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Author :

أمين الدين محمد إبراهيم

Date :

Sun, Aug 07 2016

Category :

Jurisprudence

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Teu paraíso,teu inferno

A L M A D I N A
TEU PARAÍSO, TEU INFERNO
Por: Sheikh Aminuddin Mohamad

 

Certa vez alguém perguntou ao Profeta Muhammad, S.A.W.: “Qual é o direito dos pais sobre os seus filhos”?
O Profeta S.A.W. respondeu: “Eles são o teu Paraíso ou o teu Inferno”. (Ibn Majah)
Este eloquente hadith (orientação do Profeta) responde em meia dúzia de palavras, não só à pergunta feita, mas também apresenta o motivo.
Honrar os nossos pais e cuidar deles no melhor das nossas capacidades, é nossa obrigação, e nisso encontraremos a satisfação de Deus. Por outro lado, desrespeitá-los e desobedecer às suas ordens ou recomendações, leva-nos às portas do Inferno.
É devido à importância deste tema, que o Al-Qur’án nos ordena que observemos os nossos deveres para com os pais, logo a seguir aos deveres para com Deus.
Deus diz no Al-Qur’án, Cap. 31, Vers. 14:
“Mostrai gratidão a Mim e a vossos pais; para junto de mim será o retorno final”.
Numa outra passagem no Cap. 17, Vers. 23, diz:
“O teu Senhor ordenou que não adores a ninguém senão a Ele; e que sejas bondoso para com teus pais, se um deles ou ambos atingirem a velhice, em tua companhia. Não diga “uff”, nem os maltrates; outrossim, dirija-lhes palavras generosas. E por misericórdia (isto é, ternura), estende sobre eles a asa da humildade, e diz: “Ó Senhor meu! Tenha pena deles, como eles tiveram pena de mim, criando-me desde pequenino”.
A metáfora “Estende sobre eles a asa da humildade” inspira-se no pássaro que, por compaixão, estende as suas asas sobre as suas crias, protegendo-as das adversidades.
Os versículos atrás citados merecem uma reflexão. É facto que a relação entre pais e filhos é algo único e diferente de todas as outras relações humanas. Os pais sacrificam tudo a favor dos seus filhos, e nutrem um desejo genuíno que eles sejam melhores que os pais em todos os aspectos, sem esperar seja o que for em retorno.
De facto, o amor dos pais é uma parte do amor divino. Enquanto o amor dos pais é quase instintivo, a forma como nós tratamos os nossos pais, foi deixado ao nosso critério, podendo optar por honrá-los e ser-lhes obedientes, ou escolher o contrário. Daí a referência ao Paraíso ou ao Inferno.
É através do exercício da nossa opção que escolhemos o caminho do Inferno. Nunca podemos pensar que já fizemos tudo o que tínhamos a fazer a favor dos nossos pais.
Este é um conceito de família muito diferente do que nós vemos hoje em dia, em que algumas pessoas assemelham a família ao ninho de passarinho.
Os passarinhos, tão pequeninos que são, ficam no ninho, sendo cuidados pelos pais. Logo que eles crescem, deixam o ninho para viverem a sua própria vida. Claro que os pássaros já crescidos não reconhecem nem cuidam dos pais, dos avós, dos tios ou quaisquer outros parentes, pois para eles está tudo bem, já que não têm que criar uma sociedade ou edificar uma civilização.
Infelizmente, esta situação reflecte a realidade da vida nos nossos dias, que atingiu o nível dos pássaros e das bestas. Agora o pai é “o velho”, e o gritos de guerra do jovem são: “esta é a minha vida” e “deixa-me em paz”. E tanto a estrutura legal como os media também apoiam esta tese.
A estrutura da família está de tal maneira desintegrada que se torna irreconhecível, pois as relações humanas foram completamente destruídas. Os velhos vivem uma vida triste em lares da terceira idade e já ninguém confia em ninguém.
Comparando à triste situação que hoje se vive, a vida familiar nas sociedades muçulmanas ainda continua sendo uma grande bênção, não obstante o estado geral de declínio social nas sociedades muçulmanas, pois agora a família muçulmana está sob investida em todas as direcções. Em nome dos Direitos da Criança, a linha central de ataque incita-as a rebelarem-se contra os pais, pondo em causa a sua autoridade.
É recomendável que nos lembremos a nós e aos nossos filhos, os ensinamentos isslâmicos acerca dos pais. Eis aqui alguns dos ensinamentos:
- Devemos honrar e respeitar os pais em todas as circunstâncias, pois isso é um direito seu, ainda
  que eles não sejam muçulmanos.
  Na nossa conduta para com eles, não devemos proferir nenhuma palavra, ou demonstrar alguma
  forma de irritação para com eles. Perante eles devemos ter uma atitude humilde.
            - Devemos ser obedientes dentro dos limites do Sharia, pois o Profeta Muhammad S.A.W. diz:
  “Não há obediência à criatura quando o Criador estiver a ser desobedecido.
- Dentro dos limites do Sharia, a pessoa deve-lhes obediência, ainda que eles tenham sido injustos
  no passado.
- As obrigações do Sharia não estão sujeitas à aprovação dos pais, enquanto que os actos voluntá-
  rios estão. Por exemplo, os teólogos defendem que, viajar para longe de casa a fim de convidar
  as pessoas a abraçarem o Isslam, apesar de ser um acto altamente virtuoso, é sobretudo um acto
  acto voluntário, pelo que está sujeito à aprovação dos pais.
- Faz também parte dos seus direitos, orar a seu favor, tanto quando ainda estiverem vivos, como
  depois da sua morte.
- A boa conduta para com os pais deve igualmente ser estendida aos seus amigos e familiares.
- Enquanto fazemos tudo isto com um senso profundo de gratidão, e na perspectiva de recompensa
  na outra vida, é igualmente importante lembrar que o bom ou mau comportamento para com os
  pais, também traz a respectiva recompensa e castigo neste Mundo.
  Os que afligem os seus pais, também serão afligidos, e os que lhes proporcionam alegria, também
  terão alegria nesta vida, pois bem diz o ditado: “Cá se faz, cá se paga”.