pediu a Áli que escrevesse”. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) queria com isso atrair e amolecer os corações destes, pois nisso fortalecia o Islam e os muçulmanos, mas mesmo isso, não tem valor na lei do Islam, porque os princípios são princípios e os valores são valores... Então, ele recebeu as palavras da revelação  de Deus, Exaltado Seja: "Não rechaces aqueles que de manhã e à tarde invocam seu Senhor, desejosos de contemplar o Seu Rosto. Não te cabe julgá-los, assim como não lhes compete julgar-te; se os rechaçares, contar-te-ás entre os injustos. Assim, Nós os fizemos testarem-se mutuamente, para que dissessem: São estes os que Allah favoreceu, dentre nós? Acaso, não conhece Allah melhor do que ninguém os agradecidos? Quando te forem apresentados aqueles que creem nos Nossos versículos, dize-lhes: Que a paz esteja convosco! Vosso Senhor impôs a Si mesmo a clemência, a fim de que aqueles dentre vós que, por ignorância, cometerem uma falta e logo se arrependerem e se encaminharem, venham saber que Ele é Indulgente, Misericordiosíssimo."
O Mensageiro de Deus jogou o documento e, em seguida, convocou-nos. Fomos ter com ele, enquanto ele dizia: “Que a paz esteja convosco! Vosso Senhor impôs a Si mesmo a clemência."
Nós costumávamos sentar com ele, e quando ele queria nos deixar, o fazia. Então, Deus, Exaltado Seja, revelou: “Sê paciente, juntamente com aqueles que pela manhã e à noite invocam o seu Senhor, anelando contemplar o Seu Rosto. Não os menosprezes, desejando o encanto da vida terrena, e não escutes aquele cujo coração permitimos menosprezar o ato de se lembrar de Nós, e que se entregou aos seus próprios desejos, excedendo-se em suas ações.”
Depois disso, o Mensageiro de Deus sentava com a gente e quando chegava a hora de ele sair, nós levantávamos e deixavam-no para ele ir embora.  
Quem é este abissínio, que foi antes escravo e depois se tornou líder, com a sua conversão ao Islam?
Vamos ouvir a sua história como escrita por Khálid Mohammad Khálid (que Deus tenha misericórdia dele). Ele disse:
É Bilal Ibn Rabah, o primeiro muézzin no Islam, a chamada para a verdade.
É Bilal, o destruidor dos ídolos.
É Bilal, e quem não conhece Bilal, que apaziguou os corações e os sentimentos dos muçulmanos em todos os cantos do mundo.
É um dos grandes milagres do Islam.
De cada dez muçulmanos, desde que o Islam começou até hoje, e até quando Deus quiser, ao nos encontraramos com eles, pelo menos, sete conhecem Bilal.
Isto significa que existem centenas de milhões de pessoas ao longo dos séculos e das gerações que conhecem Bilal, e memorizam o seu nome, conhecem o seu papel, assim como conhecem os maiores sucessores no Islam: Abu Bakr e Ômar... !
Se você perguntar uma criança que ainda está em sua infância, nos primeiros anos de seus estudos, no Egito ou no Paquistão, na Malásia, na China.
Nas Américas, na Europa e na Rússia.
No Iraque, na Síria, no Irã e no Sudão.
Na Tunísia, em Marrocos e na Argélia.
Nas profundezas da África, e sobre as colinas da Ásia.
Em todos os cantos da terra habitada por muçulmanos, você pode perguntar a qualquer criança muçulmana: quem é Bilal?    
Ela responde: ele o muezzin do Profeta. Era um escravo a quem o seu amo o punia, colocando pedras pesadas, muito quentes para demovê-lo a negar a sua religião, ele dizia:
"Ahad. Ahad." (Único... Único)
Quando você percebe essa imortalidade concedida pelo Islam a Bilal, fique sabendo que Bilal não era, antes do islão, além de um escravo etíope, que pastoreava os camelos de seu amo em pagamento de um punhado de tâmaras, para morrer e ser fadado às profundezas do esquecimento.
Mas a sinceridade de sua fé na grandeza da religião em que acreditava fê-lo ocupar em sua vida, e na história do Islam uma posição entre os grandes, honrados e generosos...
Porém, muitos dos seres humanos de alta classe, com riqueza, prestígio e influência, nunca teriam um décimo da eternidade garantida a Bilal, o escravo etíope.
Certamente, muitos heróis da história não obtiveram um pouco da fama histórica que foi concedida a Bilal.
Sua pele negra, assim como sua família humilde e fraco como um escravo aos olhos do povo, não o impediu, especialmente depois que ele preferiu seguir o islão como religião, de ocupar a alta posição, da qual ele era digno em virtude da sua veracidade, certeza, pureza e devoção sincera.
As pessoas pensavam que tal escravo como Bilal, de origem estrangeira, não tinha poder, e nem tinha nada em sua vida além de ser escravo, propriedade de seu mestre, que saia de manhã e voltava à noite com o gado e as ovelhas de seu mestre.
