Toda a inovação leva à perdição

Toda a inovação leva à perdição

Toda a inovação leva à perdição

كل محدثة في الدين بدعة باللغة البرتغالية

 

 

 

Dr. Abd Ar-Rahman bin Abd Al-Karim Al-Sheha

د. عبد الرحمن بن عبد الكريم الشيحة

 

 

Traduzido para a Lingua Portuguesa por:

EUROPEAN ISLAMIC RESEARCH CENTER (EIRC)

المركز الأوروبي للدراسات الإسلامية

& Ali Momade Ali Atumane

Revisão

Umm Abd Allah

 

© WWW.ISLAMLAND.COM

 

 

Toda a inovação leva à perdição

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso

Louvado seja Deus. A Ele, imploramos a ajuda, o perdão e a retidão. N’Ele buscamos refúgio contra as maldades do nosso âmago e das nossas faltas. Quem for guiado por Deus jamais será desviado, e quem for desviado por Ele jamais será bem-aventurado. Testemunho que não há noutra divindade além de Deus Único, sem parceiro; e testemunho que Mohammad é Seu servo e mensageiro, que a paz e bênçãos de Deus estejam com ele, com sua família, companheiros e todos aqueles que o seguiram até o Último Dia.

Introdução

É necessário tomar os assuntos religiosos com acepção e sem oposição, em cumprimento da ordem de Deus, o Altíssimo, que diz: “Aceitai, pois, o que vos der o Mensageiro, e abstende-vos de tudo quanto ele vos proíba. E temei a Allah, porque Allah é Severíssimo no castigo” [Alcorão. 59:7].

Tal como é obrigatório cumprir as ordens sem empreender esforços de analogias em matérias que não precisam de analogias, conforme a palavra de Deus, o Altíssimo, que diz: “Dize: Se verdadeiramente amais a Allah, segui-me; Allah vos amará e perdoará as vossas faltas, porque Allah é Indulgente, Misericordiosíssimo” [Alcorão. 3:31].

É também proibido forjar algo à religião e associá-la a algo que não é parte dela, por ser uma ação que produz defeitos e permite à abertura de caminhos divergentes e distantes dos preceitos divinos, que foram estabelecidos pelo Senhor, porém, o ser humano ao distanciar-se deles logrará o castigo de Deus. O Mensageiro de Deus (S.A.W)[1] disse: “Aquele que tentar introduzir em nossa religião algo que não faça parte dela será rechaçado” (Bukhari e Muslim).

Há, dentre aqueles que se identificam como muçulmanos os que praticam ações contraditórias aos ensinamentos puros do Islam, sobretudo quando se trata de assuntos relativos à adoração; ou praticam inovações sem qualquer fundamento religioso, seguindo, desta maneira, a seus desejos e aquilo, cujo seus corações pervertidos estão mais inclinados, por isso, são censurados por causa de suas práticas, tal como Deus diz: “Não tens reparado em quem toma por divindade os seus desejos? Ousarias advogar por ele?” [Alcorão. 25:43].

A situação seria menos complexa se os prejuízos provenientes dessas irregularidades e inovações fossem restritos ao próprio indivíduo herege e não atingissem outras pessoas – com isso não quer dizer que concordamos com ele -, porém, elas (irregularidades e inovações) têm grande impacto nos demais muçulmanos comuns, que são influenciados por elas ou acabam tomando-as como boas práticas, enquanto são destruidoras da religião a longo prazo. Têm reflexos negativos também diante dos não-muçulmanos quando vêem que as práticas e ações de alguns muçulmanos, no que diz respeito à adoração, contrariam o bom senso e são incompatíveis com o verdadeiro monoteísmo e com a natureza, o que os afugenta do Islam e os leva a pensar que o Islam é como outras religiões baseadas em lendas e em princípios irracionais. Desta forma, os praticantes destas irregularidades e inovações se dividem em três categorias.

Primeira categoria:

São aqueles que praticam por ignorância em matéria da religião, e o Islam não os inocenta porque a cura da ignorância é o questionamento e não a permanência em práticas baseadas em vontades e paixões, por isso Deus, o Altíssimo, diz: “Então, interrogai os sábios da Mensagem, se não sabeis” [Alcorão. 21:7]. Ou pode resultar de imitação cega a tradições ou aos antepassados, sendo estas práticas também, condenadas. Sobre este grupo, Deus os menciona no seguinte versículo: “E quanto lhes é dito: Segui o que Allah tem revelado, retrucam: Seguiremos o que vimos praticar os nossos pais! Segui-los-iam eles, mesmo que (com isso) Satanás os convidasse ao castigo do fogo abrasador?” [Alcorão. 31:21].

Esta categoria está na perdição, por adorar com base na Lei não estabelecida por Deus, e por mais que adore a Deus não lhe trará benefício algum. Uma simples prática de adoração baseada na tradição e ensinamento correto do Profeta Mohammad (S.A.W) é melhor do que muita adoração baseada em princípios opostos.

Segunda categoria:

Os ambiciosos da vida mundana e dos interesses materiais tiram benefícios da ignorância das pessoas em matéria de religião, aproveitam isso para incrementar o número de seus seguidores visando atingir seus objetivos, tais como obter lugar socialmente privilegiado e ganhar benefícios materiais. Esta categoria está longe dos propósitos do Islam, apesar que alguns autodeclaram ser pertencentes ao Islam, mas na verdade o Islam está longe deles. Esta categoria revestiu ao Islam roupa falsa e distorceu sua beleza por conta de suas inovações.

Terceira categoria:

Os inimigos do Islam, aqueles que se empenham usando diferentes meios com objetivo de propagar inovações dentro da religião para dividir a comunidade muçulmana, prestam todo apoio material e moral aos inovadores visando maior promoção das inovações, para que possam surgir diferentes seitas e grupos contrários à abordagem metódica divina, esses estão livres da verdadeira doutrina islâmica e de seus preceitos. Aliás, finalmente, colidem uns com os outros como resultado de suas diferenças e multiplicidade de suas fontes, e é dessa forma que os inimigos do Islam conseguem alcançar o resultado esperado, que consiste em afastar os muçulmanos de sua religião e da verdadeira doutrina, com menor custo e perda.

Vale lembrar que as inovações na religião não são senão obras e tentações do Satanás, através das quais, tem usado para desviar totalmente as pessoas de sua religião.

Na interpretação do seguinte versículo: “E disseram (uns para os outros): Não abandoneis os vossos deuses, nem tampouco abandoneis Wadda, nem Sua'a, nem Yaguça, nem Ya'uca, nem Nassara” [Alcorão. 71:23], Ibn Abbas (R.A)[2] afirmou que “estes eram nomes de homens virtuosos do povo de Noé, que depois do dilúvio, o Satanás incitou ao povo para que esculpisse pedras para representá-los em suas assembleias. O povo produziu ídolos e denominou, a cada um, de acordo com os nomes daqueles virtuosos sem que os tivessem venerado, mas quando veio outra geração e viveu na ignorância, esta começou a venerá-los[3]”.

