Jesus tinha dois espíritos e duas mentes: uma divina e uma humana?
Ahmed Al-Amir
Traduzido por
European Islamic Research Center (EIRC)
ISLAMLAND.COM
Em Nome de Allah, o Todo Misericordioso, o Muito Misericordioso
Introdução
Louvado seja Allah, que enviou Muhammad como portador de boas-novas e admoestador, como convocador para Allah com Sua permissão e como uma lâmpada iluminadora, e que concedeu mérito e excelência aos seus companheiros. Que Allah envie abundantes e contínuas bênçãos e paz sobre Muhammad, sua família e seus companheiros.
Uma Mensagem de Amor por Jesus (que a paz esteja com ele):
O amor por Jesus (que a paz e as bênçãos estejam com ele) está profundamente enraizado no coração de todo muçulmano e cristão. Cada um deles está disposto a sacrificar sua vida e seus bens por ele. Se Jesus aparecesse hoje, todos os muçulmanos e cristãos sinceros o seguiriam e se colocariam ao seu lado. Na verdade, se Jesus aparecesse agora, ele seguiria os ensinamentos de Muhammad (que a paz e as bênçãos estejam com ele), como disse o Profeta Muhammad (ﷺ): “Se Moisés estivesse vivo, não teria outra escolha senão seguir-me.” (Autenticado por Al-Albani).
Assim, todos desejamos seguir a verdadeira religião, crença e ensinamentos de Jesus (ﷺ), para que sejamos verdadeiros e sinceros seguidores. No entanto, aqueles que mentem sobre Jesus (ﷺ) são os que lhe atribuem uma religião, crenças e ensinamentos que ele nunca pregou, nem conheceu.
Estudei a crença de Jesus (ﷺ), os seus ensinamentos e a história da Igreja, e constatei uma diferença fundamental entre a doutrina de Jesus (ﷺ) e a doutrina atualmente ensinada pela Igreja. Inicialmente, essa diferença era pequena, mas com o passar do tempo, foi crescendo e levou a grandes problemas teológicos. A Igreja tentou resolver essas questões inventando novas ideias, mas tais ideias apenas aprofundaram ainda mais as divergências. A situação chegou a tal ponto que a Igreja recorreu à invenção de uma ideia surpreendente e estranha — uma ideia que nem Jesus, nem seus discípulos, nem Paulo, nem qualquer pessoa de sua época jamais teria imaginado!
Essa ideia é o segredo mais perigoso que a maioria dos cristãos desconhece a respeito da doutrina das igrejas atuais, a saber:
“Jesus tinha dois espíritos: um divino e um humano; duas mentes: uma divina e uma humana; e duas vontades: uma divina e uma humana!”
Neste livro, com a permissão de Allah, discutiremos esse conceito em detalhe, explorando como ele se tornou a doutrina fundamental e oficial sobre a qual se baseia a fé de todas as igrejas modernas, apesar de suas graves contradições com as crenças de Jesus, dos primeiros pais da Igreja, das Bíblias cristãs e de toda a lógica humana!
Voltaremos ao tempo de Jesus (ﷺ) para destacar a doutrina que Ele declarou explicitamente, na qual seus discípulos acreditaram e à qual todos os seus verdadeiros seguidores se apegaram. Essa doutrina está claramente mencionada nas Bíblias cristãs.
Além disso, examinaremos o intenso conflito teológico entre os discípulos de Jesus e Paulo, o Apóstolo, e como o mundo cristão posteriormente se dividiu em duas escolas: a escola de Jesus e de seus discípulos e a escola de Paulo e de seus seguidores.
Analisaremos como o mundo cristão atual segue a escola de Paulo em vez da de Jesus, e como essa escola evoluiu ao longo do tempo, alterando doutrinas e ensinamentos até estabelecer uma religião completamente diferente daquela de Jesus (ﷺ). Essa mudança tornou-se especialmente evidente quando as Igrejas abandonaram a sua doutrina original e as crenças dos primeiros Pais da Igreja e, sob pressão política de um imperador pagão, adotaram o credo de um jovem egípcio de cerca de vinte anos — ou seja, Atanásio de Alexandria — que, na época, nem sequer era sacerdote!
Quando lhe disseram: “O mundo inteiro está contra ti”, ele respondeu: “Então eu estou contra o mundo inteiro.”
Ahmed Al-Amir
Capítulo Um
Jesus Tinha Dois Espíritos e Duas Mentes?
A Percepção Cristã de Jesus:
A percepção cristã de Jesus tem sido objeto de intenso debate entre as igrejas e o clero desde o primeiro século, e continua sendo até os dias de hoje. Cada grupo possui sua própria compreensão sobre quem foi Jesus. De forma geral, os cristãos se dividem em três principais crenças a respeito de Jesus:
- Alguns acreditam que Jesus é o Filho de Deus porque nasceu sem pai. No entanto, não o consideram Deus em essência, mas sim um ser humano sagrado ligado ao céu. Ainda assim, também o veem como divino, pois “o Filho de Deus deve ser divino”. De acordo com essa crença, Deus enviou Jesus para ser crucificado e morrer a fim de redimir a humanidade do pecado original.
- Outros acreditam que Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus, de forma semelhante aos antigos deuses gregos, que se casavam e tinham filhos.
- Outro grupo segue a doutrina oficial da Igreja, que ensina que Jesus é o próprio Deus, que assumiu a forma humana para que as pessoas pudessem vê-Lo.
Uma Breve Visão Geral da Doutrina da Trindade:
As igrejas atuais creem que Deus [Glorificado e exaltado seja Ele acima de tais atribuições] existe eternamente como três Pessoas ou Hipóstases:
- A Hipóstase da Essência (significando o próprio ser de Deus).
- A Hipóstase do Verbo ou da Mente (significando a Palavra Racional de Deus ou Seu Intelecto Falante).
- A Hipóstase do Espírito (significando o Espírito de Deus).
A Igreja explica esses termos dizendo que Deus possui uma «Essência», uma «Palavra (Mente)» e um «Espírito». No entanto, estes não são partes nem componentes de Deus. Essa doutrina afirma que a Hipóstase da Essência possui sua própria Mente e Espírito, a Hipóstase do Verbo possui sua própria Essência e Espírito, e a Hipóstase do Espírito possui sua própria Essência e Mente! Assim, cada uma delas é um Deus independente, e ainda assim todas são um só Deus [Glorificado e exaltado seja Deus acima de tais atribuições].
De acordo com a Igreja, após o nascimento de Jesus, esses termos foram modificados:
- A Hipóstase da Essência tornou-se o Pai.
- A Hipóstase do Verbo tornou-se o Filho.
- A Hipóstase do Espírito permaneceu como o Espírito Santo.
Antes do nascimento de Jesus, a Igreja ensina que não havia Pai nem Filho — esses papéis só surgiram após o nascimento de Jesus!
O Propósito da Encarnação de Jesus:
A Igreja acredita que a Hipóstase da Essência (Deus) quis expiar o pecado de Adão, que ocorreu quando ele comeu da árvore proibida no paraíso.
