A Tolerância do Islam

A Tolerância do Islam

A Tolerância do Islam

سماحة الإسلام باللغة البرتغالية

 

Abd Ar-Rahman bin Abd Al-Kareem Al-Sheha

د.عبد الرحمن بن عبد الكريم الشيحة

 

Traduzido para a Lingua Portuguesa por:

EUROPEAN ISLAMIC RESEARCH CENTER (EIRC)

المركز الأوروبي للدراسات الإسلامية

& Samir El Hayek

Revisão Ali Momade Ali Atumane

 

©WWW.ISLAMLAND.COM

 

 

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso

Louvado seja Deus e que a paz e as bênçãos estejam com o nosso Profeta Mohammad, com sua família e com seus companheiros.

Com o crescimento das acusações contra o Islam, como o terrorismo e vinculado a outras práticas que lhe são isento, mas que visam afastar as pessoas dele - pelo crescente número de pessoas que abraçam - começaram a aparecer em público acusações e suspeitas, sem fundamento ou prova, sendo interpretações de atitudes pessoais hostis ao Islam e aos muçulmanos. Por este motivo, foi-me pedido pelo Cheikh Mohammad Saifuddin, Diretor do Centro Islâmico Educacional e Cultural de Beraoonchoaag na Alemanha, um artigo sucinto que mostre a tolerância do Islam. Graças a Deus e a ele, publicou-se este livro. No entanto, fiquei tão intrigado com o aparecimento desse fenômeno, especialmente na Alemanha, porque francamente digo que o povo alemão é um povo bondoso, e cresce a sua bondade quanto mais o conhecemos. Tenho esta opinião a respeito dele devido ao meu relacionamento com muitos alemães que chagam ao meu país, seja para trabalharem ou para o comércio. A continuidade de sua bondade demonstra que seu governo também é caracterizado por essa descrição porque as pessoas boas escolhem para sua liderança também pessoas boas, além da posição moderada do governo alemão em muitos eventos que ocorrem na arena internacional. Eu felicito o povo alemão pelo bom governo e felicito o governo alemão pelo seu excelente povo. Falo por mim, pessoalmente, que amo a Alemanha, e desejo-lhe todo o bem e progresso. Quero assegurar-lhes que por trás do Islam verdadeiro, só há amor e paz para todos; é isso que irão saber ao lerem este livro. Desejo deles, Governo e povo, que pensem seriamente em adotar e apoiar o Islam verdadeiro e proporcionar a melhor coisa dele para as pessoas. Esta é a nossa esperança neles, porque com essa adoção vão livrar sua sociedade de muitos problemas enfrentados devido à civilização moderna de surto de drogas e de disseminação da imoralidade, de falta de respeito e de desintegração familiar. Vão reformar sua economia através de adoção de um sistema que desconhece os colapsos financeiros e as mudanças econômicas destruidoras que o nosso mundo testemunha hoje em dia. É prova suficiente disso a vontade de muitos países de adotar o sistema econômico islâmico. Politicamente irão lucrar a simpatia e a bondade de 1,57 bilhão de muçulmanos que representam um quarto da população mundial. Vão obter alianças excelentes e muito úteis para a Alemanha com pelo menos 90% dos países islâmicos. Nós não negamos que existem alguns muçulmanos que prejudicaram o Islam por conta das suas ações, intencionalmente ou não, mas é justo não culpar o Islam pelos erros das más ações de alguns de seus seguidores contrários ao método do Islam verdadeiro. Finalmente, digo com sinceridade que amo a Alemanha e seu povo. A evidência disso é o meu rápido atendimento ao pedido do Cheikh Mohammad Saifuddin, e felicito a Alemanha pela existência de pessoas como ele, por ser uma pessoa moderada em sua pregação, sincera em suas orientações, claro nos seus objetivos, leal ao seu país, que ama o seu povo. Assim o consideramos, e Deus é quem Melhor inteirado dele.

 

 

Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso

Louvado seja Deus e que a paz e as bênçãos estejam com o nosso Profeta Mohammad, com sua família e com seus companheiros.

Um dos fatores que ajuda a propagação do Islam e sua aceitação entre os não muçulmanos, é por ser caracterizado pela facilidade de compreensão dos seus ensinamentos e tolerância nos seus relacionamentos, sem colidir com o instinto íntegro com que Deus criou o ser humano, mas a sua pregação sincera para aprovação e não objeção, como Deus, Glorificado e Exaltado Seja, evidencia, dizendo: “Volta o teu rosto para a religião monoteísta. É a obra de Allah, sob cuja qualidade inata Allah criou a humanidade. A criação feita por Allah é imutável. Esta é a verdadeira religião; porém, a maioria dos humanos o ignora.[1]

Tomemos, por exemplo, o instinto sexual que o Islam não considera sujo e não o proíbe, mas ordena satisfazê-lo rapidamente. Deus, Exaltado Seja, diz: “Casai os celibatários, dentre vós, e também os virtuosos dentre vossos servos e servas. Se forem pobres, Allah os enriquecerá com a Sua graça, porque é Abrangente, Sapientíssimo.”[2]