Eles pensaram que tal indivíduo, não podia representar algo imporante. Mas, para a surpresa, ele contradisse esses pensamentos. Ele tinha um poder de crença (no Islam) que ninguém mais do que ele poderia ter. Em seguida, foi o primeiro muézzin (que faz a chamada para as orações) do Mensageiro de Deus e do Islam, um trabalho que todos os chefes e grandes pessoas de Coraix que abraçaram o Islam e seguiram o Mensageiro de Deus almejavam.
É Bilal Ibn Rabah!
Que tipo de heroísmo e grandeza expressam essas três palavras: Bilal Ibn Rabah?!
Ele não era mais que um escravo etíope de uma mãe negra, de nome Hamama, cujo destino o levou a ser um escravo de Umaiya Ibn Khalaf de Jomah em Makka. Sua mãe era também uma das suas escravas.
Ele viveu na escravidão, levando uma vida miserável. Sem direitos e nem uma esperança no seu futuro.
As notícias sobre Mohammad começaram a chegar a seus ouvidos, quando as pessoas começaram a transmiti-la, e quando ele começou a prestar atenção às conversas de seu mestre e seus convidados, em particular, Umaiya Ibn Khalaf, o ancião de Jomah, a tribo de cujos escravos, Bilal era um deles. Muito frequentemente, Bilal ouvia o seu mestre Umaiya Ibn Khalaf, ao falar com seus amigos, ou com alguns de seus membros da tribo acerca do Mensageiro de Deus, uma conversa repleta de raiva, ira e maldade.
Mas, os ouvidos de Bilal captavam, dentre as palavras de tão louca raiva, as boas características que lhe ilustravam esta nova religião. Sentia-se que essas características não estavam familiarizadas com o ambiente em que vivia. Seus ouvidos costumavam também captar a partir da fala ameaçadora o reconhecimento da honra, veracidade e honestidade de Mohammad.
Sim, ele costumava ouvi-los afirmando seu espanto e confusão a respeito do que Mohammad trouxe. Eles diziam um ao outro: "Mohammad não tem sido nem mentiroso, nem mágico, nem louco, embora seja inevitável descrevê-lo com tudo isso a fim de evitar que as pessoas se apressassem em acreditar em sua religião".
Bilal ouviu falar sobre sua masculinidade, honestidade, boas maneiras, lealdade, imparcialidade e equilíbrio mental. Ele também os ouviu sussurrando sobre as razões que os levavam a desafiá-lo, ou seja, a sua lealdade para com a religião dos seus antepassados, em primeiro lugar, e seu medo da perda da glória de Coraix que lhes dava a posição religiosa altamente respeitada como a capital da adoração em todas as partes da península árabe. Em terceiro lugar, o ressentimento da tribo Banu Háchim, de surgir um Profeta e um mensageiro do meio deles.
Um dia, Bilal Ibn Rabah viu a luz de Deus, e ouviu, dentro da profundidade de sua boa alma o eco de sua voz. Ele foi ter com o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz ) e abraçou o Islam. Assim que a notícia de sua conversão ao Islam se espalhou, a terra girou com a cabeça de seus mestres de Jomah, ou seja, aquelas cabeças que estavam cheias de arrogância e intoxicadas pela ilusão. Na verdade, a pressão dos demônios da terra invadiu o peito de Umaiya Ibn Khalaf, que sentiu a conversão ao Islam de um escravo seu, como uma grande vergonha e ignomínia para todos. O seu escravo etíope abraçar o islão e seguir Mohammad!?
Umaiya disse para si mesmo: "Não se preocupe, o sol não irá se pôr hoje sem que a crença deste escravo se ponha com ele!".
Mas, pelo contrário, o sol não fez desaparecer a fé de Bilal no islão, mas, fez desaparecer todos os ídolos e todos os protetores da idolatria.
Quanto ao Bilal, não constituiu apenas uma posição de honrou para o Islam, embora o Islam seja mais digno dessa honra, mas também foi honra para toda a humanidade.
Na verdade, ele resistiu perante diferentes tipos de torta tão poderosamente quanto as grandes pessoas piedosas, parece que Deus fez dele um bom exemplo para todas as pessoas do fato de que a escuridão da pele, além da escravidão não desonra a grandeza do espírito, particularmente se ele encontra a sua verdadeira crença, agindo de acordo com o seu Criador, e se apegando ao seu direito.