Ibn al-Qayyim (que Deus tenha misericórdia dele) ao abordar a respeito dos níveis sedutores do Satanás para com o ser humano, na tentativa de desencaminhá-lo, disse: o Satanás pretende ganhar o ser humano através de sete tipos de obstáculos, cada um mais difícil que o outro e ele nunca desiste, porém quando é incapaz de vencer o ser humano, aplica subsequentemente o menos difícil. Tais obstáculos são os seguintes:

  1. Seduz o ser humano a descrer em Deus, em Sua religião, em Seu encontro, em Seus plenos atributos e no que foi revelado por Seu Mensageiro acerca d’Ele. Se o Satanás conseguir desviá-lo destes objetivos, relaxa e reduz a onda de sua inimizade contra ele, mas quando ele sai vitorioso, o Satanás tenta seduzi-lo recorrendo ao nível inferior dos obstáculos.
  2. Seduzi-lo à inovação, o que consiste na crença do que contraria a verdade de Deus, transmitida através de Seu Mensageiro e Seu Livro. Isso ocorre quando a adoração é executada através de legislação não divina, acompanhada por diversas formas e ações forjadas na religião, as quais, Deus não as recebe. Conduzir o ser humano a prática de inovação é uma ação mais amada por Satanás, visto que invalida a religião dele e o afasta daquilo que Deus revelou através de Seu Mensageiro. O inovador nunca abandona suas ações e pelo contrário, ele convida as pessoas a aderirem; além de consistir em blasfêmia a Deus, é também prática anti-tradição profética. A inovação vai de menor a maior grau até ao ponto de separar a pessoa de sua religião com toda facilidade. Por isso, somente aqueles que são dotados de visão racional conseguem se abstiver das consequências destrutivas da inovação. E quando o ser humano consegue, com sucesso, vencer esta etapa, livrando-se das inovações, seguindo a tradição e ensinamentos do profeta, apegando-se sinceramente neles e seguindo igualmente o exemplo dos companheiros do profeta e de seus seguidores, então, o Satanás aplica outro nível mais baixo para seduzi-lo.
  3. Induzir o ser humano à prática de pecados maiores: quando o Satanás consegue seduzi-lo, adorna os pecados para ele e uma vez desencaminhado, o Satanás começa a sussurrar no ouvido e na língua dele com as seguintes palavras: “Um pecado cometido não prejudica a fé em Deus, da mesma maneira que a boa ação não beneficia quem associar parceiro a Deus”. Se o ser humano conseguir vencer o Satanás nesta fase, então, tenta seduzi-lo no nível mais baixo.
  4. Induzi-lo à prática de pecados menores: Satanás insiste seduzindo o ser humano com as seguintes palavras: “Não serás incriminado ao cometeres os pecados menores, uma vez que te afastaste dos maiores; tu não sabes que os pecados menores são perdoados por abstinência dos maiores e pela prática de boas ações?”. Satanás insiste nisto até levar o ser humano a cometer os pecados maiores. Por isso, o temente, o arrependido esse é o melhor, porque persistir na prática de um pecado é pior que o próprio pecado. Porém, o pecado maior é anulado pelo arrependimento e pedido de perdão, e o pecado menor cresce quando praticado com insistência. O Profeta Mohammad (S.A.W) disse: “Cuidado com o desprezo dos pecados (menores), tal como é o exemplo de um povo que desceu no fundo de um vale, onde este trouxe um pau e outro trouxe um pau até que conseguiram fazer o pão, certamente, o desprezo dos pecados acaba destruindo o seu praticante”[4]. Se o ser humano for salvo desta fase com cautela e observância; com persistência em seu arrependimento e pedido de perdão, e em seguida praticar o bem, então, o Satanás tenta lhe seduzir no nível subsequente.
  5. Tentação a partir das coisas permissíveis: que são aquelas, cujo praticante não é incriminado. Então, o Satanás induz o ser humano a se ocupar com elas mais do que as obrigações e de sua preparação ao Dia do Juízo Final. Em seguida, o ser humano abandona a prática da tradição (sunnat) profética, e finalmente abandona as obrigações. Mas se ele superar estas tentações, então, o Satanás lhe seduz de outro nível.
  6. Tentação a partir das ações mais preferidas no meio das obediências: o Satanás “ordena” o ser humano a praticá-las, depois as adorna aos olhos dele, depois mostra para ele as ações que têm mais benefícios e mais valores para que possa desviá-lo das que têm menos benefícios, porque quando o Satanás for incapaz de fazê-lo perder as que têm mais benefícios e recompensas, então, deseja para que o ser humano perca parcialmente. Desta maneira, Satanás faz com que ele dê atenção àquilo que são boas ações mais que as melhore; prefira as aprovadas mais do que as excelentes e as gostadas por Deus mais do que as amadas.

Há muita coisa que foi inovada na religião e atribuída ao Profeta (S.A.W), apesar de muita advertência contra esta prática. O próprio Profeta (S.A.W) disse: “Mentir por mim difere em mentir por um (de vós), quem mentir por mim que prepare seu lugar no Inferno” [Bukhari].

Ibn Massoud (R.A) - um grande companheiro do Profeta -, disse: “Segui e não inoveis, certamente, tendes o bastante” [At-Tabrani].

 

Dr. Abd Ar-Rahman bin Abd Al-Karim Al-Sheha

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Será que o Islam é uma religião completa?

É sabido que o Islam é uma religião completa e íntegra, o que é testificado pelo próprio Alcorão, Deus diz: “(...) Hoje, completei a religião para vós; tenho-vos agraciado generosamente, e vos aponto o Islam por religião” [5:3].

Deus integrou no Islam tudo aquilo que o ser humano precisa na vida mundana e na Derradeira. Deus diz: “(...) Temos-te revelado, pois, o Livro, que é uma explanação de tudo” [Alcorão. 16:89]. E o que ficou implícito na lei islâmica, cujo Nobre Alcorão é a primeira fonte, então foi explícito na segunda fonte, na Sunnat ou seja, na tradição do Mensageiro de Deus (S.A.W) através da fala, prática ou consentimento, transmitidos a nós através de cadeia de narrativas autenticadas. Deus diz: “(...) Allah revelou-te o Livro e a prudência e ensinou-te o que ignoravas, porque a Sua graça para contigo é infinita” [Alcorão. 4:113].

É também sabido da religião que o Mensageiro de Deus (S.A.W) divulgou integralmente a mensagem, honrou o que lhe foi incumbido e reconciliou os povos, por isso, Deus diz: “(...) E a ti revelamos a Mensagem, para que elucides os humanos, a respeito do que foi revelado, para que meditem” [Alcorão. 16:44].

Certamente, o Mensageiro de Deus (S.A.W) orientou a comunidade muçulmana a tudo que é benéfico e advertiu contra tudo que é maléfico. E ele (S.A.W) disse: “Não houve nenhum profeta que me antecedeu, que não teve a obrigação de orientar seu povo a virtudes que via nele, e adverti-lo contra malefícios[5]”. E quem descrer nisto torna-se incrédulo correlação aos preceitos corânicos revelados ao Mohammad (S.A.W).

O inovador na religião de Deus acredita que ela está incompleta e na visão dele, ao introduzir algo que não é da religião, então, estará completando a parte em falta. O que significa acusar falsamente o Profeta Mohammad (S.A.W) de traidor e de não ter divulgado integralmente a Mensagem que lhe foi incumbido. É como quem afirma que o Islam precisa de inovação a respeito daqueles assuntos que escaparam do Mensageiro de Deus (S.A.W) como forma de completar a religião. Sobre esta matéria o próprio Mensageiro de Deus (S.A.W) disse: “Deixar-vos-ei o caminho (reto), cuja noite e dia são resplandecentes, não se desvia dele senão o perecedor[6]”.

 

 

A regra de introduzir na religião algo que não foi prescrito por Deus e Seu Mensageiro

Deus diz: “Qual! Aqueles que se submeteram a Allah e são caritativos obterão a recompensa, em seu Senhor, e não serão presas do temor, nem se angustiarão” [Alcorão. 2:112]. Quer dizer, qualquer um que for sincero para com Deus, que trabalhar para agradá-Lo, então a fidelidade dele em adoração a seu Senhor, de acordo com a lei que Ele prescreveu, levar-lhe-á ao Paraíso.

Ahmad narrou que segundo Ibn Massoud (R.A) disse: Certa vez, o Mensageiro de Deus (S.A.W) riscou uma linha (no chão) diante de nós e disse: “Este é o caminho de Deus”, em seguida riscou várias a sua direta e esquerda e disse: “Estes são caminhos e em cada um deles, há um diabo convidando (as pessoas) a aderirem”, depois ele leu: “E (o Senhor ordenou-vos, ao dizer): Esta é a Minha senda reta. Segui-a e não sigais as demais, para que estas não vos desviem da Sua. Eis o que Ele vos prescreve, para que O temais” [Alcorão. 6:153].

E o Profeta Mohammad (S.A.W) disse: “A palavra mais verídica é o Livro de Deus, e a melhor orientação é a de Mohammad; a pior prática é inovar algo na religião, e toda inovação conduz à perdição, e toda perdição leva ao Inferno[7]”.