Para que esse pecado fosse perdoado, era necessário que houvesse derramamento de sangue, e alguém teria de ser crucificado! Como esse pecado foi transmitido a todos os descendentes de Adão, tornou-se um pecado infinito, o que significa que uma pessoa finita (um ser humano) não poderia expiá-lo. Assim, aquele que deveria ser crucificado teria de ser um ser infinito (ou seja, o próprio Deus — glorificado seja Ele acima de tais crenças).
Portanto, a Hipóstase da Essência enviou a Hipóstase do Verbo (a Mente de Deus) para encarnar em forma humana, ser crucificado e morrer na cruz.
A Habitação do “Verbo de Deus” no Útero de Maria e Sua Encarnação em Jesus:
A Igreja ensina que a Hipóstase do Verbo desceu e habitou no útero de Maria, tomando um pouco de sangue de seu ventre para formar um corpo humano para si, a fim de que pudesse aparecer em forma humana e ser crucificado pela expiação do pecado original.
No entanto, surgiu uma questão séria: segundo a Bíblia, Jesus era um ser humano que apresentava características humanas, como fraqueza, falta de conhecimento e sofrimento. Por fim, ele foi crucificado e morreu. Antes de sua morte, chegou até mesmo a clamar em alta voz:
“Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”
Como poderia ele ser Deus se morreu, carecia de conhecimento e necessitava de ajuda?
Para resolver essa contradição, a Igreja introduziu outra doutrina, alegando que, quando a Hipóstase do Verbo desceu ao útero de Maria e tomou sangue dela para formar um corpo humano, adquiriu também uma alma humana, com sua própria mente, consciência e vontade.
Mas, se Jesus possuía tanto um espírito divino separado quanto um espírito humano distinto, isso não significaria que havia, na verdade, duas pessoas distintas nele — uma divina e uma humana?
A Igreja rejeita essa noção e insiste que Jesus era uma só pessoa com dois espíritos, duas mentes, duas vontades e duas capacidades!
Essa crença, no entanto, levou a várias contradições teológicas.
Antes de discuti-las, definiremos alguns conceitos-chave que ajudarão a esclarecer o tema:
1. Definição de Habitação:
Habitação refere-se ao processo em que um espírito sem corpo entra no corpo de outra pessoa (que já possui seu próprio espírito e corpo), sem se fundir ou unir a ele. Em vez disso, permanece separado, mas assume o controle sobre o corpo e a alma do hospedeiro.
Um exemplo disso encontra-se no Evangelho de Mateus (Capítulo 8, versículos 28–32), onde espíritos malignos (demônios) entraram em dois homens, e Jesus posteriormente os expulsou, fazendo com que entrassem em uma manada de porcos:
“28 Quando Jesus chegou … dois homens possuídos por demônios vieram ao seu encontro enquanto saíam dos túmulos … 29 Eles (os demônios) gritaram: ‘Que queres de nós, Filho de Deus?’ … 32 Ele lhes disse: ‘Ide.’ E eles saíram e entraram nos porcos. De repente, toda a manada precipitou-se encosta abaixo, em direção ao mar, e afogou-se nas águas.”
Outro exemplo é a habitação do Espírito Santo, conforme mencionado em Atos dos Apóstolos (Capítulo 2, versículos 3–4):
“3 E viram o que parecia ser línguas de fogo, as quais se separaram e pousaram sobre cada um deles. 4 Todos ficaram cheios do Espírito Santo.”
Assim, a Igreja ensina que “Deus, o Verbo” (a segunda Hipóstase) desceu ao ventre de Maria e tomou um pouco de seu sangue para formar um corpo humano. No entanto, não se uniu nem se fundiu com o corpo ou a alma de Maria. Se tivesse se fundido com ela, a própria Maria teria se tornado uma quarta Hipóstase de Deus, “a Hipóstase da Mãe” [Glorificado e exaltado seja Deus acima de tais atribuições].
2. Definição de Encarnação:
Encarnação refere-se a um espírito que não possui corpo e é invisível, mas que assume um corpo físico próprio para que possa ser visto pelos olhos humanos. Nesse caso, o espírito possui e detém plenamente esse corpo.
Por exemplo, se um espírito maligno se encarnasse na forma de uma ovelha, isso não significaria que ele habitou em uma ovelha existente que já possuía seu próprio corpo e espírito. Pelo contrário, significaria que o espírito maligno assumiu um corpo semelhante ao de uma ovelha, que é verdadeiramente seu — tanto o espírito quanto o corpo que aparece na forma de ovelha pertencem a ele.
Esse conceito é respaldado pela Segunda Epístola aos Coríntios (11:14):
“E não é de se admirar! Pois o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz.”
(Isto significa que ele aparece na forma de um anjo com um corpo de luz, e não que tenha habitado em um anjo já existente.)
De forma semelhante, em Apocalipse (20:2):
“Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo ou Satanás, e o acorrentou por mil anos.”
3. Definição de União e Fusão:
União e fusão ocorrem quando duas entidades independentes e separadas se unem de forma tão completa que se dissolvem uma na outra, tornando impossível separá-las.
Por exemplo, quando uma gota de vinagre se dissolve na água, torna-se indistinguível da própria água. Quando duas empresas se fundem completamente, formam uma única empresa maior, perdendo suas identidades independentes anteriores.
4. Definição de União e Companhia:
Esse tipo de união refere-se a duas entidades independentes e separadas que se unem e acompanham uma à outra como um par unificado, mas cada uma conserva sua identidade e natureza próprias.
Ao contrário da fusão, esse tipo de união não envolve mistura, combinação ou dissolução, nem altera a natureza de nenhuma das entidades.
Por exemplo: duas empresas podem formar uma parceria sob uma entidade maior, mantendo, contudo, sua própria independência e identidade.
A Relação entre a “Hipóstase do Verbo” e Cristo à Luz das Definições Anteriores:
1. Habitação:
A Igreja rejeita a ideia de habitação, ou seja, a noção de que a “Hipóstase do Verbo” teria habitado um homem já existente chamado Jesus, pois Jesus ainda não havia nascido quando a “Hipóstase do Verbo” entrou no ventre de Maria. Segundo a Igreja, a “Hipóstase do Verbo” é o próprio Cristo.
Portanto, a relação não foi de habitação.
2. Encarnação:
A Igreja rejeita a ideia de encarnação, ou seja, a noção de que o Espírito de Deus (a Hipóstase do Verbo) teria assumido um corpo humano que não possuía espírito próprio, apenas para nele aparecer.
A Igreja acredita que Cristo possuía dois espíritos, um divino e um humano, dentro de seu corpo físico.
Portanto, a relação não foi de encarnação.
3. União e Fusão:
A Igreja rejeita a ideia de união e fusão, ou seja, a noção de que “o espírito humano de Cristo” se uniu e fundiu com o espírito divino da “Hipóstase do Verbo” de tal forma que se tornaram um único espírito.
Também rejeita a ideia de que “a vontade humana de Cristo” tenha sido absorvida pela “vontade divina”, formando uma vontade única e unificada.
Em vez disso, a Igreja ensina que Cristo possuía dois espíritos distintos, duas vontades separadas e duas mentes independentes, tudo isso dentro de um único corpo humano.
Portanto, a relação não foi de fusão nem de união completa.