Bilal deixou uma lição prática às pessoas daquela época, a todos os lugares, na sua e em qualquer outra religião; lição que revela que a liberdade de consciência e sua soberania não se vendem a preço de todo o ouro da terra, nem por todo tipo de tormento
No início, da missão islâmica, sete pessoas declararam sua conversão ao Islam: O Mensageiro de Deus. Abu Bakr, ‘Ammar e sua mãe Sumaia, Suhaib, Bilal e o Micdad. Quanto ao Mensageiro de Deus, foi protegido por seu tio Abu Tálib que o defendeu. Quanto a Abu Bakr, foi protegido pelo seu povo. O resto foi levado pelos politeístas, vestiram-nos com armaduras de ferro e os expuseram ao sol. Todos atenderam o que lhes foi pedido, menos Bilal, ficou envergonhado perante Deus. Foi levado e entregue às crianças que o arrastavam nas ruas de Makka, e ele dizendo, Ahad, Ahad (Deus Único, Deus Único).
Foi colocado nú sobre brasas para se arrepender e abandonar o Islam ou fraudar e enganar, mas ele se negou a fazê-lo.
O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) transformou este escravo etíope invulnerável num mestre para toda a humanidade na arte de respeitar a consciência e na proteção de sua liberdade e liderança.
Eles o levavam depois de meio-dia, quando o deserto se tornava mortalmente quente. Estendiam-no sobre pedrinhas muito quentes, estando ele nu, então pegavam uma grande pedra quente, que precisava de algumas pessoas para carregá-la, e a colocavam sobre seu peito.
Essa tortura selvagem era praticada diariamente, até que alguns corações de alguns de seus flageladores se emocionaram pela gravidade da tortura e o libertaram, com a condição de ele falar bem de seus deuses, para conservar sua hegemonia. Os coraixitas nunca reconheceram que foram mal sucedidos perante a tenacidade de seu escravo.
Porém, mesmo essa única palavra fútil, que ele podia pronunciar sem convicção e adquirir com ela a sua vida, sem que perdesse a sua fé e abandonasse a sua crença, rejeitou pronunciá-la.
Sim, ele rejeitou pronunciá-la, e repetia: Ahad, Ahad.
Deziam-lhe: repete o que dizemos.
Ele respondia com escârneo: Minha língua não sabe repeti-lo.
Bilal permanecia nessa alta temperatura e a pedra sobre o peito até a aproximação do crepúsculo. Eles o erguiam, colocavam-lhe uma corda no pescoço e ordenavam as crianças de percorrerem com ele nas ruas e montanhas de Makka. E Bilal nunca pronunciou alguma palavra além de Ahad, Ahad.
Quando fosse a noite, orientavam-no o seguinte: Amanhã preste boas palavras aos nossos deuses, dizendo, meu deus é Lat e Uzza para seja livre. Estamos cansados de torturá-lo, parece que nós é que estamos sendo torturados.
Ele balançava a cabeça e dizia: Ahad, Ahad.
Umaiya Ibn Khalaf o golpeou, com muita raiva, gritando: “Que mal lhe fizemos, ó escravo negro? Pelo Lat e Uzza vou transformar você num exemplo para os escravos”.
Bilal responde com a convicção do crente: Ahad, Ahad.
Os que seus encarregados dialogavam com ele, fingindo que estavam com compaixão dele, dizendo:
Deixe para lá, ó Umaiya. Pelo Lat, não será torturado depois de hoje. Bilal é de nós e sua mãe é nossa serva. Ele não aceita, com a sua conversão ao islão, que sejamos objeto de escarneio dos coraixitas.
Bilal olha seriamente no rosto do mentiroso e falso, sorrindo, com seus dentes aparecendo como a luz da manhã, e pronuncia calmamente e de uma forma tremenda:
Ahad, Ahad.
O meio dia se aproxima e Bilal é levado para os locais quentes, estando ele paciente, com confiança, inabalável. Abu Bakr foi ter com eles, enquanto torturavam-no. Abu Bakr lamentou dizendo: “Vocês não temem a Deus? Vocês querem matar um homem por afirmar que, Deus é o meu Senhor?” Até quando?
Umaiya disse: “Você o corrompeu, portanto salva-o com o que você achar conveniente.”
Abu Bakr disse, gritando: “Pegue mais que o seu preço e liberte-o”.
Parecia que Umaiya estava se afundando e foi salvo pelo barco da salvação.
Ele se alegrou quando ouviu Abu Bakr oferecendo-lhe o preço de libertação, pois estava muito desesperado de convencer Bilal, porém, como Umaiya era comerciante, concluiu que vendê-lo é mais lucrativo do que matá-lo.
Vendeu-o ao Abu Bakr, que o libertou imediatamente e colocou Bilal entre os homens livres.
Quando Abu Bakr, segurando o braço de Bilal, estava indo embora, levando-o para a liberdade, Umaiya lhe disse: "Pelo Lat e pelo Uzza, se você quisesse comprá-lo por apenas uma onça, eu o venderia!"
Abu Bakr pensou naquelas palavras que tinham tanto amargor de desprezo e de frustração, e preferiu não lhe responder.
Mas por Umaiya ter desonrado àquele que passou a ser irmão de Abu Bakr, respondeu a Umaiya:
“Por Deus, se você se recusasse a vendê-lo, a não ser por cem Onças, eu teria pago.”