Estes versículos corânicos e ditos do Profeta nos revelam a seriedade em proferir em nome de Deus e Seu Mensageiro sem conhecimento ou forjar algo na religião de Deus, seja ele, palavra, prática ou crença que não foram prescritas por Deus ou Seu Mensageiro. A este respeito Deus diz: “Dize: Meu Senhor vedou as obscenidades, manifestas ou íntimas; o delito; a agressão injusta; o atribuir parceiros a Ele, porque jamais deu autoridade a que digais d'Ele o que ignorais” [Alcorão. 7:33]. E diz ainda: “Não sigas (ó humano) o que ignoras, porque pelo teu ouvido, pela tua vista, e pelo teu coração, por tudo isto serás responsável!” [Alcorão. 17:36]. E diz também: “Quê! Há, acaso, (seres) parceiros (de Allah) que lhes tenham instituído algo a respeito da religião, sem a autorização de Allah?” [Alcorão. 42:21].

Por esta razão, torna-se incrédulo todo aquele que introduzir algo novo na religião, cujo Deus e Seu Mensageiro não instituíram, sobretudo se tomar lícito o que Deus declarou ilícito e vice-versa – quem assim o fizer e não se arrepender, então está na incredulidade, de acordo a explanação do Profeta (S.A.W) a respeito do seguinte versículo: “Tomaram por senhores seus rabinos e seus monges em vez de Allah” [Alcorão. 9:31], o Profeta disse: “Eles (judeus e cristãos) não prestavam adoração a eles (rabinos e monges), mas obedeciam-lhes no que declaravam lícito e ilícito” [Tirmizi].

A severa advertência é dirigida àqueles que se submetem no que eles (rabinos e cristãos) declararam lícito enquanto Deus proibiu e proibiram o que Deus tornou lícito. Segundo o grande teólogo Abdur-Rahman Ibn Saadi “Eles (rabinos e cristãos) instituem leis opostas à religião dos mensageiros de Deus e as pessoas seguem. Elas engrandecem e enaltecem o status de seus santos; invocam junto de suas sepulturas além de Deus; imolam animais a eles, dirigem súplicas e rogam ajuda deles (os santos[8]).

 

 

 

O que é inovação?

Para melhor aclarar o significado de inovação é preciso definirmos o que é a Tradição[9] do Profeta (S.A.W).

A Tradição do Profeta é o que o Profeta Mohammad (S.A.W) e seus companheiros creram e praticaram. De acordo com Al-Hafiz Ibn Rajab – que Deus esteja satisfeito com ele -, “a Tradição é um caminho abraçado que inclui o apego aos ensinamentos do Profeta Mohammad (S.A.W) e de seus Califas[10] bem orientados, tais como crenças, ações, palavras proferidas[11]”. E aderir a Tradição do Profeta de maneira verbal, através de práticas e fé é algo obrigatório, conforme a palavra de Deus: “Realmente, tendes no Mensageiro de Allah um excelente exemplo para aqueles que têm esperança em Allah e no Dia do Juízo Final, e invocam Allah frequentemente” [Alcorão. 33:21].

No entanto, tal como o Profeta (S.A.W) ordenou aos muçulmanos a observarem seus métodos, a seguirem seus passos e exemplos no seguinte dito: “Aconselho-vos a temerdes a Deus, e a ouvirdes e obedecerdes mesmo a um escravo que for posto em autoridade sobre vós! Aqueles dentre vós que sobreviverem a mim, verão uma porção de divergências. É da vossa incumbência seguirdes a minha Tradição (Sunnah) e a Tradição de meus califas devidamente orientados; apegai-vos firmemente a esses preceitos e essas tradições, e tende cuidado com as inovações e invenções quanto à religião! Porque toda inovação leva ao descaminho[12]”.

Segundo Cheikhul Islam Ibn Taimiah – que Deus tenha misericórdia dele - “Mohammad (S.A.W) foi enviado aos homens e aos gênios; aos povos do Livro[13] e aos demais gentios, isto é, em matéria religiosa que compreende realidades latentes e manifestas relativas a sua doutrina, fatos, métodos e legislação. Não há doutrina, nem fatos nem métodos nem leis válidos senão dele, porque ninguém chegará a Deus; alcançará a Sua satisfação; entrará no Seu Paraíso; alcançará a Sua honra e proteção se não seguir a mensagem de Mohammad (S.A.W) de maneira latente e manifesta através de palavras proferidas e ações executadas no íntimo do coração e da doutrina. Deus não coloca ninguém na Sua aliança se não for seguidor íntegro e tiver a convicção no que Ele, o Altíssimo, revelou sobre assuntos incognoscíveis, e se manter firme na obediência do que Ele impôs sobre toda a criatura, que consiste no cumprimento das obrigações e abstinência do ilícito. E aquele que crê na salvação dos descumpridores das obrigações de Deus, os praticantes de ilícitos, sejam eles sãos ou não, aliás, quem acredita que eles são dentre os aliados de Deus, os tementes, os bem-aventurados, os servos virtuosos, os homens da força mais próximos a Ele, cujas categorias são elevadas pela sabedoria e fé, mesmo que eles (os descumpridores) continuarem na desobediência das obrigações e persistência nas obscenidades, então esse pensamento é incrédulo e torna a pessoa apóstata do Islam e livre do testemunho da crença de Mohammad (S.A.W) como enviado de Deus. Porém, a pessoa se torna também incrédula do testemunho de Mohammad a respeito do que este anunciou sobre Deus, sendo que os aliados de Deus são os crentes tementes. Deus, o Altíssimo diz: “Não é, acaso, certo que os diletos (aliados) de Allah jamais serão presos do temor, nem se angustiarão? Estes são os fiéis e são tementes” [Alcorão. 10:62-63]. E diz também noutra passagem: “Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Allah, é o mais temente. Sabei que Allah é Sapientíssimo e está bem inteirado” [49:13].

O temor referido aqui consiste na obediência do homem a Deus, através da luz de Deus, vive com a esperança da misericórdia de Deus, evita a desobediência a Deus, teme o tormento de Deus e o aliado de Deus só se aproxima d’Ele através da execução das ações obrigatórias e facultativas. Deus, o Altíssimo, num Dito Sagrado através de Seu Profeta, diz o seguinte: “A Mim aproxima-se Meu servo no cumprimento exato das Minhas prescrições e o Meu servo que persiste em se aproximar a Mim através das (ações) voluntárias alcança o Meu amor” [Bukhari].

O significado genérico de inovação

Inovar significa originar algo que nunca existiu. Deus, o Altíssimo diz: “Ele é o Originador dos céus e da terra e, quando decreta algo, basta-Lhe dizer: "Seja!" e ele é” [Alcorão. 2:117].

Na interpretação deste versículo, o teólogo Abdur-Rahman – que Deus esteja satisfeito com ele – afirma que Deus criou os céus e a terra com perfeição e sem exemplo precedente[14]. E na mesma linha terminológica Deus diz: “Dize-lhes (mais): Não sou um inovador entre os mensageiros” [Alcorão. 46:9].

Ainda de acordo com Abdur-Rahman, o versículo indica a seguinte mensagem: “Eu não sou o primeiro dos mensageiros que vos chegou para estranhardes minha mensagem e rejeitardes meu convite, certamente, antes de mim, passaram outros mensageiros e profetas, cuja minha mensagem concorda com a deles, então, por que negais o meu convite?[15]”.

As duas divisões da inovação

  1. Inovação na Religião: É tudo que foi introduzido na religião de Deus oposto àquilo cujo Profeta (S.A.W) e seus companheiros fizeram, seja fé ou prática. Este tipo de inovação é proibida de acordo com o texto corânico. Deus diz: “A quem combater o Mensageiro, depois de haver sido evidenciada a Orientação, seguindo outro caminho que não o dos crentes, abandoná-lo-emos em seu erro e introduziremos no inferno. Que péssimo destino!” [4:115].

O Mensageiro de Deus (S.A.W) disse: “Toda minha comunidade (islâmica) entrará no Paraíso, salvo aquele que não quiser”, disseram, ó Mensageiro de Deus! e quem não quer? Ele disse: “Quem me obedecer entrará no Paraíso e quem me desobedecer esse negou (entrar no Paraiso)” [Bukhari].