O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) incentivou o apressar-se em satisfazer o instinto sexual; ele disse: "Ó jovens, quem for capaz de sustentar uma esposa, que case. Isso conserva o pudor e preserva a castidade. Quem não puder, que jejue, que lhe será um escudo contra a fornicação.”[3]

Por outro lado, não o tornou admissível sem condições e restrições, mas organizou e estabeleceu o caminho certo e a maneira adequada para satisfazê-lo. Ele tornou o casamento o meio para fazer isso. Com o casamento estabelece-se a estabilidade visada por todos nós. Com ele nasce o afeto que ajuda na convivência conjugal, resultando na prole entre eles. Cada um deles, com esse resultado ocorrido de forma legítima e com vínculo sagrado, Deus mostra isso, dizendo: “Entre os Seus sinais está o de haver-vos criado companheiras da vossa mesma espécie, para que com elas convivais; e colocou amor e piedade entre vós. Por certo que nisto há sinais para os sensatos.[4]

Ele tornou proibido qualquer outro meio que leva a satisfação do instinto além do que já estabeleceu e advertiu, devido aos resultados danosos como a propagação de doenças, o rompimento com os descendentes, o aparecimento de crianças ilegítimas resultantes de adultério, com problemas psicológicos, intranquilos, nutrindo ódio pela sociedade. Allah, Exaltado Seja, diz: “Evitai a fornicação, porque é uma obscenidade e um péssimo exemplo![5]

Ele não torna este casamento eterno em caso da falta de vontade de um dos cônjuges em viver com o outro. Estabeleceu a separação entre eles, de acordo com regulamentos que garantem o direito de cada um deles e leva em conta seus sentimentos, porque o Islam visa criar uma família feliz que origina uma sociedade bem sucedida, através da qual, o indivíduo pode desfrutar de sua vida religiosa e secular com toda liberdade e tranquilidade, sendo um ser humano atuante, produtivo, e isso em todas as esferas humanas inatas, sem causar mal, com palavras ou ações. Com isso, o Islam constitui realmente a religião final que Deus, Glorificado e Exaltado Seja, escolheu para a humanidade. Quem a aceitar obterá a felicidade mundana, de conforto da alma e tranquilidade do coração que só a sente quem vive o prazer da fé e espera por ele a felicidade da Outra Vida, com a anuência de Deus, representada pela eternidade num Paraíso tão amplo quanto os céus e a terra, preparado para os justos, e priva-se dele quem se privar da prudência e da justiça de Deus. Vive, assim, o sofrimento e o aperto neste mundo, embora seja aparentemente feliz e o que o espera na Outra Vida é pior e mais duradouro. Pedimos a Deus uma boa saúde e segurança.

Uma vez que a caratcterística dos seres humanos é a imperfeição e a negligência, o Islam constitui na religião mais tolerante, especialmente no que diz respeito à negligência contra o direito de Deus, Glorificado e Exaltado Seja, pelo fato de que os Seus direitos são baseados em perdão, tolerância e indulgência, e o perdão, a tolerância e a indulgência incluem todos os direitos de Deus, a não ser num só direito, o de Divindade e de Adoração em que Deus, Glorificado e Exaltado Seja, não permite associação, ou que dispõe de algo delas para os outros, como explica isso, Allah, Glorificado e Exaltado Seja, dizendo: “Allah jamais perdoará a quem Lhe atribuir parceiros; porém, fora disso, perdoa a quem Lhe apraz.”[6]

Portanto, o Islam estabeleceu uma forma de se livrar de cada erro ou pecado que possa ser cometido. Ele se dirige à mentalidade e trata de sua psique confusa com a abertura do caminho do arrependimento à sua frente para abster-se e se afastar do pecado, fez do remorso do cometido a expiação do pecado. Certamente, Deus é o mais Generoso e Liberal, pois, além do perdão dessa culpa ele recebe a recompensa de Deus, por não mais cometê-la, por temor a Ele e pela esperança de conseguir o que Ele pode proporcionar. Que benevolência é maior do que essa? Deus, Exaltado Seja, diz: “Ó servos meus, que se excederam contra si próprios, não desespereis da misericórdia de Allah; certamente, Ele perdoa todos os pecados.[7]

O Islam facilitou a questão do arrependimento do servo tornando-o algo fácil, sem fadiga nem aflição. Deus, Exaltado Seja, diz: "E quem cometer uma má ação ou se condenar e, em seguida (arrependido), implorar o perdão de Allah, sem dúvida achá-Lo-á Indulgente, Misericordiosíssimo"[8].