Abu Bakr foi com seu companheiro ter com o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz), para dar-lhe as boas novas de sua alforria. No entanto, foi motivo de muita alegria para todos os muçulmanos.
Os muçulmanos que acreditaram no Mensageiro sofreram muita injúria dos coraixitas de Makka. Por isso, o Mensageiro ordenou-os que migrassem para Madina, onde ficariam seguros, longe dos danos dos politeístas coraixitas.
Após a estabelização do Mensageiro de Deus e dos muçulmanos em Madina, o Mensageiro de Deus instituiu a Chamada para a oração (Azan). Quem, então, seria o muézzin (chamador) para as cinco orações diárias, cuja voz iria ser entoada através do horizonte, com as magnificações e Engrandecimentos? Seria e foi então o Bilal, que gritou durante treze anos, sob a pressão da tortura destrutiva: "Ahad, Ahad (Deus é Único, Deus é Único)".
O Mensageiro de Deus o escolheu para ser o primeiro Muézzen do Islam. Com a sua voz melodiosa, emocionante, que encheu os corações com a crença, e os ouvidos com as maravilhas, ao chamar:
"Alá é Maior, Allah é Maior, Allah é Maior, Allah é Maior. Presto testemunho que não há outra divindade além de Allah! Presto testemunho que não há outra divindade além de Allah! Presto testemunho que Mohammad é o mensageiro de Allah. Presto testemunho que Mohammad é o mensageiro de Allah. Vinde para a oração! Vinde para a oração! Vinde para o sucesso! Vinde para o sucesso! Allah é Maior! Allah é Maior! Não há outra divindade além de Allah!".
Porém, os politeístas coraixitas não ficaram sossegados, vendo a nova religião crescendo e o número de seus adeptos aumentando. Então, a guerra entre os muçulmanos e o exército coraixita, que veio invadir a Madina, eclodiu.
Foi uma guerra violenta e feroz. Bilal participou da primeira expedição do Islam, a Expedição de Badr, em que o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) colocou o lema de: “Ahad, Ahad.”
Nesta batalha, a Coraix preparou os seus melhores filhos, bem como os seus nobres e chefes que saíram para combater os muçulmanos.
Umaiya Ibn Khalaf, anteriormente, amo de Bilal, que costumava torturá-lo brutalmente, não queria participar.
A sua intenção era permanecer se não fosse o seu amigo ‘Uqba Ibn Abu Mu'it. Quando este soube que Umaiya não queria participar da expedição, foi ter com ele, levando na mão um incensário. Ele o encontrou sentado com seus amigos. Deu-lhe o incensário, dizendo: "Ó Abu ‘Ali! Coloque incenso nesse, pois você se tornou uma das mulheres". Umaiya gritou dizendo: "Que Allah o desfigure, e com o que você veio.” Assim, ele não teve nenhuma maneira de escapar de não ir a guerra com os (pagãos) invasores.
‘Uqba Ibn Abu Mu'it foi o maior incentivador de Umaiya para torturar Bilal e outros oprimidos muçulmanos.
Hoje, é ele que o levou a sair para a batalha de Badr, onde ele mesmo seria morto, como será a morte de ‘Uqba.
Na verdade, Umaiya era daqueles que se negou de tomar parte da guerra. Mas, por insistência de ‘Uqba, teve que participar. O decreto de Allah deve ser concluído. Umaiya vai à guerra, pois havia uma conta antiga entre ele e um dos servos de Allah, e chegou a hora de ser acertada. De fato, o credor nunca morre; e como você se torna credor (por algum tempo), você também se tornaria devedor (por algum tempo).
‘Uqba Ibn Abu Mu'it, cujo Umaiya escutava e executava suas orientações em torturar os fiéis inocentes, foi o mesmo, que levou Umaiya a ser morto,
Pela mão de quem? Pela própria mão de Bilal. Somente de Bilal.
A mesma mão, que tinha sido presa pelas correntes de Umaiya, e tinha sido espancada e torturada por seu dono; a mesma mão que estava lutando na batalha de Badr, tendo um compromisso bem definido pelo destino, com o torturador coraixita (Umaiya), que humilhou os crentes opressivamente. E desta forma o fato aconteceu.
Quando a luta começou entre as duas partes, a terra tremeu com o slogan dos muçulmanos: "Ahad, Ahad (Allah é Único, Único)", o coração de Umaiya perdeu o ânimo.
A palavra que era repetida, ontem, por um escravo, sob a pressão da feroz tortura, tornou-se agora um slogan de toda a religião e de toda a nova nação:
Ahad, Ahad.
Assim, com essa velocidade, com esse fabuloso desenvolvimento. As espadas se chocaram, e a guerra irrompeu. Enquanto a guerra estava chegando ao fim, Umaiya Ibn Khalaf viu Abdurahman Ibn Auf, companheiro do Mensageiro de Allah, a quem ele pediu proteção. Ele se ofereceu para ser seu prisioneiro, desde que pudesse salvá-lo da morte.