4. União e Companhia:
A Igreja rejeita a ideia de que Cristo fosse, na realidade, duas pessoas independentes que se uniram e acompanharam uma à outra dentro de seu corpo físico: uma pessoa sendo “Deus, o Verbo” e a outra sendo “Jesus, o ser humano”.
Essa crença de união e companhia implicaria habitação, o que contraria a doutrina da expiação e crucificação.
Se Cristo fosse duas pessoas distintas, isso significaria que aquele que foi crucificado seria apenas o humano limitado, e não o Deus infinito — uma ideia que a Igreja considera inaceitável.
Portanto, a relação não foi de união e companhia.
Capítulo Dois
A Doutrina da Igreja sobre a Natureza de Cristo e a Relação entre Sua Humanidade e Divindade
Se a relação entre a divindade e a humanidade de Cristo não foi nem habitação, nem encarnação, nem fusão, nem companhia, então, o que foi?
A Doutrina da Igreja sobre a Natureza de Cristo, Nascido da Virgem:
“Ele é a Hipóstase de ‘Deus, o Verbo’, unido a um corpo humano e a uma alma humana. Habitou no ventre da Virgem e tomou sangue do seu ventre para criar para Si um corpo no qual pudesse aparecer a nós, ser crucificado e morrer. No entanto, também criou para Si uma alma humana. Assim, o espírito divino uniu-se ao espírito humano e ao corpo humano, fazendo com que Cristo possuísse duas naturezas completas: uma totalmente divina e outra totalmente humana. Essa união ocorreu sem fusão ou mistura (cada uma permaneceu distinta e independente, sem se fundir), sem alteração (a natureza divina não modificou a natureza humana de nenhuma forma, nem vice-versa), e sem separação (o divino não se separou do humano nem por um momento, desde o momento em que esse humano foi criado, passando pela crucificação e morte. Permaneceu unido a ele na cruz, permaneceu unido à alma após ela deixar o corpo, e permaneceu unido ao corpo após a alma partir). Portanto, Ele é plenamente Deus e plenamente humano ao mesmo tempo. Não é duas pessoas, mas uma pessoa com dois espíritos, duas naturezas, duas mentes, dois intelectos, duas capacidades e duas vontades: uma divina e outra humana.”
Assim, aquele que experimentou fraquezas humanas, como comer, morrer e carecer de conhecimento, é o “Cristo humano”, enquanto aquele que realizou milagres é o “Cristo Deus”.
A Igreja oferece uma analogia para a união das duas naturezas — divina e humana — em Cristo, comparando-a à união do ferro com o fogo. Quando o ferro é aquecido pelo fogo, o fogo une-se ao ferro sem que o fogo se transforme em ferro ou o ferro se transforme em fogo. Golpear o ferro não afeta o fogo nem o alcança. Da mesma forma, a crucificação e a morte afetaram a natureza humana, mas não alcançaram a natureza divina, apesar da união entre elas.
Declarações dos Pais da Igreja sobre a União das Naturezas de Cristo:
São Atanásio, o Apostólico [Atanásio I de Alexandria, 296–373]:
“O Verbo de Deus veio em sua própria pessoa.”
São Cirilo, o Grande [Cirilo de Alexandria, 376–444]:
“Deus, o Verbo, não assumiu uma pessoa humana, mas tomou para Si uma natureza humana completa, um corpo com uma alma racional, e fez dessa natureza humana inteiramente Sua, unindo-a de forma natural à Sua divindade.”
São Cirilo, o Grande, também disse:
“Ele (Cristo) é considerado um, composto por dois. É um único Filho em quem as naturezas divina e humana foram reunidas e unidas de uma maneira indescritível e insondável, formando uma única entidade. Por essa razão, ele também é considerado o mediador entre Deus e a humanidade, pois reuniu e uniu em Si duas coisas que antes estavam muito distantes uma da outra, separadas por um vasto abismo — a saber, a divindade e a humanidade. Ele as uniu em Si mesmo, conectando-nos assim a Deus Pai por meio d’Ele.”
São Cirilo, o Grande, afirmou ainda:
“O Logos (Deus, o Verbo) não pode ser chamado de Cristo por si só; da mesma forma, Cristo não deve ser descrito meramente como ‘portador de Deus’, pois isso implicaria que Deus, o Verbo, simplesmente usou a natureza humana como um mero instrumento. Em vez disso, devemos afirmar que ‘Deus verdadeiramente se fez homem’.”
Refutando Esta Doutrina:
Esta doutrina é irracional e contraria a lógica pelas seguintes razões:
1. A união deve ser ou fusão ou companhia:
Essa doutrina simultaneamente afirma e nega a união das duas naturezas. A união deve necessariamente enquadrar-se em uma das duas categorias:
1. União e fusão das duas naturezas:
Isso significaria que Cristo teria apenas uma natureza divina ou apenas uma natureza humana, pois as duas teriam se fundido em uma só.
2. União e companhia:
Isso significaria que havia, na verdade, duas pessoas vivendo dentro do corpo de Cristo: uma divina e uma humana.
No entanto, isso contraria a doutrina da crucificação e salvação, pois implica que aquele que foi crucificado e morreu foi apenas o Jesus humano, enquanto o divino não morreu.
Como Deus não pode morrer, isso significa que o ato de redenção jamais foi cumprido, tornando a vinda de Cristo inútil!
2. O papel da alma é dar vida ao corpo:
Segundo a crença cristã, Deus é um espírito. Se Deus se encarnou [Glorificado e exaltado seja Ele acima de tais atribuições], Ele não precisaria de uma alma humana para dar vida ao corpo que assumiu! Então, como pode ser afirmado que Cristo possuía duas almas, uma divina (o espírito de Deus) e outra humana?
3. O papel da mente é o livre-arbítrio, o raciocínio e a escolha:
A Igreja ensina que “Deus, o Verbo” é a “Palavra racional de Deus” ou o “intelecto falante de Deus”.
Se isso fosse verdade, então a mente dentro do corpo de Cristo deveria ter sido a mente de Deus e não uma mente humana, já que Deus não necessita de um intelecto humano.
A Igreja afirma que “Cristo possuía duas vontades, mas elas não entravam em conflito porque sua vontade humana se submetia à sua vontade divina.” Como evidência, a Igreja cita o seguinte versículo:
Mateus 26:39:
“Indo um pouco mais adiante, Jesus caiu com o rosto em terra e orou: ‘Meu Pai, se for possível, afaste de mim este cálice. Contudo, não seja como eu quero, mas como Tu queres.’”
No entanto, este versículo prova, na verdade, que Cristo possuía apenas uma vontade, e que ela era humana.
Se ele tivesse duas vontades: uma pertencente a “Deus, o Verbo” e outra humana, por que então orou a “Deus, o Pai” em vez de se referir a “Deus, o Verbo” que estava nele?
Isso demonstra que a vontade divina estava no céu, e não na terra.
De forma semelhante, em João 5:30, Jesus diz:
“Não posso fazer nada por mim mesmo. Julgo conforme o que ouço, e meu julgamento é justo, porque não busco minha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou.”
Aqui, ele claramente se refere à vontade de “Deus, o Pai”, e não à vontade de “Deus, o Verbo”!