E diz: “E é Ele Que aceita o arrependimento dos Seus servos, absolve-lhes as faltas, bem como está sempre ciente de tudo quanto fazem,”[9]

O Islam leva em conta a alma humana que pode repetir o cometimento de pecados e desobediências, tornando o perdão vinculado ao arrependimento deles, não importa quão repetidas vezes sejam, como o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) explicou que o diabo disse: “Por Tua glória, ó Senhor, não paro de tentar os Teus servos enquanto suas almas estiverem em seus corpos.” O Senhor disse: “Pela minha Glória e Magnificência, continuarei a perdoá-los enquanto contiuarem Me pedindo perdão.”[10]

Além disso, perdoa a cada pecado ou erro cometido pelo servo, resultante de coerção, engano ou esquecimento involuntário e determinação. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Deus não levará em conta os erros e os esquecimentos da minha comunidade, e o que foi obrigada a fazer”.[11]

E a porta do perdão, no Islam, está aberta, disponível o tempo todo e em qualquer situação, até o último momento da vida dos filhos de Adão, sem determinação de tempo ou lugar. Deus, Exaltado Seja, diz, “A absolvição de Allah recai apenas sobre aqueles que cometem um mal, por ignorância, e logo se arrependem. A esses, Allah absolve, porque é Sapiente, Prudentíssimo. A absolvição não alcançará aqueles que cometerem obscenidades até à hora da morte, mesmo que nessa hora alguém, dentre eles, diga: Agora me arrependo. E tampouco alcançará os que morrerem na incredulidade, pois para eles destinamos um doloroso castigo.[12] O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Deus, Exaltado Seja, aceitará o arrependimento do Seu servo, se este não se encontrar nos últimos alentos da sua vida.”[13]

Não há desespero e desesperança no Islam da misericórdia e do perdão de Deus, uma vez que o Islam fechou esta porta e explica que este é o trabalho dos incrédulos ingratos. Deus, Exlatado Seja, diz: “Não desespereis quanto à misericórdia de Allah, porque não desesperam da Sua misericórdia senão os incrédulos.[14]

Certamente, o perdão é seguro, graças a Deus, com o arrependimento e o pedido de perdão, como o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) explicou, dizendo: “Juro por Quem tem a minha alma em Seu poder que se não cometêsseis faltas, Deus os substituiria por outro povo que cometeria faltas, e pediria perdão a Ele, louvado seja, Que o perdoaria.”[15]

E abriu a porta da esperança, informando que o arrependimento do servo, sobre seu pecado é o que Deus ama e aceita, alegrando-Se com isso. Isso faz o servo se apressar ao arrependimento, devido às palavras do Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz): “Deus mais Se alegra com o arrependimento de Seu servo fiel do que o de homem num deserto aniquilador, com sua montaria, carregada com comida e bebida. Que quando dormiu, ao acordar verificou que a montaria desapareceu. Ele a procura até ficar com muita sede. E diz: Vou voltar ao local em que eu estava, e dormir até morrer. Quando encostou a cabeça no braço para morrer, acordou e verificou que a sua montaria havia voltado com a comida e a bebida. Deus tem mais alegria do arrependimento do servo crente do que este, pela sua montaria, comida e bebida.”[16]

Por intermédio da leitura deste livreto será mostrado claramente e você vai conhecer mais sobre o grau de tolerância e conveniência que o Islam estabeleceu em todos os campos da vida, tanto a nível individual como ao nível de grupos religiosos e seculares.

Dedique um pouco de seu tempo para estudar e conhecer o Islam e não o faça por intermédio de seu julgamento sobre ações e atitudes específicas praticadas por agitadores e ignorantes muçulmanos. Se você ficar convencido com ele, é um bem que Deus encaminhou a você, se não, será um conhecimento adicionado ao seu conhecimento científico e uma imagem correta do Islam, distante das distorções e das fraudes utilizadas para lhe dirigir hostilidade. Fique sabendo que tudo que contraria o instinto correto e a mente sã não é do Islam. O admirável é que pessoas, à torta e à direita, procuram a religião que lhes proporcione felicidade, mas adotam religiões rejeitadas pela mente sã e pelo instinto; pelo coração correto e deixam a verdadeira religião, e isso é devido ao diabo que quer seduzir os filhos de Adão e impedi-los da verdadeira religião, pois o diabo sabe que com a sua adoção irão desfrutar de ambos os mundos. Impedi-los da verdade é o que ele prometeu quando foi expulso. Deus, Exaltado Seja, diz: “Satã disse: Por Teu poder, que os seduzirei a todos. Exceto, entre eles, os Teus servos sinceros!”[17]

Devemos compreender que, entrar no Islam é uma concessão Divina e sucesso de Deus que Ele agracia a quem Ele quer de Seus servos. A quem demonstrar a Deus sinceridade, boa orientação e um desejo sincero de conhecer a verdade e seus seguidores, Deus lhe facilita os caminhos de acesso a Ele. Portanto, seja um dos que for encaminhado para isso. Deus, Exaltado Seja, diz: “Dizem que te fizeram um favor por se terem tornado muçulmanos. Dize-lhes: não considereis a vossa conversão um favor para mim; igualmente, é a Allah que deveis o mérito de vos ter encaminhado à fé, se sois verazes.[18]

 

Abd Ar-Rahman bin Abd Al-Kareem Al-Sheha

 

 

©WWW.ISLAMLAND.COM

 

 

A Religião para Deus é o Islam

O Islam é a religião que Deus revelou a todos os profetas, desde Adão (a paz esteja com ele) ao Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz). È a religião que Deus escolheu para as criaturas, gênios e humanos, até que Deus herde a terra e o que ela possui. Deus, Exaltado Seja, diz: "A religião para Deus é o Islam."[19]