Segundo Cheikhul Islam Ibn Taimiah – que Deus tenha misericórdia dele – foi por isso que Deus nos ordenou a dizer, em cada oração: “Guia-nos à senda reta; à senda dos que agraciaste; não à dos abominados, nem à dos extraviados” [Alcorão. 1:6-7]. Os abominados são aqueles que conhecem a verdade, mas praticam o contrário, enquanto que os extraviados são os que adoram a Deus sem ciência, mesmo sabendo que o que fazem contraria as prescrições do Livro e da Tradição do Profeta[16].

 

    1. Três subdivisões da inovação na religião

1ª Subdivisão: Inovação à incredulidade: é aquela, que quando praticada, torna o praticante apóstata do Islam. Este tipo de inovação é relativo à doutrina, por exemplo: imolar animais em nome de outro além de Deus, ou circundar numa sepultura ou invocar além de Deus – sobretudo naquilo em que ninguém tem autoridade além de Deus – e outras práticas religiosas semelhantes, as quais, só podem ser dirigidas a Deus. Deus diz: “Dize: Minhas orações, minhas devoções, minha vida e minha morte pertencem a Allah, Senhor do Universo; Que não possui parceiro algum, Tal me tem sido ordenado e eu sou o primeiro dos muçulmanos” [Alcorão. 6:162-163].

2ª Subdivisão: Inovação condutora à apostasia: consiste, por exemplo, na construção de campas sobre sepulturas, na colocação de sistema de iluminação nelas, na prestação de orações e invocação diante delas. Por isso o Profeta (S.A.W) proibiu os muçulmanos a transformarem a sepultura dele em lugar de celebrações, por receio de ser venerado além de Deus. Ele (S.A.W) então disse: “Não torneis vossas casas em sepulturas e nem façais festividades na minha sepultura, mas sim, rogai as bênçãos de Deus a meu favor, certamente, elas me alcançarão por onde eu estiver” [Abu Daud].

3ª Subdivisão: Inovação classificada como desobediência: como por exemplo, o celibato, o jejum ininterrupto, o pernoitar eternamente por adoração, e etc. Isto é, de acordo com a narrativa de Anas Ibn Malik – que Deus esteja satisfeito com ele - chegaram três homens a casa das esposas do Profeta (S.A.W) inquerindo pelos atos dele quanto ao culto. E, uma vez informados, aquilo lhes pareceu insuficiente, e disseram: “Não estamos em condição de nos comparar com o Profeta, pois que lhe foram perdoadas as faltas, tanto anteriores como posteriores”. Um deles disse: “O que farei será permanecer-me durante a noite, em oração, por toda a vida”. O segundo disse: “E eu jejuarei durante o dia pelo resto da minha vida”. O terceiro disse: “Eu me privarei de relacionar-me com as mulheres, e jamais me casarei”. Mais tarde, o Mensageiro de Deus (S.A.W) disse: “Fostes vós que dissestes isto e aquilo? Se é assim, juro-vos por Deus que sou o que mais teme a Deus e o mais devoto; mesmo assim, observo o jejum e o quebro, e me levanto para orar à noite, mas também me deito, e também me caso com as mulheres. Então, quem se recusar a seguir o meu exemplo não será dos meus” [Bukhari e Muslim].

Está evidente, doravante, que todo aquele que adorar a Deus através de algo cuja prescrição não é de Deus ou de Seu Mensageiro (S.A.W) ou de califas orientados, então isso constitui inovação, tal como o próprio Profeta (S.A.W) disse: “Aconselho-vos a temerdes a Deus, e a ouvirdes e obedecerdes mesmo a um escravo que for posto em autoridade sobre vós! Aqueles dentre vós que sobreviverem a mim, verão uma porção de divergências. É da vossa incumbência seguirdes a minha Tradição (Sunnah) e a Tradição de meus califas devidamente orientados; apegai-vos firmemente a esses preceitos e essas tradições, e tende cuidado com as inovações e invenções quanto à religião! Porque toda inovação leva ao descaminho[17]”.

  1. Inovação mundana

É tudo que é inovado no mundo sem qualquer relação com a lei islâmica como, por exemplo, as invenções tecnológicas e etc. Este tipo de inovação é permissível e não se insere na categoria da inovação na religião. Aliás, não é este tipo, do qual, o Mensageiro de Deus (S.A.W) advertiu, uma vez que a essência das coisas mundanas é a permissão caso não haja qualquer proibição religiosa. Assim como é permitido estabelecer boas relações com todos, desde que isso não fira a lei islâmica, caso contrário, considerar-se-á uma relação corrupta e não inovação como tal, por não fazer parte da adoração.

 

 

 

O tratamento legal a respeito da inovação na religião

Uma vez que já sabemos que ao prestarmos o testemunho que “Mohammad é Mensageiro de Deus”, implica, obrigatoriamente, obedecer as suas ordens, crer no que anunciou, abster-se do que proibiu e condenou, e adorar a Deus de acordo a sua legislação, então, fica claro que devemos renunciar e rejeitar qualquer prática inovadora na religião. A respeito disto, Deus, o Altíssimo diz: “(...) Que temam, aqueles que desobedecem às ordens do Mensageiro, que lhes sobrevenha uma provação ou lhes açoite um doloroso castigo” [Alcorão. 24:63]. E o Profeta (S.A.W) disse: “Aquele que tentar introduzir em nossa religião algo que não faça parte dela será rechaçado” [Bukhari e Muslim]

Huzaifah Ibn al-Yamane (R.A) narrou que as pessoas costumavam inquerir o Profeta a respeito das boas aventuras, e eu lhe inqueria sobre as adversidades pelo medo de me alcançarem, e eu disse: Ó Mensageiro de Deus! Certamente nós estávamos mergulhados na ignorância e adversidade, e Deus as substituiu por este bem (Islam). Será que virá alguma adversidade após esta boa aventura? O Profeta respondeu: “Sim”, e eu disse: após essa adversidade virá algum bem? Ele disse: “Sim, mas será denigrido! Perguntei-lhe: de que forma? Ele disse: “Virá um povo que inovará o contrário da minha Tradição, não se guiará através da minha orientação, e misturará o certo com o abominável”. Eu disse: e depois haverá outra adversidade? Ele disse: “Sim, surgirão pregadores diante da porta do Inferno, e aquele que atender o convite deles, eles o atirarão no Fogo”. Perguntei de novo: Ó Mensageiro de Deus! caracterize-os para nós? Ele disse: “Sim, será um povo semelhante a nós, falante do nosso idioma”. Eu disse: Ó Mensageiro de Deus! que tu me aconselhas caso isso me alcance? Ele respondeu: “Apega-te a comunidade e a sua liderança (seguidora do Alcorão e da minha tradição)”. Perguntei-lhe: E se por acaso não houver comunidade e liderança alguma? Ele disse: “São seitas, então, afasta-te de todas elas e sê firme até a morte te alcançar[18]”.

Abdullah Ibn Massoud (R.A) narrou que o Mensageiro de Deus (S.A.W) disse: “Estarei a vossa dianteira (no Dia do Juízo Final) para dar-vos de beber do poço; alguns dentre vós serão erguidos e retirados, e eu direi: Ó Senhor meu, são meus companheiros! Ser-me-á dito, certamente tu não sabes o que eles inovaram depois de ti[19]”. Anas Ibn Malik (R.A) narrou que o Mensageiro de Deus (S.A.W) disse: “Por certo, Deus vetou o arrependimento para todo inovador (na religião)[20]”.

O Mensageiro de Deus (S.A.W) havia advertido sobre tentações que acometeriam às pessoas depois de sua morte, e orientou que a única saída consiste na observância e cumprimento dos preceitos do Alcorão e da sua Tradição, afastando-se das inovações. Abu Hurairah (R.A) narrou que o Profeta Mohammad (S.A.W) disse: “Ocorrerão tentações diversas; aquele que se assentar sobre elas será melhor que aquele que permanecer em pé, e este será melhor que aquele que caminhar sobre elas, e este último será melhor que aquele que se esforçar por elas; dominarão e destruirão todo aquele que se enobrecer por elas, por isso, aquele que conseguir um abrigo ou refúgio contra elas, que o faça”. [Bukhari e Muslim].