Além disso, a noção de duas vontades coexistindo na mesma pessoa não passa de uma especulação filosófica sem qualquer fundamento real. É um mero jogo de palavras e uma contradição em termos. Mesmo que assumamos que a vontade humana de Jesus estivesse completamente subordinada à vontade divina, que propósito teria ela se não exercesse nenhuma função?
4. A analogia do ferro e do fogo é uma comparação falha:
Essa analogia é meramente uma retórica filosófica e um jogo de palavras, tornando-a inadequada para ser incluída em textos religiosos ou usada como evidência. O fogo não se une ao ferro; uma vez que o ferro esfria, o calor desaparece. De forma semelhante, a febre não se funde com a mente quando provoca alta temperatura, nem a doença se torna uma com o corpo. Inúmeros outros exemplos podem ilustrar esse ponto.
Há uma diferença significativa entre dizer que as duas naturezas se uniram e se tornaram uma pessoa e dizer que o fogo habitou no ferro, afetando-o ao aquecê-lo, sem que eles se tornassem uma única entidade — ou que o fogo se transformasse em ferro, ou assumisse a forma do ferro.
No entanto, a Igreja afirma que Cristo é o “Deus, o Verbo encarnado” ou o “Deus-homem”, o que implica uma união eterna e inseparável, na qual as duas naturezas se tornaram uma só pessoa.
Quanto ao argumento de que a crucificação e a morte afetaram apenas a natureza humana, e não a divina, isso na verdade prova que toda a doutrina é uma fabricação encenada.
Por exemplo:
Suponha que um homem chamado Marcos precise de uma cirurgia, mas, em vez disso, ele se une a outro homem chamado Lucas e lhe diz para passar pela operação em seu lugar. Marcos permanece “unido” a Lucas segurando sua mão enquanto Lucas está na cirurgia. A operação é realizada em Lucas, mas insistem em afirmar que Marcos é quem passou pela cirurgia!
Da mesma forma, a doutrina da crucificação e redenção baseia-se na ideia de que aquele que foi crucificado deve ser infinito, isto é, o próprio Deus [Glorificado e exaltado seja Deus acima de tais atribuições]. No entanto, a Igreja afirma que aquele que foi crucificado foi a natureza humana, e não a divina! A Igreja oferece uma analogia afirmando que, assim como um martelo que golpeia o ferro não afeta o fogo que há nele, da mesma forma, a crucificação e a morte não afetaram a natureza divina de forma alguma!
5. A expressão “possuindo duas naturezas: uma divina e outra humana” é uma formulação enganosa:
A palavra “natureza” tem apenas três significados possíveis:
1. “Natureza” como característica ou traço:
Por exemplo, dizemos que uma pessoa tem tanto uma natureza boa quanto uma natureza má; às vezes ela se comporta de forma gentil, outras vezes de forma cruel, mas permanece a mesma pessoa.
Se Cristo tivesse duas naturezas, isso significaria que ele era uma pessoa que às vezes era Deus e outras vezes humano, o que a Igreja rejeita, pois acredita que ele foi plenamente Deus e plenamente humano em todos os momentos.
2. “Natureza” como pessoa:
Isso significaria que dentro de Cristo existiam duas pessoas, uma divina e uma humana. No entanto, isso contradiz a crença da Igreja de que Cristo é uma única pessoa.
3. “Natureza” como essência ou substância:
Isso implica que Cristo possui duas essências: uma divina e outra humana.
No entanto, ao fazer isso, a Igreja essencialmente criou um novo deus com suas próprias mãos, pois essência refere-se ao próprio ser ou natureza de algo, sua realidade, identidade, origem, substância e componentes fundamentais.
Como pode uma essência divina ser fundida com uma essência humana?
Como pode uma essência divina ser unida ao pó da terra, que é a essência dos seres humanos?
6. As declarações de Cirilo, o Grande, e de Atanásio, o Apostólico, são meras ideias filosóficas sem qualquer fundamento religioso:
Ambos viveram nos séculos IV e V e fizeram parte da Escola de Alexandria, que se inclinava fortemente para a filosofia platônica e a interpretação alegórica das doutrinas. Os estudiosos de Alexandria estavam principalmente preocupados com a divindade de Cristo, e não com sua humanidade.
As declarações deles não têm fundamento na Bíblia, nos ensinamentos de Cristo, nos ensinamentos de seus discípulos, — ou mesmo nos ensinamentos de Paulo!
Assim, suas declarações são meras ideias filosóficas que não podem servir como fundamento para uma crença religiosa.
Além disso, suas opiniões contrariam os ensinamentos dos primeiros e mais eruditos Pais da Igreja, assim como os de outras escolas teológicas, como a Escola Antióquena.
A Escola Antióquena focava em realidades concretas e tangíveis e baseava-se na interpretação literal das Escrituras, em vez de interpretações simbólicas. Também fundamentava seus ensinamentos em fatos históricos, análise racional e nos escritos dos primeiros Pais da Igreja.
Capítulo Três
Na morte de Cristo, qual espírito partiu: seu espírito divino ou seu espírito humano?
A Razão para a Alegação de que Cristo Tinha Dois Espíritos:
Segundo a doutrina cristã, Cristo foi crucificado, morreu, e seu espírito deixou seu corpo. Isso levanta uma questão fundamental:
Como pode Deus morrer?
Deus é eterno e não morre, portanto, a morte de Cristo invalida sua divindade, o que, por sua vez, comprometeria a doutrina do pecado e da expiação.
Além disso, a morte de Cristo significa que seu corpo sem vida tornou-se inútil, pois tornou-se apenas um corpo sem espírito. Mas como poderia o corpo de Deus ser inútil?
Como “Deus, o Verbo” assumiu um corpo humano, isso significa que esse corpo se tornou divino porque Deus se encarnou nele.
Além disso, uma vez que o espírito de Cristo retornou a esse corpo em sua ressurreição — como afirma a Igreja — isso significa que é, sem dúvida, um corpo sagrado, que não poderia ter estado desprovido de espírito, nem mesmo por um único momento!
Assim, foi inventada uma ideia completamente nova — que ninguém jamais havia concebido antes — segundo a qual o corpo de Cristo continha dois espíritos, um divino e outro humano, que estavam unidos ao seu corpo humano e nunca se separaram dele, nem por um único momento — nem na cruz, nem na morte, e nem mesmo após a morte!
O espírito divino também partiu do corpo sem vida de Cristo?
1. A afirmação de que o espírito divino permaneceu unido ao espírito humano após deixar o corpo de Cristo levanta uma questão crucial:
Como podem dois espíritos permanecer unidos depois de terem deixado o corpo de Cristo?
Imagine ver dois espíritos unidos; isso não implicaria a existência de duas pessoas distintas em vez de uma só?
Por exemplo, se o espírito divino de Cristo falasse sobre seu corpo, ele diria: “Este é o meu corpo.”
Mas, se fosse falar sobre o espírito humano de Cristo, poderia realmente dizer: “Este é o meu espírito” ou “Este é o meu espírito humano”?