Ele veio para convocar à unicidade de Deus e adorá-Lo sinceramente sem nenhum parceiro, esta é a convocação de todos os profetas e Mensageiros. Deus, Exaltado Seja, diz: “Prescreveu-vos a mesma religião que havia instituído para Noé, a qual te revelamos, a qual havíamos recomendado a Abraão, a Moisés e a Jesus, (dizendo-lhes): Observai a religião e não discrepeis acerca disso...[20]

Os profetas antes de Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) foram enviados para os seus povos exclusivamente e em período específico. Quando um profeta morria e passasse muito tempo, as pessoas se desviavam da Lei Divina, surgindo desta forma o politeísmo devido ao afastamento da aplicação de seus ensinamentos; assim como aparecia a injustiça e a tirania, dai Deus enviava outro profeta para renovar-lhes o que desvaneceu da lei antiga e renovar o seu apelo para a adoração a Deus e não atribuir-Lhe parceiros. Deus, Exaltado Seja, diz: "Em verdade, enviamos para cada povo um mensageiro (com a ordem): Adorai a Allah e afastai-vos do sedutor!"[21]

Então, o derradeiro desses profetas e mensageiros foi Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) que Allah enviou para ser o postermo dos profetas e mensageiros e ser a Sua última Lei para todas as criaturas, como alvissareiro e admoestador, ou seja, aos gênios e humanos, brancos e negros, árabes e não árabes, em pé de igualdade. Deus, Exaltado Seja, diz: “E não te enviamos, senão como universal (Mensageiro), alvissareiro e admoestador para todos os humanos.[22]

Era inevitável que esta missão e Lei fossem diferenciadas de seus antecessores, para que coadunassem com a evolução das comunidades e dirigirem-se a todas as pessoas de diferentes etnias e raças. Uma dessas propriedades foi de serem universais e de compaixão para com a humanidade, como nosso Senhor, Bendito e Exaltado Seja, diz: “E não te enviamos, senão como misericórdia para a humanidade[23]

Foi necessário ser uma legislação abrangente e completa, que rege o caso do indivíduo e da comunidade, a relação entre às comunidades vizinhas em torno dela para assegurar a sua continuidade e a sobrevivência que Deus garantiu; para que seja válida para todo o tempo e lugar até que Deus herde a terra e tudo que há nela. Deus, Exaltado Seja, diz: “Hoje, completei a religião para vós; tenho-vos agraciado generosamente, e vos aponto o Islam por religião.[24]

Como a tolerância, a conveniência e a facilidade estão entre as coisas necessárias que incentivam a pessoa a adotar as crenças, a tolerância constitui na propriedade da religião islâmica, representada na facilidade das suas disposições e de seu culto, na capacidade e na facilidade que todas estas disposições e atos de culto possuem para que todos tenham a capacidade de aplicá-las, trabalhar de acordo com suas habilidades e poder, em todo tempo e lugar, de acordo com o comando de Deus e seu Mensageiro, um método corroborante das palavras de Deus, Bendito e Exaltado Seja: “Allah não impõe a nenhuma alma uma carga superior às suas forças.[25]

E as palavras do Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz): “Não me questionem acerca dos assuntos que deixei de mencionar. O que levou os povos que vos precederam à perdição foi a sua insistência em fazer perguntas sobre questões desnecessárias, além de manterem divergências com os seus profetas. Assim sendo, abstêm-se do que lhes proíbo e, quando os ordeno algo, busquem fazer dele tanto quanto podem.”[26]

A tolerância do Islam é a base essencial adotada pela legislação islâmica a partir das maiores questões da religião, que é a crença, até a menor matéria da religião sem formalidade ou dificuldade, sem inflexibilidade que priva o lícito, nem complacência que libere o ilícito, por ser a legislação revelada para os seres humanos que sofrem de escassez de sentimentos, emoções e capacidades. Por isso, a lei islâmica leva em conta todos estes elementos por ser a religião natural que não entra em choque, mas se coaduna com eles e permite a todos a prática de culto de acordo com suas habilidades e circunstâncias. Deus, Exaltado Seja, diz: “E não vos impôs dificuldade alguma quanto à religião.”[27]

Por isso, as disposições da Chari’a (Legislação) islâmica são tolerantes por causa da facilidade, do afastamento do constrangimento e das dificuldades dos seus seguidores, tornando-a amada pelos corações de toda a sociedade muçulmana, sentindo o prazer em sua aplicação e agindo conforme ela é, independentemente das suas diferenças sociais e intelectuais. Até os imparciais não muçulmanos prestam testemunho desta verdade. São disposições que levam em conta as situações de ricos e pobres; o saudável e o enfermo; o grande e o pequeno; o sexo masculino e o feminino; o governante e o governado; e as circunstâncias de tempo e de lugar. A humanidade, na sua extensão, nunca conheceu uma legislação que inclua princípios baseados na moderação, tolerância, conveniência como o Islam, porque coaduna com a fraqueza da natureza humana que Deus criou. Deus, Exaltado Seja, diz: “E Allah deseja aliviar-vos o fardo, porque o homem foi criado débil.[28]