 

 

 

Algumas declarações dos estudiosos e comentaristas [21] a respeito da reprovação das heresias.

Omar Ibn al-Khattab (R.A) advertiu dizendo: “Cuidado com os portadores de opiniões, eles são inimigos da Tradição (sunnah) do Profeta e incapazes de observá-la, porque julgam segundo o achismo, por isso eles e os que lhes seguirem estão na perdição[22]”.

Ibn Abbas (R.A) disse, quanto ao comentário do versículo: “Chegará o dia em que uns rostos resplandecerão e outros se ensombrecerão[23]”, os que terão rostos resplandecentes são os seguidores da Tradição (sunnah) e da comunidade muçulmana e os dotados de sabedoria; já os de rostos ensombrecidos são os portadores de inovações, os desencaminhados[24].

De acordo com Omar Ibn Abdul Aziz (que Deus tenha misericórdia dele): O Mensageiro de Deus (S.A.W) e seus governantes instituíram regras (Tradições, “sunnah”) cujo seu cumprimento constitui a confirmação da fé no Alcorão, complemento da obediência à Deus, restabelece a força da religião e ninguém está autorizado de substituí-las ou mudá-las. Estará na senda reta quem segui-las e aquele que recorrer nelas sairá vitorioso; e aquele que contrariá-las e seguir além da senda dos crentes, terá o Inferno como finalidade. Que péssimo destino![25]

Al-Fadhul Ibn Iyadhi (que Deus tenha misericórdia dele) sugere o seguinte: Se cruzares com um herege pelo caminho, desvia-te para o outro, pois, Deus não recebe as ações dele, e aquele que prestar apoio ao herege certamente contribuiu pela destruição do Islam[26].

Sufian al-Thawri (que Deus tenha misericórdia dele) disse: O diabo ama a inovação na religião mais que da desobediência, porque esta é perdoada enquanto que a inovação, não[27].

Ibn al-Qayyim (que Deus tenha misericórdia dele) disse: "Se os corações se ocuparem com as heresias, contrariarão a Tradição (sunnah) do Profeta".

 

 

 

Equívocos rechaçados a respeito da boa inovação no Islam

Os desinstruídos em matéria religiosa se apoiam no dito do Profeta (S.A.W) para provarem a permissão da propagação de suas inovações. O Profeta disse: “Aquele que introduzir no Islam uma boa Sunnah[28] será recompensado por ela e por aquele que for a praticá-la, sem que com isso tenha diminuído as recompensas de cada um deles; e aquele que introduzir uma má Sunnah carregará os seus pecados e os pecados daquele que for a praticá-la, sem que com isso tenha diminuído os pecados de cada um deles[29]”.

A resposta a esta alegação é a seguinte: O mesmo Profeta que disse “aquele que introduzir no Islam uma boa Sunnah”, disse também que “toda heresia na religião leva à perdição”. É preciso observar que o Profeta não se contradiz em ambas declarações, e isso fica bem evidente ao notar-se que ele está falando da introdução de uma boa Sunnah e a heresia não faz parte do Islam. Ele (S.A.W) usou a palavra “boa” e não existe uma boa heresia, ou seja, “uma boa inovação”. A diferença entre heresia/inovação e Sunnah, é que a expressão “introduzir uma Sunnah” quer dizer, reviver alguma Sunnah prescrita pelo Profeta que ficou impraticada e esquecida por motivos diversos e implícitos. O contexto, no qual, o Profeta fez esta declaração reforça esta explanação.

Certo dia, um grupo de pessoas que estava passando necessidades foi ter com o Profeta (S.A.W) e este pediu aos muçulmanos para que doassem a elas. Um homem, dentre os Ansuari[30], chegou com um cubo de prata pesado em suas mãos e entregou ao Profeta (S.A.W). O rosto do Profeta ficou comprazido e alegre, e disse: “Aquele que introduzir no Islam uma boa Sunnah será recompensado por ela e por aquele que for a praticá-la, até o Dia da Ressureição” [Muslim]. Com base nisto, o termo “Sunnah” toma o significado de reviver uma ação e não legislar algo novo, o que é proibido de acordo com o dito profético: “Toda heresia (inovação) leva à perdição[31]”.

O grande teólogo, Abdul Aziz Ibn Baaz (que Deus tenha misericórdia dele) afirma que não há contradição nos ditos do Profeta (S.A.W) - de acordo com o consenso de estudiosos -, porque todos concordam que o dito profético, supracitado, refere a vivificação da Tradição (Sunnah). Por exemplo, um sábio que está em uma região onde as pessoas não dispõem do conhecimento do Alcorão e da Tradição do Profeta, no entanto, para vivificá-la, ele começa a introduzir nas pessoas os ensinamentos corânicos e proféticos; ou por outro, um sábio que chegou diante de uma região onde as pessoas raspam ou encurtam a barba, e ele as orienta a criarem, desta forma revivendo-se a Tradição profética através dele, e por conseguinte, ele é recompensado por esta ação e por todos aqueles que seguirem a orientação dele. O Mensageiro de Deus (S.A.W) disse: “Sede diferentes dos politeístas, encurtai o bigode e deixai crescer a barba” [Bukhari e Muslim].

Se as pessoas observarem no sábio, que está dando exemplo na criação da barba e recomendando a elas a seguirem o mesmo, vivificando nelas a Tradição ou qualquer outra prática de adoração, ao ponto de iluminar a ignorância delas, então, toda aquela que revivê-la ou promovê-la dentre elas, considera-se que “introduziu no Islam uma boa Tradição (Sunnah)”. Ou seja, deu visibilidade aos ensinamentos do Islam, e por esta razão considera-se que introduziu no Islam uma boa prática e não se refere inovar algo que não foi prescrita por Deus, pois, toda inovação conduz à perdição de acordo o Profeta (S.A.W): “E tende cuidado com as inovações e invenções quanto à religião! Porque toda inovação leva ao descaminho”.

Outro argumento usado por hereges na promoção de suas inovações e convencimento de corações das pessoas é referente a ação de Omar Ibn al-Khattab (R.A), quando este congregou os muçulmanos para a realização da oração de Taraweeh[32] no mês de Ramadão e disse: “Que boa inovação!”, mas Omar, neste contexto, estava se referindo a inovação em termo linguístico e não legislativo, porque a oração de Taraweeh foi instituída pelo Profeta e não foi inovada por Omar. O profeta congregou os muçulmanos durante três noites dirigindo a oração, e depois interrompeu, e justificou-se dizendo: “Tenho receio de tornar-se obrigatória e vós não serdes capazes (de realizá-la)[33]”. Ou seja, ele somente evitou voltar a rezar Taraweeh em conjunto.

Enquanto o Profeta em vida e após sua morte, os muçulmanos continuaram rezando Taraweeh na mesquita de maneira isolada. Cada um rezava individualmente. Foi quando Omar (R.A) decidiu juntá-los sob um imame – isto é, após a morte do profeta -, época em que já haviam assegurado que a oração de Taraweeh jamais lhes seria imposta como obrigatória. Foi daí que Omar disse “Que boa inovação!”. Mais uma vez, fica bem claro, que a oração Taraweeh foi legislada e estabelecida pelo Profeta (S.A.W) e não por Omar (R.A), mas ele parou de rezar junto com os seus companheiro por receio de ser tornada como obrigatória para os muçulmanos, por isso, a referência de Omar indica uma noção de introdução de algo novo linguisticamente e não como legislador.

 

 

 

A nossa posição quanto ao inovador

Deus, o Altíssimo, diz: “Segui o que vos foi revelado por vosso Senhor e não sigais outros protetores em lugar d'Ele. Quão pouco meditais!”, [Alcorão. 7:3].