Faria algum sentido afirmar que Deus [Glorificado e exaltado seja Ele acima de tais atribuições] possui outro espírito, que seria um espírito humano?!
2. A afirmação de que o espírito divino permaneceu unido ao corpo humano sem vida de Cristo após o espírito humano partir desafia a lógica e a razão!
Essa noção é completamente irracional e ilógica, podendo até ser considerada uma das sete maravilhas do mundo!
Estamos falando de um corpo sem vida, ou seja, um corpo sem espírito. Então, como alguém pode afirmar que o espírito divino ainda estava dentro do corpo, e ao mesmo tempo, o corpo estava morto?
Isso não seria, por si só, uma contradição?
Além disso, a expressão “a união do espírito divino com o espírito e corpo humanos” implica habitação, e não encarnação!
Quem morreu na cruz?
Se dissermos que apenas a natureza humana morreu, isso contradiz a doutrina da crucificação e expiação, que exige que aquele que é crucificado e redime a humanidade seja o próprio Deus [Glorificado e exaltado seja Ele acima de tais atribuições]!
Se dissermos que Deus morreu [Glorificado e exaltado seja Ele acima de tais atribuições], isso é impossível, pois Deus não morre.
Se dissermos que tanto o espírito divino quanto o humano morreram e partiram juntos do corpo de Cristo, isso significaria que seu corpo estava completamente sem vida e vazio de ambas as naturezas (o que a Igreja rejeita). Além disso, como mencionado anteriormente, Deus não morre!
Assim, constatamos que a questão é extremamente complexa, e quem pensa que a compreende completamente, na verdade, a entendeu mal!
Para esclarecer como toda essa questão é mero jogo de palavras e que a excessiva exaltação de Cristo pela Igreja levou a todas essas contradições, vamos revisitar um exemplo anterior sobre habitação:
Em Mateus 8:32, está escrito:
“32 Ele lhes disse (aos demônios): ‘Ide’, e eles saíram e entraram nos porcos. De repente, toda a manada precipitou-se encosta abaixo em direção ao mar e se afogou nas águas.”
Quando esses porcos se afogaram e morreram, qual espírito os abandonou? Foi o espírito dos porcos? Foi o espírito dos demônios? Ou foi ambos?
Obviamente, ambos os espíritos partiram: o espírito dos porcos e o espírito dos demônios.
No entanto, há uma distinção importante: o espírito dos porcos partiu como uma alma deixando um corpo sem vida, enquanto o espírito dos demônios partiu como uma entidade habitante, deixando os corpos dos porcos após possuí-los e controlá-los.
Assim, foram os porcos que se afogaram, e não os demônios.
Isso significa que os demônios não se encarnaram nos porcos; ao contrário, habitaram neles. Os porcos já possuíam seus próprios corpos e espíritos.
Se os demônios tivessem encarnado como porcos, isso significaria que eles criaram corpos para si mesmos na forma de porcos, sem almas, em vez de habitar em porcos já existentes.
Aplicando Isso à Crucificação de Cristo:
Dessa forma, torna-se claro como a luz do dia que foi a natureza humana que morreu, e que Deus nunca esteve dentro desse homem, pois Deus não morre e jamais se une à Sua criação.
Quanto à afirmação da Igreja de que Deus estava dentro de Cristo, isso significa que Sua presença era uma habitação, e não uma encarnação — o que derruba a doutrina da crucificação e da expiação!
Além disso, como muçulmanos, rejeitamos tanto a habitação quanto a encarnação, [Glorificado e exaltado seja Ele acima de tais atribuições]!
Capítulo Quatro
As Diferentes Doutrinas sobre se Cristo Tinha Apenas um "Espírito e Mente Divinos", Apenas um "Espírito e Mente Humanos" ou "Dois Espíritos e Duas Mentes"?
1. A Doutrina de que Cristo Tinha Apenas um Espírito e uma Mente Divinos:
Muitos clérigos, como Apolinário, Bispo de Laodiceia [315- 382], acreditavam que Cristo não possuía espírito humano nem mente humana, pois “Deus, o Verbo” era ele mesmo o espírito divino e a mente de Deus. Portanto, não precisava de um espírito humano para lhe dar vida, nem de uma mente humana para conceder-lhe o livre-arbítrio.
Assim, Apolinário negou a existência de uma alma racional humana em Cristo, para evitar a implicação de que Cristo teria duas pessoas: uma divina e uma humana.
Ele afirmou que, assim como um ser humano é composto por corpo, alma e espírito racional, da mesma forma, “Deus, o Verbo Encarnado” deve ser composto por corpo, alma e espírito racional, que é a Hipóstase do Verbo (ou seja, sua divindade).
2. A Doutrina de que Cristo Tinha Apenas um Espírito e uma Mente Humanos (A Doutrina da Habitação e Companhia):
Um grupo de clérigos sustentava que Cristo possuía apenas um espírito, que era humano. Segundo essa crença, a Virgem Maria não deu à luz a Deus, mas apenas a um ser humano, no qual o Espírito de “Deus, o Verbo” habitou no batismo e dele partiu antes de sua morte na cruz.
Segundo essa doutrina, a habitação de “Deus, o Verbo” ocorreu na forma de companhia e habitação, e não de encarnação.
Essa crença foi defendida por Teodoreto de Mopsuéstia, Bispo de Mopsuéstia [350-428], Paulo de Samosata, Bispo de Antioquia [200-275], e Nestório, Patriarca de Constantinopla [386-450], entre outros.
Nestório, em sua Quarta Carta a Proclo [390-447], escreveu:
“Eles afirmam que a divindade que dá vida está sujeita à morte e ousam reduzir o Logos (Hipóstase do Verbo) ao nível de mitos teatrais, como se ele fosse uma criança envolta em panos e então morresse. Pilatos não matou a divindade, mas sim o manto da divindade.”
Nestório também disse:
“Nunca chamarei uma criança de dois ou três meses de ‘Deus’.”
3. A Doutrina de que Cristo Tinha Dois Espíritos e Duas Mentes: Uma Divina e Outra Humana:
Outro grupo de clérigos sustentava a crença de que Cristo possuía dois espíritos e duas mentes: uma divina e outra humana.
Eles foram os defensores da doutrina de que Cristo possuía duas naturezas distintas, uma divina e outra humana, que será discutida em detalhes mais adiante, se Deus quiser.
Refutando as Três Doutrinas:
1. Refuting the Doctrine That Christ Had Only a Divine Spirit and Mind:
1) Deus, que criou o tempo e o espaço, não pode ser confinado dentro de um corpo humano pequeno e limitado! Deus criou o universo, mas Ele não faz parte dele e não habita nele.
Se compararmos o tamanho de um ser humano com a Terra, depois compararmos a Terra com o sistema solar, e então compararmos o sistema solar com os trilhões de galáxias neste universo, como alguém pode afirmar que “o Espírito de Deus”[1] desceu e encarnou em um corpo humano fraco?
E tudo isso, supostamente, porque Deus não pôde [Glorificado e exaltado seja Ele acima de tais atribuições] perdoar Adão por ter comido de uma árvore?!
2) Se Cristo tivesse uma mente divina, então ele seria onisciente, e seu ‘conhecimento e vontade’ seriam os mesmos do conhecimento e da vontade de Deus.