Abdurahman aceitou a oferta, e o protegeu. Acompanhou-o no meio do campo de batalha, para o lugar de cativos.
No caminho, Bilal o viu e gritou:
"Ó cabeça de incredulidade, Umaiya Ibn Khalaf, não serei salvo se ele sobreviver!"
Ele levantou a espada para cortar a sua cabeça que, no passado, estava cheio de arrogância e orgulho, mas Abdurahman Ibn Auf gritou: "Ó Bilal Ele é meu prisioneiro!"
Ele é prisioneiro, enquanto a guerra ainda estava em chamas, um prisioneiro cuja espada estava, há pouco, pingando sangue, como resultado de golpear os corpos de muçulmanos durante a guerra.
Na verdade, isso foi, na opinião de Bilal, uma gozação às mentes. Umaiya riu e zombou (dos muçulmanos) o suficiente.
Ele ridicularizou tanto em que não deixou nada para guardar para um dia, como este, nesta angústia, e neste destino.
Bilal viu que ele sozinho não seria capaz de invadir o direito da proteção dada por seu irmão na religião de Allah, Abdurahman Ibn Auf a Umaiya Ibn Khalaf. Bilal gritou com todas as forças para os muçulmanos: "Ó aliados de Deus! Esta é a cabeça de incredulidade, Umaiya Ibn Khalaf! Não serei salvo se ele sobreviver". Um grupo de muçulmanos surgiu, tendo as espadas pingando a morte. Eles cercaram Umaiya e seu filho, que estava lutando ao lado dos coraixitas. Abdurahman Ibn Auf não conseguiu fazer nada (para salvar seu cativo). Ele até nada pode fazer para proteger suas armaduras que foram dispersas pelas multidões.
Bilal olhou longamente para o corpo morto de Umaiya, que caiu por terra em virtude das espadas marcantes. Então ele correu apressadamente gritando: “Ahad, Ahad.”
Pensamos que não temos o direito de procurar a boa qualidade da tolerância em relação à Bilal em tal situação.
Se o encontro de Bilal com Umaiya, fosse em circunstâncias diferentes, então seria possível para nós perguntar-lhe sobre o direito de tolerância. E nenhum homem, com sua piedade e fidelidade em sua crença como Bilal, com certeza, seria uma pessoa tolerante. Mas, o encontro entre eles foi durante uma guerra, na qual, cada parte veio para matar seu oponente.
Enquanto as espadas foram bruxaleantes, os mortos caindo, e a morte estava saltitando de todos os lugares, Bilal viu Umaiya, que não havia deixado nenhuma parte em seu corpo, mesmo tão pequena quanto a ponta dos dedos, sem deixar o efeito de tormento sobre ela.
Além disso, quando e onde Bilal se cruza com ele?
Cruza-se com ele no campo de batalha, enquanto Umaiya estava colhendo com a espada, qualquer cabeça de muçulmano que pudesse conseguir. Se ele alcançasse a cabeça do próprio Bilal, certamente iria cortá-la.
Em tais circunstâncias, quando dois homens se enfrentam, não seria razoável perguntar a Bilal por que não mostrou o perdão misericordioso?
O tempo passa, e Makka foi conquistada.
 O Mensageiro de Deus entrou nela agradecido, entoando Allah é Maior, liderando dez mil muçulmanos.
Ele foi diretamente para a Caaba, o local sagrado, que os coraixitas encheram de ídolos, iguais em número aos dias do ano.
“Chegou a Verdade, e a falsidade desapareceu, porque a falsidade é pouco durável”.
Daí em diante, não haveria nem Lati nem Uzza, nem Hubal. De agora em diante, o homem não vai mais curvar a cabeça para uma pedra nem para um ídolo. Todas as pessoas não irão adorar com todas as suas consciências, senão a Deus Quem não tem semelhante, o Único e Único, o Grande, o Supremo.
O Mensageiro entrou na Caaba, acompanhando por Bilal. Assim que entrou, viu uma estátua esculpida, representando a imagem do Profeta Abraão (a paz esteja com ele), tirando a sorte com as setas de divisão. O Mensageiro de Deus ficou irritado e disse: "Que Deus os amaldiçoe! Pois o nosso patriarca nunca tirou a sorte com setas. ‘Abraão jamais foi judeu nem cristão; foi, igualmente, monoteísta, muçulmano, e nunca se contou entre os idólatras.’”.
Ele ordenou Bilal para subir no teto da Caaba e fizesse o Azan (anunciar o chamado para a oração).
Bilal fez o chamado, tão maravilhoso é o tempo, como o local e a ocasião!
Tudo em Makka se manteve em silêncio e imóvel. Milhares de muçulmanos estavam tão quietos e calmos como a brisa, repetindo submissamente após Bilal as palavras da chamada.