A tolerância do Islam e sua facilidade em afastar o constrangimento e facilitar as dificuldades, são abrangentes, pois não se limitam a apenas aos seus seguidores. Porém, o surgimento do Islam com o envio do Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) como convite e incentivo se constitui o bem para os seguidores de religiões anteriores que sofriam e tinham dificuldades em suas religiões. Deus, Exaltado Seja, diz: “São aqueles que seguem o Mensageiro, o Profeta iletrado, o qual encontram mencionado em sua Tora e seu Evangelho, o qual lhes recomenda o bem e lhes proíbe o ilícito, prescreve-lhes todo o bem e veda-lhes o imundo, alivia-os dos seus fardos e livra-os dos grilhões que os deprimem. Aqueles que nele creram, honraram-no, defenderam-no e seguiram a Luz que com ele foi enviada, são os bem-aventurados.”[29]

Esta tolerância abriu a porta da diligência que foi aprovada pelo Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) quando enviou Moaz ao Iêmen, perguntou-lhe: “Como irá julgar?” Ele respondeu: “De acordo com o livro de Deus.” Perguntou, novamente: “Se não encontrar o que deseja?” Respondeu: “De acordo com a Sunna do Mensageiro de Deus.” Perguntou, ainda: “Se não encontrar o que deseja?” Respondeu: “Usarei a minha opinião”. O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) bateu no peito dele e disse: “Louvado seja Deus, que orientou o enviado do Mensageiro de Deus para o que satisfaz ao Mensageiro de Deus”.[30]

De modo a ser uma religião que aceita o desenvolvimento, válida para todo tempo e lugar. A religião do Islam trouxe princípios e fundamentos gerais, regras e bases sólidas, que não mudam com o tempo, o espaço ou o lugar; são de crença e cultos, como a fé, a oração e o número de suas unidades e tempos; são do Zakat, seus valores e sobre o que nele incide; são do jejum, e seu tempo; são da peregrinação sua forma, tempo e limites, etc.. Assim, se houver incidentes e requisitos emergentes, são apresentados ao Alcorão, e o que é encontrado nele é adotado e deixado o que é diferente. Se não for encontrado, pesquisa-se naquilo que é autêntico na sunna do Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz). Se for encontrado é adotado e deixa-se o que é diferente. Se não houver deve-se examinar as premissas dos sábios muçulmanos em todo tempo e lugar que atendem o interesse público, os requisitos de seu tempo e as condições de sua comunidade, considerando sempre o Alcorão e a Sunna, assim como dialogando os novos assuntos sobre as regras gerais de direito com os derivados do Alcorão e da Sunna, como: “A base das coisas é a permissividade”, a base da “Conservação dos interesses”, a base “Da facilidade e do afastamento de constrangimento”, a base da “Eliminação do mal”, a base “A necessidade permite o que é proibido”, a base “As necessidades não devem ser exageradas”, a base “Eliminar o mal é preferível à geração de benefícios”, a base “De cometer o menor dos dois males”, a base “O mal não pode ser eliminado com o mal”, a base “Suportar o dano particular para eliminar o dano geral”, etc.. A diligência não pode ser utilizada de acordo com os desejos e as paixões, mas destina-se a alcançar o que é útil aos seres humanos e se beneficiar sem oposição ou choque com o texto legítimo, e só, a fim de o Islam manter o ritmo com os requisitos de cada sociedade e cada época, e não são palavras ditas a esmo. Quem seguir os textos do Alcorão e os ditos do Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) descobre o convite do Islam para a tolerância e a conveniência.

 

O Islam e a Metodologia da Tolerância:

Falar sobre a tolerância no Islam não é falar sobre um pequeno componente da religião, mas sim sobre uma característica fundmental da fé islâmica, porque a tolerância está incluída em cada parte de suas frações, como o seu Mensageiro (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “O melhor de sua religião são as suas facilidades”.[31]

Ele também disse: “A mais amada das religiões para Deus é a monoteísta tolerante.”[32]

O Islam é um método completo de tolerância; é a religião de moderação, onde Deus, Exaltado Seja, diz: “E, deste modo (ó muçulmanos), constituímos-vos em uma nação de centro, para que sejais testemunhas da humanidade, assim como o Mensageiro o será para vós.”[33]

1. O Islam é a religião de tolerância em matéria de política e das relações exteriores. Deus, Exaltado Seja, diz: “Allah nada vos proíbe quanto àqueles que não vos combateram pela causa da religião e não vos expulsaram dos vossos lares, nem que lideis com eles com gentileza e equidade, porque Allah aprecia os equitativos.[34]

2- O Islam é tolerante nas questões sociais gerais. Deus, Exaltado Seja, diz: “Ó humanos, em verdade, Nós vos criamos de macho e fêmea e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros. Sabei que o mais honrado, dentre vós, ante Allah, é o mais temente. Sabei que Allah é Sapientíssimo e está bem inteirado.[35]

3. O Islam é tolerante em termos de comportamento e etiqueta. Deus, Exaltado Seja, diz: “Conserva-te indulgente, recomenda o bem e afasta-te dos ignorantes.[36]

E Deus, Exaltado Seja, diz: “Que fazem caridade, tanto na prosperidade, como na adversidade; que reprimem a cólera; que perdoam o próximo. Sabei que Allah aprecia os benfeitores.[37]

E Deus, Exaltado Seja, diz: “Repele (ó Mohammad) o mal da melhor forma possível, e eis que aquele que nutria inimizade por ti converter-se-á em íntimo amigo![38]