Um inovador tem as seguintes características: A sua ação de inovar pode ser causada por ignorância, acabando por despromover e dissuadir a própria inovação. Este tipo de inovador deve ser ensinado e orientado através de evidências do Alcorão e da Tradição do Profeta (S.A.W) que comprovam a invalidez de suas inovações e a violação da legislação islâmica. Ou sua ação de inovação é motivada por caprichos e aberrações. Quanto a este tipo, deve ser chamado atenção para lembrar-se de Deus e a temê-Lo; as evidências da lei islâmica devem ser apresentadas a ele com prudência e bom modo a respeito da invalidade de suas crenças. Se ele recusar-se, opuser-se, ensoberbecer-se e insistir em sua inovação deve ser-lhe apresentado evidências e advertências para que as pessoas se afastem dele e de suas inovações.

Quando se trata da inovação à apostasia surge a obrigatoriedade de se afastar do inovador, sobretudo se for insistente. Mas se a inovação for de outra natureza deve-se analisar a medida. Se for necessário, o inovador deve ser excluído para o bem dos muçulmanos, mas se não constituir perigo, então, deve ser tolerado para que não seja usado pelo Diabo, com a esperança de ele aceitar os conselhos dados. A não exclusão dele é devido a orientação do Profeta (S.A.W) que disse: “Está vedado a um muçulmano repudiar seu irmão (muçulmano) a mais de três dias[34]”.

O método religioso adotado por nossos antepassados – primeiros muçulmanos -, a partir do Alcorão e da Tradição profética comprova a invalidade de toda inovação. Tantos os teólogos como os muçulmanos em geral são incumbidos o dever de reprovar toda ação inovada que carece de fundamento do Alcorão e do Profeta (S.A.W). Se o muçulmano tiver capacidade de evidenciar contra qualquer inovação, então, que o faça, ou que reporte o caso aos teólogos estudiosos para que possam emitir declarações de repúdio.

 

 

 

As causas da aparição de inovações na religião

  • A abstinência da aplicabilidade da lei divina e a busca de satisfação além d’Ele. Deus, o Altíssimo diz: “Ó crentes, obedecei a Allah, ao Mensageiro e às autoridades, dentre vós! Se disputardes sobre qualquer questão, recorrei a Allah e ao Mensageiro, se é que credes em Allah e no Dia do Juízo Final, porque isso vos será preferível e de melhor alvitre” [Alcorão. 4:59].
  • O afastamento e abandono da aplicabilidade da Tradição (sunnah) do Profeta Mohammad (S.A.W). Quando o muçulmano se afasta dos ensinamentos do Profeta, se aproxima à prática de heresias. E a Tradição do Profeta, que consiste em suas falas, práticas e consentimentos, apresenta o suficiente para qualquer muçulmano sem precisar recorrer às inovações. Ele (S.A.W) disse: “Certamente, deixei convosco duas coisas, com elas jamais estareis desencaminhados, (elas são) o Livro de Deus e a minha Tradição (sunnah)[35]”.
  • O abandono do Alcorão; falta de meditação em seus preceitos, falta da recordação de Deus e ignorância em matérias religiosas. Deus diz: “Mas a quem se afastar da Mensagem do Clemente destinaremos um demônio, que será seu companheiro inseparável” [Alcorão. 43:36].
  • A negação da verdade. Deus diz: “Quando lhe é dito que tema a Allah, apossa-se dele a soberbia, induzindo-o ao pecado. Mas o inferno ser-lhe-á suficiente castigo. Que funesta morada!” [Alcorão. 2:206].
  • Eleição de líderes ignorantes ou pervertidos. O Profeta (S.A.W) disse: “Por certo, Deus não elimina o conhecimento extinguindo-o dos servos, mas sim o elimina com a morte dos sábios, até que estes não sobrem mais, então, as pessoas elegerão cabeças (líderes) ignorantes que quando questionados responderão sem ciência, desencaminhando a si mesmos e a outros”. [Bukhari].
  • Limitação em leituras de livros para perceber a religião e o abandono de métodos dos teólogos consagrados. Segundo o provérbio árabe “Aquele que toma seu livro como professor seus erros são maiores que seus acertos”. A este contexto inclui-se também a leitura de livros de autores e de conteúdo duvidosos. Certa vez, Omar Ibn al-Khattab (R.A) apresentou e leu diante do Profeta (S.A.W) um texto que havia adquirido com alguns Povos do Livro[36]. O ato fez o Profeta ficar irado e disse: “Ó Omar Ibn al-Khattab! confundíeis a vossa religião (ao ponto de recordes aos povos do Livro)? Em nome d`Aquele cuja minha alma está em Sua mão, eu trouxe-vos (o Islam) puro. Não lhes inquirais sobre algo, que informar-vos-ão alguma verdade e vós desmentirão ou informar-vos-ão alguma falsidade e vós crerão nela. Em nome d`Aquele cuja minha alma está em Sua mão, se o profeta Moisés estivesse vivo não seguiria (ninguém) além de mim[37]”.
  • A não disseminação da verdadeira ciência por causa do silêncio dos estudiosos e da ocultação do conhecimento. Deus diz: Aqueles que ocultam as evidências e a Orientação que revelamos, depois de as havermos elucidado aos humanos, no Livro, serão malditos por Allah e pelos que amaldiçoam[38]. Salvo os que se arrependeram, emendaram-se e declararam (a verdade); a estes absolveremos porque somos o Remissório, o Misericordiosíssimo” [Alcorão. 2:159-160].
  • O extremismo na religião é uma das razões do surgimento do politeísmo e heresia. O Profeta Mohammad (S.A.W) disse: “Tende cuidado com o extremismo na religião, certamente o extremismo causou a destruição das gerações antepassadas[39]”.
  • Dependência do achismo a respeito de matérias religiosas. Deus diz: “Não é dado ao crente, nem à crente, agir conforme seu arbítrio, quando é Allah e Seu Mensageiro que decidem o assunto. Sabei que quem desobedecer a Allah e ao Seu Mensageiro desviar-se-á evidentemente” [Alcorão. 33:36].
  • Seguir e amar as compaixões e a luxúria. Deus diz: “Não tens reparado, naquele que idolatrou os seus vãos desejos! Allah extraviou-o com conhecimento, sigilando os seus ouvidos e o seu coração, e cobriu a sua visão. Quem o iluminará, depois de Allah (tê-lo desencaminhado)? Não meditais, pois? [Alcorão. 45:23].
  • O fanatismo abominável; o seguimento a regras dissociadas a lei islâmica; a obediência cega baseada em ignorância ou falta de orientação e a contraposição do Alcorão e dos ensinamentos do Profeta (S.A.W). Deus diz: “Quando lhes é dito: Segui o que Allah revelou! Dizem: Qual! Só seguimos as pegadas dos nossos pais! Segui-las-iam ainda que seus pais fossem destituídos de compreensão e orientação?” [Alcorão. 2:170].
  • Juntar-se e acompanhar os malfeitores e os corruptos: Deus diz: “Será o dia em que o injusto morderá as mãos e dirá: Oxalá tivesse seguido a senda do Mensageiro! Ai de mim! Oxalá não tivesse tomado fulano por amigo. Porque me desviou da Mensagem, depois de ela me ter chegado. Ah! Satanás mostra-se um traidor do homem!” [Alcorão. 25:27-29].
  • O abandono da exortação para a prática do bem e a condenação do mal. Deus diz: “E que surja de vós uma nação que recomende o bem, dite a retidão e proíba o ilícito. Esta será (uma nação) bem-aventurada” [Alcorão. 3:104]. A este respeito o Mensageiro de Deus (S.A.W) disse: “Todo profeta anterior a mim, que foi enviado por Deus a uma nação, teve discípulos e devotados companheiros, que lhe seguiram o exemplo e puseram em prática as suas ordens. Porém, depois disso vêm gerações que incitam ao mal, dizem o que não fazem, e fazem o que não lhes é mandado fazer. Pois bem, aquele que os combater com suas próprias mãos será um crente; aquele que os combater com palavras será também um crente, e aquele que os combater com o coração será também um crente. A partir daí não haverá uma mostra de fé, nem que seja do peso de um grão de mostarda” [Muslim].
  • O seguimento de alegorias dos assuntos religiosos, Deus diz: “Ele foi Quem te revelou o Livro; nele há versículos fundamentais, que são a base do Livro, havendo outros alegóricos. Aqueles cujos corações abrigam a dúvida, seguem os alegóricos, a fim de causarem dissensões, interpretando-os ardilosamente. Porém, ninguém, senão Allah, conhece a sua verdadeira interpretação. Os sábios dizem: Cremos nele (o Alcorão); tudo emana do nosso Senhor. Mas ninguém o admite, salvo os sensatos” [Alcorão. 3:7].
  • Conceder clemência quanto aos crimes cometidos por governantes. Associa-se ainda a este caso, o amor aos inimigos da religião, porque tal afinidade leva, gradualmente, a seguir seus exemplos. Abi Uaqid al-Laici (R.A) narrou que quando o Mensageiro de Deus (S.A.W) conquistou Meca, saiu com eles em direção a Hawazin (entre Meca e Toáifa), e ao passar diante da árvore de physalis dos idolatras, a qual prestam seus cultos e ganchavam. Dissemos: ó Mensageiro de Deus! Faça-nos um gancho tal como o deles. Ele (S.A.W) disse: “Deus é o Maior! São elas tradições, semelhantes àquelas, cujos filhos de Israel rogaram a Moisés dizendo: ó Moisés faça-nos um deus assim como eles têm deuses e ele disse: vós sois ignorantes”, e depois o Mensageiro de Deus disse: “Porventura segui as tradições daqueles que vos antecederam (cristãos e judeus)[40]?”.
  • Empreender esforço em assuntos que não oferecem espaço para tal, e a distorção na interpretação dos dispositivos legais. Quanto a este tipo de pessoa, cabe a advertência sobre a existência de textos falsos e mentirosos que foram atribuídos ao Mensageiro de Deus (S.A.W), pelo que não se deve recorrer ou promover tais mentiras. Há também ditos (hadices) considerados de fraca cadeia narrativa – apesar de alguns peritos não encontrarem problemas em referenciá-los no que diz respeito à valorização das ações praticadas com a condição de não divergir com qualquer dito (hadice) autêntico do Profeta – quanto se trata de assuntos de adoração, tais ditos fracos não podem ser aplicados. Porque nada pode ser aplicada caso não conste do Mensageiro de Deus (S.A.W).