O Profeta fez um discurso para o povo de Makka, dizendo: "Ó comunidade de Coraix, Allah removeu de vocês a arrogância e o orgulho quanto à ascendência de um dos períodos pré-islâmico da ignorância. Vocês todos descendem de Adão, e ele foi criado da terra."
Abdullah Ibn Ômar (que Deus esteja satisfeito com ambos) relatou que o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) discursou para as pessoas no dia da conquista de Makka. E disse: “Ó gente, Allah removeu de vocês a arrogância e o orgulho da época da ignorância pré-islamica. Os seres humanos são de dois tipos: um é piedoso, generoso para com Allah, Glorificado e Exaltado Seja, e outro imoral, desgraçado e avarento para com Allah, Glorificado e Exaltado Seja. Todas as pessoas descendem de Adão, e este foi criado da terra. Allah, Exaltado Seja, diz: “Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Allah, é o mais temente. Sabei que Allah é Sapientíssimo e está bem inteirado.”
Relata-se que ele disse no final de seu discurso: “Ó povo de Makka, o que pensam que vou fazer com vocês?”
Responderam: “Você é irmão nobre e filho de irmão nobre. Esperamos nada além de sua bondade.”
Ele disse: “Podem ir. Estão livres.”
Enquanto os incrédulos em suas casas, quase não acreditavam. Eles se perguntavam: “É este Mohammad e seus seguidores pobres que foram expulsos de Makka, no passado”? É verdadeiramente este Mohammad que combatemos e expulsamos e matamos as pessoas mais queridas dele?
É ele de verdade que estava se dirigindo a nós, estando nossas vidas em suas mãos, que está nos dizendo: “Podem ir. Estão livres”.
Bilal viveu na companhia do Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz), participando com ele nos campos de batalha, entoando o Azan (a chamada para as orações), vivificando e protegendo os cultos desta grande religião, que o fez sair das trevas para a luz (do Islam), da escravidão para a liberdade.
A importância do Islam cresceu junto com a importância dos muçulmanos. Todos os dias, Bilal foi ficando cada vez mais próximo do coração do Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz), a quem ele anunciou que seria uma das pessoas do Paraíso.
Bilal, porém, permaneceu como era, a pessoa generosa e humilde. Via-se não mais do que um etíope que era, há algum tempo, apenas um escravo.
Ó Bilal, você não é mais escravo. Tornou-se, à sombra do Islam líder. Não foi Ômar Ibn Al Khattab, o segundo califa dos muçulmanos, que disse a seu respeito, quando foi alforriado: “Abu Bakr, nosso líder, alforriou o nosso líder.”
Quando o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) faleceu e foi ter com o Mais Alto Companheiro, satisfeito, e os muçulmanos nomearam Abu Bakr Assidik como Califa, Bilal foi ter com ele e lhe pediu: “Ó Califa dos muçulmanos, o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz), disse: “Guardar as fronteiras de um Estado islâmico por um dia e uma noite é melhor do que jejuar por um mês, ou orar à noite; e se alguém morrer (enquanto guarda as fronteiras), o trabalho que estava fazendo terá continuidade, do mesmo modo com que sua subsistência será mantida, e será protegido contra as provações e os males (do túmulo)”.  
Abu Bakr perguntou: “O que você deseja, ó Bilal?”
Disse: “Desejo guardar fronteiras pela causa de Allah até morrer”.
Abu Bakr perguntou: "Então, quem iria anunciar as chamadas para as orações?"
Bilal disse, com os olhos cheios de lágrimas: "Eu não vou mais fazer a chamada para a oração a qualquer outra pessoa depois do Mensageiro de Deus".
Abu Bakr disse: "Fica aqui e faz o Azan para nós, ó Bilal".
Bilal disse: "Se você me alforriou para você mesmo, então eu serei como você quer, e se você me alforriou por causa de Allah, então me deixe estar com Ele a quem você me alforriou".
Abu Bakr disse: "Certamente, eu o alforriei por amor a Allah, ó Bilal".
Bilal viajou para a Síria, onde ficou como militante pela causa de Deus.
A última chamada para a oração anunciada por Bilal foi para Ômar quando este estava na Síria. As pessoas recorreram a ele para incitar Bilal para anunciar a chamada mesmo por uma única vez. O Emir dos Crentes convidou Bilal quando o tempo da oração estava prestes, pedindo-lhe para entoar o Azan. Bilal levantou-se e anunciou a chamada para a oração. Os companheiros que conviveram com o Mensageiro de Deus antes de sua morte, quando Bilal costumava fazer o Azan, choraram tanto como nunca choraram antes. Ômar foi o mais pranteador de todos eles.
Bilal morreu na Síria sendo militante, como queria. A sua esposa se lamentava ao seu lado durante a sua enfermidade, dizendo: “Que tristeza!”.