4. O Islam é tolerante na área de culto. Deus, Exaltado Seja, diz: “Quanto aos crentes, que praticam o bem - jamais impomos a alguém uma carga superior às suas forças, saibam que serão os diletos do Paraíso, onde morarão eternamente.[39]

5. O Islam é tolerante no campo da economia. Deus, Exaltado Seja, diz: “Os que praticam a usura serão ressuscitados como aquele que foi perturbado por Satanás; isso, porque disseram que a usura é o mesmo que o comércio; no entanto, Allah consente o comércio e veda a usura. Mas, quem tiver recebido uma exortação do seu Senhor e se abstiver, será absolvido quanto ao passado, e seu julgamento só caberá a Allah. Por outro lado, aqueles que reincidirem serão condenados ao Inferno, onde permanecerão eternamente.[40]

6. O Islam é tolerante na área de relações. Deus, Exaltado Seja, diz: “E dize aos Meus servos que digam sempre o melhor, porque Satanás causa dissensões entre eles, pois Satanás é um inimigo declarado do homem."[41]

7- É a religião de tolerância no campo da educação e formação. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Facilitai as coisas; não as dificulteis! Apresentai as boas-novas, e não intimideis os outros.”[42]

As passagens textuais do Islam reafirmam a metodologia de tolerância e conveniência através do incentivo de sua prática, uma realidade presente na comunidade muçulmana ao nível dos indivíduos. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “A amabilidade, quando acompanha qualquer assunto, o embeleza, e, quando é retirada de qualquer assunto, tira-lhe o encanto.”[43]. Ainda mais sobre as palavras do Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Permite que lhe será permitido”.[44]

Ele (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Allah ama a bondade em todas as coisas.”[45]

Mas, ao nível do grupo como um todo, o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) suplica para aquele que for bondoso com a sua comunidade e adotar o método de tolerância e conveniência como instrumento no comando de sua comunidade, dizendo: “Ó Deus, facilite as coisas para o governante da minha comunidade que facilitar as coisas para ela, e dificulte as coisas para o governante da minha comunidade que dificulta as coisas para ela.”[46]

O Islam criou estímulos que pregam a adoção da tolerância tornando-a uma das causas que conduz ao Paraíso e que nos afasta do Inferno. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: "Quem for fácil, flexível, próximo, Deus lhe vedará o Inferno."[47]

Deve-se saber que a tolerância e a conveniência, especialmente em matéria de culto não visam subverter os propósitos da Lei e da religião, não podem permitir o que é ilícito, nem proibir o que é lícito, ou negligenciar a aplicação das suas disposições e obedecer as suas ordens, ou a alteração dos conceitos islâmicos de moralidade pública, mas a tolerância e a conveniência longe do sofrimento, das dificuldades, de todo pecado e da desobediência. Aicha (que Deus esteja satisfeito com ela) relatou sobre o esposo, o Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz): “Sempre que eram apresentadas ao Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) duas alternativas, escolhia a mais fácil, salvo numa transgressão da Lei, pois nesse caso, era o primeiro a evitá-la. E nunca se vingava por questões pessoais; tão-somente o fazia quando eram violadas as Leis sagradas de Deus. Nesse caso, revidava por Deus.”[48]

Excluem-se disso os casos excepcionais, que têm suas próprias disposições. Vamos tirar algumas imagens da tolerância do Islam em alguns dos seguintes aspectos:

 

A Tolerância do Islam no Aspecto da Crença:

A crença no Islam é o aspecto fundamental da religião. É a base sem regateio, pois não há religião sem dogma. Por isso, nosso Senhor, Bendito e Exaltado Seja, diz sobre isso: “Allah jamais perdoará a quem Lhe atribuir parceiros; porém, fora disso, perdoa a quem Lhe apraz.[49]

Algumas imagens de tolerância do Islam no campo da crença são as seguintes:

1. A tolerância do Islam na crença é clara, sem obscuridade e inequívoca, fácil, entendida pelo ignorante diante do mundo, pelo pequeno antes do grande, uma vez que ordena a fé em Deus, adorá-Lo na unicidade, sem atribuir-Lhe nenhum parceiro, sem necessidade de intermediário. Todos conhecem essa doutrina. Não é para determinada categoria sem a outra. Esta doutrina, que deprecia a mente humana que diminui o seu valor, fazendo-a adorar pedra, árvore ou animal. Faz parte de sua facilidade e conveniência ser compreendida pelo beduíno ignorante do deserto, quando perguntado como conhece o seu Senhor, disse com sua intuição: “O estrume do animal indica o camelo e as pegadas no caminho indicam o caminhar. Portanto, a noite escura, a terra com suas estradas e o céu com suas estrelas não indicariam o Onisciente, o Sutilíssimo?”