 

 

Requisitos para a validação das ações

As práticas de adoração do servo são válidas perante Deus somente se preencherem dois requisitos.

  • O primeiro requisito consiste na sinceridade a Deus, de acordo com a palavra de d’Ele que diz: “E lhes foi ordenado que adorassem sinceramente a Deus, fossem monoteístas, observassem a oração e pagassem o zakat[41]; esta é a verdadeira religião” [Alcorão. 98:5]. E num Dito sagrado Deus diz: “Eu Sou o Todo Possuidor, que ninguém pode me associar; àquele que Me associar algo em sua ação, junto com seu sócio, os abandonarei [42]”.
  • O segundo requisito consiste na lealdade ou seja, a ação praticada deve ser de acordo com os ensinamentos do Mensageiro de Deus (S.A.W) e para tal é preciso observar seis condições:
  1. A causa: se um servo, ao adorar Deus, associar sua adoração a algo que não foi prescrito na lei islâmica, considerar-se-á herege e será rechaçado. Por exemplo: certas pessoas pernoitam o vigésimo sétimo dia do mês de Rajab[43], alegadamente, por ser à noite, na qual, o Profeta (S.A.W) ascendeu aos céus. A oração de Tahajjud[44] é uma das adorações prescritas no Islam e recomendável sua realização, mas ela se torna uma inovação rechaçada se for realizada por causa do fenômeno ocorrido – ascensão -, porque essa associação não foi instituída na lei islâmica. O princípio da ação concordante com a causa é de extrema importância, porque desvenda tudo que for inovado e alegado fazer enquanto não provém da Tradição do Profeta (S.A.W).
  2. A espécie: é necessário que a adoração seja feita de acordo com a especificidade legislada. Se uma pessoa adorar a Deus através de modelos não prescritos, não lhe será aceite. Por exemplo: imolar um cavalo é contrário a lei, por não ser das espécies dos animais estabelecidos para tal. No entanto, só podem ser imolados os seguintes: camelo, bovino e ovino.
  3. A quantidade: se uma pessoa quiser adicionar ao Islam mais uma oração, pelo fato de ser obrigatória, ela constituirá algo novo inaceitável porque contraria a lei islâmica. Por exemplo, a oração de meio-dia é composta por quatro ciclos e se for acrescido mais um, somando cinco ciclos, ela torna-se inválida.
  4. O modo: se uma pessoa abluir-se começando dos pés, depois a cabeça, as mãos e finalizando a lavagem do rosto, certamente sua ablução é inválida por ter contrariado a regra legal que estabelece a sequência.
  5. O tempo: se uma pessoa imolar o animal no início do mês de Dhul-Hijjah[45] seu sacrifício será inválido por ter contrariado o tempo preestabelecido para tal.
  6. O lugar: se um homem fizer o Retiro Espiritual (Iitikaf) noutro lugar que não seja dentro da mesquita, seu Retiro é inválido porque ele deve ocorrer somente na mesquita.

Os perigos da inovação

A inovação na religião gera muitos malefícios e grandes perigos, porque é uma das portas, através da qual, os inimigos do Islam entram para destruí-lo. Que cada de nós evite ser a causa da destruição do Islam e evite prestar qualquer apoio material ou de outra natureza a um inovador ou a própria inovação. A inovação representa um caminho eficiente, usado pelos inimigos do Islam, com objetivo de dividir os muçulmanos, fragmentar seus esforços e mantê-los desunidos. A aparição e disseminação de inovação causam a destruição e enfraquecimento dos ensinamentos do Profeta (S.A.W); provocam o esquecimento e a perdição dos princípios e das bases da religião, resultando, consequentemente, no total abandono dos preceitos – que Deus nos livre disso! O Mensageiro de Deus (S.A.W) disse: “Dividir-se-á minha nação entre 73 a 79 seitas, a mais perigosa será aquela que julgará os assuntos religiosos conforme seus pensamentos, proibirá o lícito e aprovará o ilícito[46]”.

É necessário que cada um de nós relacione tudo que pretende fazer ou proferir no que diz respeito a questões de adoração com os preceitos corânicos, com a Tradição profética e com as práticas dos califas. Se for em conformidade com estas fontes, então, se apega neles com acepção. Ele (S.A.W) disse: “Certamente, deixei convosco duas coisas, com elas jamais estareis desencaminhados, (elas são) o Livro de Deus e a minha Tradição (sunnah)[47]”.

Tudo que contraria as duas fontes deve ser rechaçado e despromovido, porque o Mensageiro de Deus (S.A.W) disse: “Mentir por mim difere em mentir por um (de vós), quem mentir por mim que prepare seu lugar no Inferno” [Bukhari].

O Islam foi prescrito por Deus, o Altíssimo, através de Seu Mensageiro, por isso, tudo o que ele não advogou e nem pregou não faz parte da religião de Deus. E quem almeja a salvação e a prosperidade que siga o exemplo do Mensageiro de Deus (S.A.W), porque ninguém conseguirá alcançar a satisfação e o amor de Deus se não seguir a orientação, os passos e os métodos do Mensageiro de Deus. Por isso, Deus diz: “Dize: Se verdadeiramente amais a Allah, segui-me; Allah vos amará e perdoará as vossas faltas, porque Allah é Indulgente, Misericordiosíssimo” [Alcorão. 3:31]. É preciso seguir totalmente o Profeta e abandonar qualquer lealdade com outros, porque nenhum ser humano está isento do pecado, do amor a paixões e caprichos.

 

 

 

A advertência

Abdullah Ibn ad-Dailami disse: Aprendi que o abandono da Tradição (Sunnah) do Profeta é a primeira forma da destruição da religião, e a religião será destruída com a eliminação gradual da Tradição do Profeta, da mesma maneira que uma corda elimina gradualmente a rigidez.