No entanto, muitos trechos dos Evangelhos confirmam que Cristo possuía apenas uma mente humana, e não uma divina.
Marcos 11:12-14 — A falta de conhecimento de Cristo sobre a figueira:
“No dia seguinte, ao saírem de Betânia, Jesus teve fome. Vendo de longe uma figueira com folhas, aproximou-se para ver se havia fruto nela. Ao chegar, não encontrou nada além de folhas, pois não era época de figos. Então disse à árvore: ‘Que ninguém jamais coma fruto de ti!’”
Marcos 13:32 — A falta de conhecimento de Cristo sobre o Dia do Juízo:
“Quanto àquele dia ou hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, mas somente o Pai.”
Esses textos mostram que Cristo não era onisciente, o que contradiz a ideia de que ele possuía uma mente divina.
2. Refutando a Doutrina de que Cristo Tinha Apenas um Espírito e uma Mente Humanos (A Doutrina da Habitação e Companhia):
Essa doutrina compromete as doutrinas do pecado original, encarnação, crucificação e expiação porque seus defensores acreditam que aquele que morreu na cruz foi “Jesus, o humano”, em quem “Deus, o Verbo” habitava, mas nunca verdadeiramente encarnou.
Além disso, eles acreditam que “Deus, o Verbo” deixou Jesus antes de sua morte!
No entanto, a doutrina da expiação exige que aquele que foi crucificado seja infinito, o que significa que ele deve ser o próprio Deus [Glorificado e exaltado seja Ele acima de tais atribuições], para que seu sacrifício seja ilimitado e suficiente para expiar o pecado original herdado de Adão.
Se apenas um humano morreu, então a expiação é finita, o que contradiz o próprio fundamento da teologia cristã!
3. Refutando a Doutrina de que Cristo Tinha Dois Espíritos e Duas Mentes, Uma Divina e Outra Humana:
Quando outro grupo de clérigos percebeu:
1. Que a doutrina que afirma que “Cristo possuía apenas um espírito e mente divinos” estava incorreta, pois contradiz numerosos trechos dos Evangelhos que confirmam a personalidade humana de Cristo.
2. Que a doutrina que afirma que “Cristo possuía apenas um espírito e mente humanos” (e que “Deus, o Verbo” apenas habitou nele no batismo e o deixou antes de sua morte na cruz) também estava incorreta, pois destruiria a doutrina fundamental do Cristianismo (pecado original, encarnação, crucificação e expiação), — já que, sem essa doutrina, não haveria razão para a vinda de Cristo nem justificativa para considerá-lo divino.
Eles decidiram adotar uma doutrina de compromisso: que “Cristo possuía duas naturezas: ele tem tanto um espírito e mente divinos, quanto um espírito e mente humanos.”
Esta crença tentou preservar tanto a sua divindade quanto a sua humanidade, mas, como veremos mais adiante, também levou a sérias contradições.
Esta doutrina pode ser refutada da seguinte forma:
1. Fizeram de Cristo duas pessoas, ao mesmo tempo que afirmavam que Ele era uma só:
A alegação de que Cristo tinha dois espíritos vivendo em um só corpo contradiz a lógica e a razão. Isso significaria que havia duas pessoas racionais em Cristo: uma divina e uma humana.
A Virgem Maria não poderia ter dado à luz dois filhos: um sendo Deus e o outro um humano!
2. Fizeram de Cristo uma pessoa com duas mentes e duas vontades:
É impossível que qualquer pessoa tenha duas mentes ou duas vontades. Os quatro Evangelhos confirmam que “a vontade de Cristo” era uma “vontade humana” distinta da “vontade de Deus”.
Por exemplo, em João 5:30, Cristo declara:
«Eu não posso fazer nada por mim mesmo. Eu julgo segundo o que ouço, e o meu julgamento é justo, porque não busco a minha própria vontade, mas a vontade daquele que me enviou.»
Em Mateus 26:39, Cristo ora:
«Indo um pouco mais adiante, Jesus caiu com o rosto em terra e orou: “Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice; contudo, não seja como eu quero, mas como Tu queres.”»
Em Mateus 27:46, Cristo clama:
«Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?»
Apesar dessas declarações claras, a Igreja fez uma alegação estranha: que a vontade humana de Cristo era submissa à sua vontade divina, evitando assim qualquer contradição entre elas!
No entanto, que tipo de lógica é essa?
O termo “duas vontades” implica naturalmente “duas pessoas”, e não “uma pessoa com duas vontades”!
Quando Cristo disse “não seja como eu quero”, referia-se a si mesmo com o pronome “eu”(independentemente de a Igreja afirmar que tanto Deus quanto o homem existiam nele).
Então, dirigiu suas palavras a Deus, dizendo “mas como Tu queres”, porém não disse “como o Filho ou a Palavra dentro de mim quer.”
3. Confirma a doutrina da habitação e da convivência:
Ao afirmar que Cristo tinha dois espíritos, eles essencialmente confirmam que o feto dentro da Virgem Maria era apenas o Jesus humano — um humano com espírito e corpo humanos — e que “Deus, o Verbo”, então, habitava nele, assim como habitava no ventre de Maria, sem se unir ou fundir com ela.
Isso destrói completamente a doutrina da encarnação do “Deus, o Verbo”, pois significa que quem foi crucificado foi um humano limitado, e não o Deus infinito!
4. O Criador e a Criatura em um só corpo:
Se Cristo tivesse dois espíritos, isso significaria que o “espírito humano criado” era servo do “espírito divino Criador”.
Então, como pode o Criador ser, ao mesmo tempo, a criatura?
Como poderiam o Criador e a criatura existir no mesmo corpo?
Isso também implicaria que, quando Cristo se prostrava em adoração, tanto o seu espírito humano quanto o seu espírito divino se prostravam juntos!
5. Não havia necessidade de um espírito humano dentro de Cristo:
A função principal do espírito é dar vida ao corpo. Como o Espírito de Deus já estava dentro do corpo de Cristo, ele teria sido a fonte da vida. Então, por que ele precisaria de outra fonte de vida?
6. Como pode um espírito ter outro espírito?
A Igreja ensina que o Espírito do “Deus, o Verbo” encarnou em um corpo humano, significando que ele assumiu um corpo como uma veste para aparecer nele. Mas como pode a Igreja afirmar que havia um segundo espírito dentro de Cristo?
Podemos entender como um espírito pode encarnar, mas como pode um espírito habitar dentro de outro espírito? Um espírito já é uma entidade completa, então por que precisaria de outro espírito?
A presença de dois espíritos contradiz a doutrina da encarnação e confirma, em vez disso, a doutrina da habitação e da convivência!
7. Como a Igreja determinou que Cristo tinha um espírito divino e um espírito humano?
Como a Igreja pode afirmar algo para o qual não tem nenhuma evidência nas palavras de Cristo, nos ensinamentos dos seus discípulos ou nos quatro Evangelhos?
Capítulo Cinco
O Surgimento das Doutrinas Sobre a Natureza de Cristo
Devido às passagens dos Evangelhos que descrevem como Cristo foi ferido, crucificado e morreu, e como ele orava, jejuava, adorava e clamava a Deus, surgiram questões:
- Como ele poderia ser o próprio Deus?