2. A tolerância do Islam na crença é que obriga todos os seus seguidores a crerem em todos os Mensageiros anteriores e nos livros revelados a eles. Deus, Exaltado Seja, diz: “O Mensageiro crê no que foi revelado por seu Senhor, e todos os crentes creem em Allah, em Seus anjos, em Seus Livros e em Seus mensageiros. Nós não fazemos distinção entre os Seus mensageiros. Disseram: Escutamos e obedecemos. Só anelamos a Tua indulgência, ó Senhor nosso! A Ti será o retorno![50]

3. A tolerância do Islam na crença é que não obriga ninguém a adotá-lo sem convicção ou desejo. Deus, Exaltado Seja, diz: “Não há imposição quanto à religião, porque já se destacou a verdade do erro. Quem renegar o sedutor e crer em Allah, ter-se-á apegado a um firme e inquebrantável sustentáculo, porque Allah é Oniouvinte, Sapientíssimo.[51]

E ao fato de que há diferenças entre as pessoas quanto à religião, com a anuência de Deus. Ninguém pode impor às pessoas para que sejam muçulmanas. Deus, Exaltado Seja, diz: “Porém, se teu Senhor tivesse querido, aqueles que estão na terra teriam acreditado unanimemente. Poderias (ó Mohammad) compelir os humanos a que fossem crentes?”[52]

A quem a convocação do Islam chegar, sua mostra e esclarecimento, então, tem a livre escolha de crença no Islam, com a liberdade humana de aceitar ou rejeitar o que lhe é oferecido. A este respeito, Deus, Exaltado Seja, diz: “Dize-lhes: A verdade emana do vosso Senhor; assim, pois, que creia quem desejar, e descreia quem quiser. Preparamos para os injustos o fogo, cuja labareda os envolverá. Quando implorarem por água, ser-lhes-á dada a beber água semelhante a metal em fusão, que lhes assará os rostos. Que péssima bebida! Que péssimo repouso![53]

4. Outro aspecto da sua tolerância é que a pessoa é julgada por Deus por aquilo que faz ou diz, sem as intenções interiores. Ninguém é punido ou responsabilizado pela sua intenção, porque é um assunto íntimo entre a pessoa e seu Senhor. Ninguém, quem quer que seja, pode revelá-lo.

5. A tolerância do Islam na crença, é que na existência de coerção não há constrangimento para alguém declarar o que contraria a sua crença para se livrar da tortura e da situação que o aflige. Deus, Exaltado Seja, diz: “Aquele que renegar Allah, depois de ter acreditado – salvo quem houver sido obrigado a isso e cujo coração se mantiver firme na fé – e aquele que abre o seu coração à incredulidade, esses serão abominados por Allah e sofrerão um severo castigo.[54]

A fim de que o muçulmano não sofra tormento físico grave, eis o exemplo de Ammar Ibn Yassir (que Allah esteja satisfeito com ele) que foi preso pelos politeístas e foi obrigado a insultar o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) e falar bem dos deuses deles. Só então o libertaram. Ele foi ter com o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) e este perguntou: “O que você tem para dizer?” Ele respondeu: “O mal, ó Mensageiro de Deus! Só fui libertado quando o insultei e falei bem dos deuses deles.” O Profeta perguntou: "Como está o seu coração?” Ele disse: “Tranquilo na fé”. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Se eles voltarem a obrigá-lo, volte a fazê-lo.”[55]

Também, como aconteceu com Bilal (que Allah esteja satisfeito com ele). Abdullah Ibn Mass’ud disse: “Os primeiros a revelar a sua conversão ao Islam foram sete: o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) Abu Bakr, Ammar e sua mãe Sumaiya, Suhaib, Bilal e al-Miqdad. Quanto ao Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) Deus lhe destinou o tio Abu Tálib para defendê-lo. Quanto ao Abu Bakr Deus lhe destinou seu povo para protegê-lo. Quanto aos outros, os politeístas se apoderaram deles, colocaram neles armaduras de ferro e os expuseram ao sol. Todos atenderam ao que os politeístas desejavam menos Bilal, porque ele se considerou sem valor pela causa de sua crença em Deus, e foi considerado sem valor pelos seus amos. Entregaram-no às crianças que passeavam com ele nas ruas de Meca, e ele repetindo: ‘Único, Único.”[56]

6. A tolerância do Islam na crença que libertou a alma humana de devoção a outrém além de Deus quem quer que seja, a um profeta enviado ou a anjo próximo, implantando a fé na alma do muçulmano, sem temer além de Deus, não há ninguém benéfico nem prejudicial além de Deus, ninguém consegue beneficiar ou prejudicar além de Deus, ninguém dá ou priva além de Deus. Ele, Exaltado Seja, diz: “Não obstante, eles adoram, em vez d’Ele, divindades que nada podem criar, posto que elas mesmas foram criadas. E não podem prejudicar nem beneficiar a si mesmas, e não dispõem da morte, nem da vida, nem da ressurreição.[57]

Tudo está nas Mãos de Deus, Soberano por Execelência. Deus, Exaltado Seja, diz: “E se Allah te infligir algum mal, ninguém, além d‘Ele, poderá removê-lo; e se Ele te agraciar, ninguém poderá repelir a Sua graça, a qual concede a quem Lhe apraz, dentre Seus servos, porque Ele é o Indulgente, o Misericordiosíssimo.[58]