Toda vez que ela dizia isso, ele abria os olhos e dizia: “Que alegria!”.
Então ele deu o seu último suspiro dizendo:
“Amanhã vou encontrar os meus queridos, Mohammad e seus companheiros”.
“Amanhã vou encontrar os meus queridos, Mohammad e seus companheiros”.
Com a idade de mais de sessenta anos, foi sepultado na porta pequena no cemitério de Damasco onde se encontra o túmulo de um dos maiores homens, que se ergueram como as altas montanhas, firmes em defesa dos princípios, e se sacrificaram por causa da verdade. Que Deus esteja satisfeito consigo, ó Bilal.

 
Conclusão:
Disse-me Brabeck: Que grandeza, dignidade, orgulho e poder, esta religião deixa nos corações de seus seguidores! É a voz do direito que se mistura com o sorriso dos corações e torna-os vinculados a Deus, submetidos à Sua Grandeza, esquecendo toda dor e toda dificuldade que encontram pela Sua causa, pois, tornando-as satisfação, de tal forma os donos dos desejos encontram satisfação quando praticam inerente e continuamente seus desejos. Porém, quão longe, muito longe estão os prazeres e as paixões que fazem herdar o arrependimento e o remorso seguidos pela angústia, e os prazeres que fazem herdar a imortalidade seguida pela felicidade. Eles escolheram o caminho certo, que os levou a desfrutar da felicidade que encontraram ao lado de Deus. O acesso à felicidade que eles alcançaram não é tão difícil, mas exige coragem e ousadia para mudar. Eles perceberam que o caminho que ao Paraíso é somente seguir o Profeta, aquele que não testemunharam nele a mentira, a traição ou a falsidade, Ouça as palavras de um de seus inimigos, antes de se converter ao Islam, Abu Sufian Ibn Harb, onde ele diz:
Heráclito mandou buscá-lo e seus companheiros, que estavam por coincidência negociando na Síria, e tinham ido a Iliyá (Baitul-Maqdis). Heráclito, sentado entre seus chefes de gabinete, perguntou: "Quem dentre vocês é o parente mais próximo do homem que afirma ser um profeta?" Abu Sufyan relata a história: "Respondi: Eu sou o parente mais próximo, dentre o grupo. Então, ele me fez sentar na frente dele e fez os meus companheiros se sentarem atrás de mim. Em seguida, chamou seu tradutor e disse (a ele): “Diga a eles (ou seja, os companheiros de Abu Sufyan) que eu vou perguntar a ele (ou seja, Abu Sufyan) sobre aquele homem que diz ser um profeta”. Se ele disser uma mentira, eles devem contradizê-lo (instantaneamente). Por Deus se eu não tivesse ficado com medo de que meus companheiros me considerassem um mentiroso, eu teria dito mentiras.” A primeira coisa que ele perguntou foi: “Qual é sua ascendência?” Respondi: “Descende de uma família nobre.” Perguntou novamente: “Alguém antes dele disse a mesma coisa que ele diz?” Respondi: “Não, ninguém.” Perguntou: “Alguém de sua família era rei?” Respondi: “Não, ninguém.” Perguntou: “Quem o segue, os nobres ou as pessoas fracas?”. Respondi: “As pessoas fracas.” Perguntou: “Seus seguidores crescem ou diminuem?” Respondi: “Crescem.” Perguntou: “Houve algum caso de apostasia entre eles?” Respondi: “Não, de ninguém.” Perguntou: “Vocês o acusavam de mentiroso antes de sua alegação?” Respondi: “Não.” Perguntou: “Ele trai?” Respondi: “Não. Nós estamos em trégua com ele, e não sabemos o que ele irá fazer.” Abu Sufian acrescentou: “Não consegui acrescentar mais nada a isso.” Heráclito perguntou: “Vocês lutaram contra ele?” Respondi: “Sim.” Perguntou: “Como foi a luta entre vocês?” Respondi: “Lutamos contra ele e ele lutou contra nós, com vitórias alternativas.” Perguntou: “O que ele os ordena” Respondi: “Ele convida o povo a adorar a Deus, Único, sem parceiros, e abandonar as crenças dos antepassados. Ele nos ordena a observar a oração, a honestidade, a abstinência, e a manutenção de fortes laços familiares."