- Como a Virgem Maria poderia ter dado à luz a Deus?
Assim, surgiu uma escola teológica que introduziu uma ideia estranha:
Cristo tinha duas naturezas: uma divina e uma humana!
No entanto, essa ideia levou a outros problemas teológicos:
- Qual é a relação entre essas duas naturezas?
- Como elas se uniram em um só corpo?
- Elas se fundiram ou permaneceram separadas?
- Ou se uniram sem se fundir nem se separar?
Devido a essas contradições, surgiram muitas seitas diferentes, cada uma com sua própria interpretação da natureza de Cristo, incluindo:
1. Monofisismo (Doutrina da Natureza Única):
Esta doutrina sustenta que Cristo tinha duas naturezas, uma divina e uma humana, mas que após a encarnação elas se fundiram em uma única natureza divina.
De acordo com essa crença, a natureza humana (homem) foi absorvida pela natureza divina (Deus), assim como uma gota de vinagre se dissolve no oceano.
Assim, Cristo era visto como “uma hipóstase e uma pessoa com uma única natureza: Deus-homem.”
Uma das figuras mais proeminentes que seguiu essa doutrina foi Eutiques [380-456], chefe de um mosteiro em Constantinopla, que abrigava mais de 300 monges.
2. Diofisismo (Doutrina das Duas Naturezas):
Esta doutrina afirma que Cristo tinha duas naturezas distintas: uma divina e uma humana, que permaneceram inalteradas, não fundidas e inseparáveis após a encarnação.
Um dos defensores mais conhecidos dessa doutrina foi o Papa Leão I (Leão, o Grande), Patriarca de Roma [morreu em 461]. Ele criticou as crenças monofisitas de Eutiques em sua carta a Flávio [morreu em 449], Patriarca de Constantinopla, afirmando:
«Assim, ao preservar as propriedades de ambas as naturezas e substâncias em uma pessoa unida, a majestade assumiu a humildade, a força assumiu a fraqueza e a eternidade assumiu a mortalidade.
Assim, aquele mesmo que, permanecendo na forma de Deus, foi o criador da humanidade, fez-se homem na forma de servo. Cada natureza conserva as suas próprias propriedades sem defeito, assim como a natureza divina não elimina a forma de servo, nem a forma de servo diminui a natureza divina.
Assim, o Filho de Deus entrou neste mundo inferior, descendo do trono celestial, mas sem se afastar da glória do Pai, nascendo em uma nova ordem, por um novo nascimento. Por uma nova ordem, porque o invisível tornou-se visível, o incompreensível quis ser compreendido; o eterno começou a existir no tempo; o Senhor do universo assumiu a forma de servo, ocultando a imensidão da Sua majestade. O Deus impassível não hesitou em tornar-se homem passível, e o imortal aceitou submeter-se às leis da morte.»
Após a leitura da carta de Leão no Concílio de Calcedônia (ano 451), os bispos presentes declararam:
«Esta é a fé dos Padres, esta é a fé dos Apóstolos. Todos nós acreditamos nisso, e todos os Ortodoxos sustentam essa fé. Quem não acredita nisso está excomungado. Pedro fala pela boca de Leão. Esta é a doutrina dos Apóstolos. Esta é a fé verdadeira.»
Então, essa foi a resolução final sobre a natureza de Cristo? Não! Outras escolas teológicas criticaram posteriormente o diofisismo, como exploraremos a seguir.
3. Miafisismo (Doutrina da Natureza Única Composta):
Esta doutrina afirma que Cristo tinha duas naturezas, uma divina e uma humana, mas que elas se uniram em uma única natureza, a “natureza do Verbo encarnado.”
As duas naturezas não podiam ser separadas, fundidas ou alteradas após a sua união.
Esta crença é sustentada pelas Igrejas Ortodoxas Orientais (Igrejas Copta, Armênia, Siríaca, Etíope e Ortodoxa Indiana).
Quando Dioscoro, Patriarca de Alexandria [390-454], viu que o Papa Leão I, Patriarca de Roma, e Flávio, Patriarca de Constantinopla, promoviam a doutrina de que Cristo tinha duas naturezas e duas vontades após a união, ele buscou ativamente refutar essa doutrina e disse:
«Cristo é uno. Ele foi convidado para o casamento como homem, e transformou a água em vinho como Deus. Em todas as suas ações, ele permaneceu uno.»
Ele também citou Cirilo de Alexandria, que disse:
«A união do Verbo de Deus com o corpo é como a união da alma com o corpo ou a união do fogo com o ferro. Embora sejam de duas naturezas diferentes, uma vez unidas, tornam-se uma só. Da mesma forma, Cristo é um só Messias, um só Senhor, uma só natureza e uma só vontade.»
4. Paulicianismo (Doutrina do Adopcionismo):
Esta doutrina, nomeada em referência a Paulo de Samosata, Bispo de Antioquia [200-275], ensinava que Cristo era Filho de Deus por adoção, e não por natureza.
A Virgem Maria deu à luz Jesus humano, e depois o Verbo de Deus habitou nele, tornando-o divino.
Assim, Cristo foi um homem que se tornou divino, e não Deus que se tornou humano. Na crucificação, o Verbo de Deus o abandonou, e apenas sua natureza humana morreu.
5. Nestorianismo:
Nomeada em referência a Nestório, Patriarca de Constantinopla, esta doutrina ensinava que a Virgem Maria não deu à luz a Deus, mas apenas a um ser humano, e que o Verbo de Deus habitou em Jesus no seu batismo (quando João Batista batizou Jesus, Mateus 3:16), mas o deixou antes de sua morte na cruz.
A habitação da divindade não foi uma união hipostática (a união da essência divina com a essência humana), mas sim uma habitação no sentido de acompanhamento.
Assim, não houve união entre as naturezas humana e divina na pessoa de Jesus Cristo; houve apenas uma conexão entre um ser humano e a divindade. Ou seja, Cristo possuía duas hipóstases (essências) distintas, uma divina e outra humana.
Portanto, Maria não deveria ser chamada de "Theotokos" (Mãe de Deus), mas apenas de "Mãe de Jesus."
A Virgem não pode dar à luz a Deus, pois o criado não pode gerar o Criador, e o que nasce da carne é apenas carne.
Teodoreto de Mopsuéstia, Bispo de Mopsuéstia [350-428] (amigo de João Crisóstomo), ensinou que:
«O “Deus, o Verbo” habitava no Jesus humano e o usava como instrumento para a salvação da humanidade.»
A união entre eles era externa (uma conexão), e não uma união hipostática. Portanto, o vínculo entre eles era o espírito humano.
A essência divina não se une à essência humana, e a natureza divina não se une à natureza humana.
Ele considerava “Deus, o Verbo” como uma pessoa completa e Jesus, o homem, como uma pessoa completa. Assim, em Cristo, havia duas pessoas: uma divina e outra humana, unidas externamente no sentido de uma conexão. Por meio dessa união externa, eles eram considerados uma só pessoa.