Cada um de nós deve aderir à Tradição do Profeta (S.A.W) e pautar a sinceridade na sua implementação porque o bem consiste em seguir os passos dele e apegar-se de sua Tradição, abandonando tudo que foi introduzido na religião. Cabe também a cada um de nós, caso testemunhe ou ouça qualquer coisa que viola a lei de Deus ou acrescenta algo novo, que não faz parte dela, aconselhar e demonstrar a verdade, desta forma obterá a honra como defensor da religião de Deus e de sua bandeira. O Profeta (S.A.W) disse: “Divulgai de mim mesmo que seja um verso[48]”.

Cada um de nós tem a obrigação de intervir e combater as inovações dentro de suas capacidades, conforme a orientação do Profeta (S.A.W) que disse: “Quem dentre vós presenciar uma ação ilícita, que se oponha a ela com suas mãos; se não puder, que o faça com suas palavras; se também não puder, que o faça com o coração, sendo que esta é a mostra mais débil da fé” [Muslim].

Ao intervir e pregar contra as inovações, é necessário observar metodologicamente a ordem divina. Deus diz: “Convoca (os humanos) à senda do teu Senhor com sabedoria e uma bela exortação; dialoga com eles de maneira benevolente, porque o teu Senhor é o mais Conhecedor de quem se desvia da Sua senda, assim como é o mais Conhecedor dos encaminhados” [Alcorão. 16:125].

O conhecimento não pode ser adquirido de qualquer um, simplesmente pelo fato de a pessoa alegar que é sábia, mas sim deve ser adquirido a partir daqueles que são fidedignos na religião e na sabedoria; são humildes, tementes e fieis. O Profeta (S.A.W) disse: “Os sábios são os herdeiros dos profetas, e os profetas não deixaram nem moedas de ouro nem de prata, mas deixaram o conhecimento, quem adquiri-lo estará conquistando algo valioso[49]”.

É preciso lembrarmos sempre do Dito do Profeta (S.A.W) que diz “Aquele que indicar o caminho reto a alguém terá a mesma recompensa daquele que o tiver seguido, sem que isso lhe diminua em nada as suas próprias recompensas. E aquele que indicar alguém ao extravio incorrerá no mesmo pecado daquele que lhe ouviu o incitamento, sem que isso diminua em nada os seus próprios pecados” [Muslim].

Em contrapartida, aquele que indicar alguém à maldade – e a inovação é uma das maldades -, carregará o seu pecado e o de quem o segue. Pois, o Mensageiro de Deus (S.A.W) disse: “A palavra mais verídica é o Livro de Deus, e a melhor orientação é a de Mohammad; a pior prática é inovar algo na religião, e toda inovação conduz à perdição, e toda perdição leva ao Inferno[50]”.

Com isto ficam evidentes os perigos da inovação na religião de Deus, por isso convém a cada pregador, antes de colocar na prática ou exortar a prática de algo, certificar se ela está conforme a lei de Deus, caso sim, então, põe em ação, indica às pessoas, incentiva-as incansavelmente a praticarem conforme a exortação do Profeta (S.A.W). E se por acaso for algo que contradiz a lei de Deus e as práticas do Profeta e de seus Califas, então, se abstém e adverte as pessoas, porque ele deve recear ser responsabilizado pelos pecados daqueles que o praticarem, por isso, trata-se de um assunto muito sério e grave, que exige advertir as pessoas, ter cuidado e se abster dele.

 

 

 

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[1] S.A.W: abreviatura da expressão árabe (sallallahu Alaihi ua Sallam) que significa: Paz e bênção de Deus estejam com ele. Expressão usada após a menção do nome do Profeta Mohammad.

[2] R.A: abreviação da terminologia árabe (Radhia Allahu an-hu) tradicionalmente usada após a menção de nomes de companheiros do Profeta Mohammad, que nada menos é senão uma simples súplica por eles.

[3] Cf. Bukhari. Vol , 4. p, 1873. nº 4636.

[4] Musnad al-Imam Ahmad. Vol. 5, p. 22860

[5] Saheihu Muslim. Vol. 3, p. 1472, nº 1844.

[6] Almusstadrik ala as-sahíhaine. Vol. 1, p. 175, nº 331.

[7] Saheihu Ibn Khuzaimah. Vol. 3, p. 143. nº 1785.

[8] Cf. Taissiru Al-karim Ar-Rahman fi Tafssir kalamil-manan, p. 295.

[9] Tradição do Profeta: traduzida do termo árabe “Sunnah” ou “Sunnat”, comumente usado no meio muçulmano. Este significa: maneira, costume, modo e estilo de vida do Profeta Mohammad, ou seja, integra tudo aquilo que ele praticou, falou, consentiu e ensinou.

[10] Califa: successor do Profeta

[11] Cf. jaamiul-Uloum ual-Hikami. 1/120.

[12] Saheihu Ibn Hibbane. Vol. 1, p. 178. nº 5.

[13] Alusão aos Judeus e cristãos.

[14] Cf. Taissiru Al-karim Ar-Rahman fi Tafssir kalamil-manan, p. 46.

[15] Cf. Taissiru Al-karim Ar-Rahman fi Tafssir kalamil-manan, p. 725.

[16] Ibn Taimiah, Al-fatawal Kubrá, p, 194.

[17] Saheihu Ibn Hibbane. Vol. 1, p. 178. nº 5.

[18] Saheihul-Bukhari. Vol. 3, p. 1319, nº 3411.

[19] Saheihul-Bukhari. Vol. 5, p. 2404, nº 6205.

[20] Compilado por al-Baihaqui e at-Tabrani.

[21] Interpretes e comentaristas do Nobre Alcorão.

[22] Cf. Fatihul Bari. 13/302.

[23] Alcorão. 3:106.

[24] Cf. Ussoulul Ítiqadi. 1/72.

[25] Ighathatul-Lahfane. 1/159.

[26] Cf. Talbissu Iblis, p.14.

[27] Cf. Talbissu Iblis, p.13.

[28] Sunnat: termo árabe que significa maneira, modo, costume.

[29] Saheihu Muslim. Vol. 2, p. 704, nº 1017.

[30] Na história do Islam, os Ansuari, foram os muçulmanos da cidade de Yathiribah (atualmente cidade de Madinah) que receberam e acolheram o Profeta (S.A.W) junto com seus companheiros forçados a abandonar a cidade de Meca.

[31] Cf. Sheikh Mohammad Ibn Uthaimine (que Deus tenha misericórdia dele) em seu livro intitulado:

الإبداع في كمال الشرع وخطر الابتداع بتصرف قليل

[32] Taraweeh: oração realiza exclusivamente durante o mês de Ramadão (do calendário lunar islâmico) após a oração obrigatória da noite “Inchá”. Para mais detalhes consulte livros da jurisprudência da oração.

[33] Saheihul Bukhari. Vol.2, p. 708, nº 1908.

[34] Saheihul Bukhari. Vol. 5, p. 2253, nº 5718.

[35] Almustadrik ala sahíhaine. Vol. 1, p, 172, nº 319.

[36] Povos do Livro: alusão aos judeus e cristãos.

[37] Musnadul Imam Ahmad. Vol. 3, p. 387, 15195.

[38] Os que amaldiçoam: refere-se aos anjos e humanos

[39] Saheihu Ibn Hibbane. Vol. 9, p. 183, nº3871.

[40] Saheihu Ibn Hibbane. Vol. 15, p, 94, nº 6702.

[41] Zakat: caridade obrigatória. Para mais detalhes consulte livros da jurisprudência islâmica.

[42] Saheihu Muslim. Vol. 4, p, 2289, nº 2985.

[43] Rajab: sétimo mês do calendário islâmico.

[44] Tahajjad: termo árabe que significa esforço, ou seja, a Oração de Esforço, é feita na terceira parte da noite, exige muito sacrifício e o desapego do descanso para dedicar-se a ela.

[45] Décimo segundo mês do calendário islâmico.

[46] Almusstadrik ala sahíhaine. Vol. 4, p, 477, nº 8325.

[47] Almusstadrik ala sahíhaine. Vol. 1, p, 172, nº 319.

[48] Saheihul Bukhari. Vol. 3, p, 1275, nº 3274.

[49] Ibn Hibbane, vol, 1, p, 289, n, 88.

[50] Saheihu Ibn Khuzaimah. Vol. 3, p. 143. nº 1785.