Heráclito, ao ouvir este testemunho, virou-se para seu tradutor e ordenou-lhe comunicar-nos a sua impressão: “Perguntei-lhe qual é sua ascendência, e você respondeu que descende de família nobre. Isso acontece com os Mensageiros de Deus, são indicados dentre seus nobres. Perguntei se alguém antes dele disse a mesma coisa que ele diz, e você respondeu que não, ninguém. Perguntei se alguém de sua família foi rei, e você respondeu que ninguém foi. Se alguém fosse, poderíamos dizer que ele está reivindicando o reinado de sua família. Perguntei se vocês o acusavam de mentiroso antes de sua alegação e você respondeu que não. Eu sei que quem não mente para as pessoas, não iria mentir para Deus. Perguntei quem o segue, os nobres ou as pessoas fracas, e você respondeu que eram as pessoas fracas, e de fato, estes são os seguidores dos mensageiros. Perguntei se seus seguidores crescem ou diminuem, e você respondeu que crescem. Isso acontece com a fé, até se completar. Perguntei se houve algum caso de apostasia entre eles, e você respondeu que não. Isso acontece com a fé, quando penetra nos corações. Perguntei se ele trai, e você respondeu que não. Assim são os Mensageiros, não traem. Perguntei sobre o que ele os ordena, e você respondeu que ele convida o povo a adorar a Deus, Único, sem parceiros, e abandonar as crenças dos antepassados. Ele nos ordena a observar à oração, a honestidade, a abstinência. Se o que você disse é verdade, ele vai logo governar onde estou pisando. Eu já sabia que iria surgir um profeta, mas nunca me ocorreu que ele ia ser um árabe do meio de vocês. Se estivesse certo, eu seria fiel a ele. Gostaria de encontrá-lo, e se eu estivesse com ele, eu lavaria seus pés”. Heráclito, então, pediu que a carta do Profeta, que Dihyah ibn Khalifa Al-Kalbi foi ordenado a entregar ao governador de Busra, que, por sua vez, a enviaria a César, que fosse lida. Dizia:
“Em nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso”.
De Mohammad, o servo de Deus e Seu Mensageiro para Heráclito, o rei dos bizantinos.
Bem-aventurados são aqueles que seguem a verdadeira orientação. Convido-vos a abraçar o Islam, para que possa viver em segurança. Se vier para o rebanho do Islam, Deus vai dar-lhe uma dupla recompensa, mas se virar as costas a ele, então o fardo dos pecados de todos os seus povos irá cair sobre seus ombros.
"Dize-lhes: Ó adeptos do Livro, vinde, para chegarmos a um termo comum, entre nós e vós: Comprometamo-nos, formalmente, a não adorarmos senão a Allah, a não Lhe atribuirmos parceiros e a não nos tomarmos uns aos outros por senhores, em vez de Allah. Porém, caso se recusem, dize-lhes: Testemunhai que somos muçulmanos." [ 3:64 ]

Abu Sufian disse: “Quando das observações do imperador terminaram e a carta foi lida, houve um clima tenso entre os clérigos presentes, fomos obrigados a partir. Eu disse para os meus companheiros: ‘A questão de Ibn Abi Kabcha (ou seja, Mohammad) tornou-se tão importante que até mesmo o rei dos Banu Al-Asfar (ou seja, os romanos) tem medo dele’. Então eu continuei a acreditar que o Mensageiro de Deus seria vitorioso, até que Deus me fez abraçar o Islam."
O filho de Nador, o governante de Ailiá e Heráclito eram chefes dos cristãos da Síria. Acontece que Heráclito quando foi a Ailiá tornou-se maldoso. Alguns dos patriarcas deploraram a sua aparência, e Ibn Nador disse que Heráclito era advinho, prescrutava as estrelas. Quando lhe perguntaram o que havia visto naquela noite, ele disse: “Quando eu olhei para as estrelas, esta noite, vi que o rei da circuncisão surgiu”. Quem é circuncidado nesta nação? Disseram que só os judeus eram circuncidados. Não se importe com eles. Escreve para os governadores de seu reino que matem os judeus que se encontram lá. Enquanto estavam discutindo o caso, um homem foi ter com Heráclito, enviado pelo rei de Ghassan informando sobre o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz). Quando Heráclito ouviu a notícia, pediu para irem ver se era circuncidado. Disseram-lhe que era. Perguntou-lhe sobre os árabes, e lhe disseram que eram circuncidados. Heráclito disse que o rei daquela nação surgiu. Então, Heráclito escreveu para um amigo seu em Baromiya que era seu colega na ciência. Heráclito foi para Homs. Ao chegar, recebeu uma carta do amigo concordando com a opinião dele sobre o surgimento do Profeta e que era profeta. Heráclito convidou as grandes figuras dos romanos para um encontro nos povoados de Homs, então, ordenou que suas portas fossem fechadas, em seguida, informou dizendo: “Ó romanos, se quiserem ter sucesso e orientação e que seu reinado continue, seguem este Profeta”. Eles ficaram tão agitados como os animais selvagens e se dirigiram para as portas, que encontraram fechadas. Quando Heráclito viu a sua reação e não teve esperança de sua fé, disse: “Tragam-nos a mim.” Disse-lhes: “Eu disse aquilo para testar a sua fidelidade à sua religião, e descobri.” Eles se prostraram perante ele e ficaram satisfeitos com ele.
Este foi o último desejo de Heráclito, narrado por Saleh Ibn Kisan e Younis e Muammar Al Zuhari.

 

 

 

 
 
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