As Consequências Dessas Disputas Teológicas:
Muitas outras seitas surgiram, mas não podemos mencioná-las todas aqui. Todas essas doutrinas foram rotuladas como heresias pelos adeptos das doutrinas miafisita e diofisita.
Vale destacar que todas essas chamadas “heresias” foram, na verdade, lideradas por importantes bispos, patriarcas e papas com grande número de seguidores em diferentes regiões.
Por exemplo, o Patriarca Nestório, profundamente influenciado pelos princípios teológicos da Escola de Antioquia, foi contestado em sua doutrina cristológica pelo Papa Cirilo de Alexandria, que era profundamente influenciado pelos princípios teológicos da Escola de Alexandria.
Em Antioquia, teólogos e intérpretes eram mais inclinados a uma perspectiva aristotélica, focando nas realidades tangíveis e visíveis. Eles confiavam em uma interpretação literal das Escrituras, baseando-se em informações históricas, análise racional, comparações entre passagens bíblicas e teorias filosóficas. Portanto, eles enfatizavam mais a humanidade de Cristo e sua vida terrena do que sua divindade.
Os teólogos de Antioquia eram mais aristotélicos, focando na análise histórica e na interpretação lógica das Escrituras.
Quanto à Escola de Alexandria, ela era mais inclinada ao platonismo e à interpretação alegórica das questões teológicas. Os estudiosos de Alexandria estavam principalmente focados na divindade de Cristo, em vez de sua humanidade.
Essa diferença na abordagem teológica tornou-se cada vez mais intensa devido ao viés sectário e à rivalidade por cargos episcopais.
Essa disputa teológica levou ao Grande Cisma de (ano 451), no Concílio de Calcedônia, dividindo a Igreja em:
Igrejas Calcedonianas:
São as igrejas que aceitaram as decisões do Concílio de Calcedônia e afirmaram que Cristo tem duas naturezas, divina e humana, sem mistura ou separação. Isso inclui a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais na Grécia, Rússia, Romênia, Sérvia, Hungria e Jerusalém. Posteriormente, as igrejas protestantes também se alinharam a essa crença.
Igrejas Não-Calcedonianas:
São as igrejas que rejeitaram as decisões do Concílio e acreditam que Cristo tem apenas uma natureza, a “natureza do Verbo encarnado”, que consiste na união das naturezas divina e humana em uma única natureza, sem mistura ou separação. Isso inclui as igrejas Copta, Siríaca, Armênia, Etíope e Indiana.
Aqueles que rejeitaram as decisões do Concílio enfrentaram severa perseguição.
Capítulo Seis
A Fé de Cristo e Seus Discípulos
Após todas as declarações, opiniões, filosofias e diversas doutrinas do clero mencionadas anteriormente, e seus inúmeros concílios realizados para determinar a verdade sobre Cristo e sua natureza, apresentaremos agora, da maneira mais simples, a crença correta que Cristo e seus discípulos tinham, a qual está claramente declarada na Bíblia.
A razão por trás de todas essas diferentes doutrinas entre o clero é a sua excessiva glorificação de Cristo, acreditando que ele deve ser Deus [Deus nos livre], porque nasceu sem pai e realizou milagres. No entanto, eles ignoraram o fato de que Adão também foi criado sem pai nem mãe e que todos os profetas e mensageiros realizaram milagres como prova tangível de sua missão. Realizar milagres não significa que eles eram deuses!
A Crença de Cristo de que Ele Era um Profeta e Mensageiro de Deus:
Evangelho de Marcos 6:4:
«Então Jesus lhes disse: “Um profeta não é sem honra, exceto na sua própria terra, entre seus parentes e em sua casa!”.»
Como vemos, Cristo claramente se chamou de profeta e não disse em nenhum lugar que era Deus ou a Hipóstase do Verbo.
Evangelho de Lucas 13:33:
«Ainda assim, hoje, amanhã e depois, devo continuar meu caminho, pois nenhum profeta pode morrer fora de Jerusalém!»
A Crença do Povo em Geral de que Cristo Era um Profeta:
Quando Jesus ressuscitou um jovem morto pela vontade de Deus, o povo não disse que ele era Deus, mas sim que ele era um profeta.
Evangelho de Mateus 21:10-11:
«Quando Jesus entrou em Jerusalém, toda a cidade se agitou, perguntando: “Quem é este?” As multidões responderam: “Este é Jesus, o profeta de Nazaré, na Galileia.”»
Evangelho de Lucas 7:16:
«O medo se apoderou de todos eles, e glorificaram a Deus, dizendo: “Um grande profeta apareceu entre nós, e Deus visitou o seu povo!”»
Evangelho de João 6:14:
«Então, aqueles homens, ao verem o milagre que Jesus fez, disseram: “Este é, de fato, o profeta que devia vir ao mundo.”»
Evangelho de Mateus 21:46:
«Mas, quando tentaram prender Jesus, tiveram medo da multidão, porque o consideravam um profeta.»
A Crença dos Discípulos de Cristo de que Ele Era um Profeta:
Primeiro sermão de Pedro em Atos 2:22:
«Homens de Israel, escutem estas palavras: Jesus de Nazaré, um homem aprovado por Deus entre vocês, por meio de milagres, maravilhas e sinais que Deus realizou por meio dele no meio de vocês, como vocês mesmos sabem.»
Sermão de Pedro no templo (Atos 3:13):
«O Deus de Abraão, Isaque e Jacó, o Deus de nossos antepassados, glorificou seu servo Jesus.»
Nota: Embora Pedro tenha chamado Cristo de “servo” na frase “seu servo Jesus”, algumas traduções alteraram a palavra “servo” para “seu Filho”! Aqui está a tradução grega emitida pela Igreja Ortodoxa Grega oficial:
"Ο Θεός του Αβραάμ, του Ισαάκ και του Ιακώβ, ο Θεός των προπατόρων μας, έδειξε τη δόξα του Ιησού του δούλου Tου."
A Crença de Cristo de que Ele Foi Enviado Apenas aos Israelitas, e Não para a Expiação da Humanidade:
Evangelho de Mateus 15:21-26:
«Uma mulher cananeia daquela região veio a ele, clamando: “Tem misericórdia de mim, Senhor, filho de Davi! Minha filha está gravemente possuída por um demônio.” Mas ele não lhe respondeu uma palavra. Então seus discípulos vieram e o instaram: “Manda-a embora, porque ela continua nos seguindo e clamando!” Ele respondeu: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel.” Mas a mulher se aproximou, ajoelhou-se diante dele e disse: “Senhor, ajuda-me!” Ele respondeu: “Não é certo pegar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos!”»
Cristo não foi cristão, nem seus discípulos, e eles não carregavam cruzes:
Atos 11:26:
«Foi em Antioquia que os discípulos foram chamados pela primeira vez de cristãos.»
Pela graça de Deus, assim se conclui a Parte Um.
[1] Na teologia cristã, Deus é um espírito. No entanto, no Islã, o espírito é uma das criações de Deus. O Profeta Maomé (que a paz e as bênçãos estejam sobre ele) disse: “Quando a alma é retirada (do corpo), os olhos a seguem (enquanto parte).” (Narrado por Muslim). Isso indica que a alma é uma entidade criada real, com uma existência independente.