A fim de evitar qualquer veneração desnecessária em relação a qualquer indivíduo, Allah esclarece que o Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) com posição e status elevados perante Deus, aplica-se a ele o que se aplica a outros seres humanos. Que podemos pensar dos outros? Allah, Exaltado Seja, diz: “Dize: Eu mesmo não posso lograr, para mim, mais benefício nem mais prejuízo do que aquele que for da vontade de Allah. E se estivesse de posse do desconhecido, aproveitar-me-ia de muitos bens, e o infortúnio jamais me açoitaria. Porém, não sou mais do que um admoestador e alvissareiro para os crentes.[59]

7. A tolerância do Islam na fé reconhece que Deus ordena a justiça entre todos os seres humanos, independentemente de suas religiões, cores, raças e classes. Deus, Exaltado Seja, diz: “Allah ordena a justiça, a prática do bem, o auxílio aos parentes, e veda a obscenidade, o ilícito e a injustiça. Ele vos exorta a que mediteis.[60]

A justiça é necessária com o próximo e o distante como Deus, Exaltado Seja, diz: “Quando sentenciardes, sede justos, ainda que se trate de um parente carnal, e cumpri os vossos compromissos para com Allah. Eis o que Ele vos prescreve, para que mediteis.[61]

E a justiça é necessária em caso de satisfação e insatisfação tanto para com os  muçulmanos como não muçulmanos, Deus, Exaltado Seja, diz: “Que o ressentimento aos demais não vos impulsione a serdes injustos para com eles. Sede justos, porque isso está mais próximo da piedade.”[62]

8. A tolerância do Islam no campo da fé. Os muçulmanos acreditam que Deus honrou todos os seres humanos de diferentes religiões, cores, raças e classes em muitas das suas criaturas. Deus, Exaltado Seja, diz: “Enobrecemos os filhos de Adão e os conduzimos pela terra e pelo mar; agraciamo-los com todo o bem, e os preferimos enormemente sobre a maior parte de tudo quanto criamos.[63]

Jabir Ibn Abdullah )que Allah esteja satisfeito com ele( relatou que um funeral passou por eles e o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) se levantou, e nós nos levantamos com ele. Dissemos a ele: “Ó Mensageiro de Deus: é o funeral de um judeu” Ele disse: “Se vocês veem um funeral levantem em respeito”[64]

 

A Tolerância do Islam Quanto à Legislação:

A legislação é um método que o ser humano segue para atingir objetivos ou alcançar resultados que deseja. Para que o ser humano possa alcançar os seus objetivos o método que ele segue deve ser claro, evidente, específico, fácil, possível de ser aplicado de acordo com as capacidades humanas. Este é o método do Islam na legislação. Vamos extrair um pouco da sua tolerância nesse aspecto:

1. A tolerância do Islam no campo da legislação é que os textos são de fácil acesso. Deus, Exaltado Seja, diz: “Em verdade, facilitamos o Alcorão, para a admoestação. Haverá, porventura, algum que receberá a admoestação?[65]

Os textos são claros, sem confusão, nem equívocos. É direito de cada um que pertence a ele pedir o que constitui, ou o que está ocorrendo em sua mente, sem constrangimento. Mas não deu o direito de responder às perguntas sobre questões de religião, a qualquer um, porém, concedeu aos conhecedores e aos especialistas legais que estudaram os textos, compreendem o conteúdo e o seu objetivo, o direito de responder em relação a matéria de religião, e do que é relacionado a ela. Deus, Exaltado Seja, diz: “Perguntai-o, pois, aos adeptos da Mensagem, se o ignorais![66]

E isso é correto. Por exemplo, quem ficar doente, procura o médico e não o engenheiro ou o agricultor. O Islam considera a opinião na questão religiosa, sem conhecimento e saber, um pecado grave, porque quem opinar na religião sem o conhecimento ou o saber pode liberar o ilícito, proibir o lícito, ou fazer perder o direito, causando constrangimento e desconforto. Allah, Exaltado Seja, diz: “Dize: Meu Senhor vedou as obscenidades, manifestas ou íntimas; o delito; a agressão injusta; o atribuir parceiros a Ele, porque jamais deu autoridade a que digais d‘Ele o que ignorais.[67]

O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) esclareceu as consequências negativas de alguém que não está familiarizado com o conhecimento da religião. Ele certamente engana a si mesmo e aos outros. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Deus não removerá o conhecimento de Seus servos, levando-os a esquecê-lo; em vez disso, o conhecimento seria perdido pela perda dos estudiosos, porque quando desaparecerem as pessoas estudiosas, o povo nomeará ignorantes como líderes, que irão imitir pareceres sem o conhecimento religioso. Assim, desencaminharão a si mesmos, e desencaminharão aos demais.”[68]

 No Islam não há questões misteriosas ou inexplicáveis, em que se acredita sem questioná-las a não ser o que a mente humana não tem a possibilidade de entender dentre as questões invisíveis, que não foram explicadas para nós pelo nosso Senhor, Bendito e Exaltado Seja, porque os seres humanos não têm benefício em conhecê-las nem a fraca mente humana tem capacidade de percebê-las e absorvê-las. Deus, Exaltado Seja, diz: “Perguntar-te-ão sobre o Espírito. Responde-lhes: O Espírito é um dos comandos do meu Senhor, e só vos tem sido concedida uma ínfima parte do saber.[69]

E Deus, Exaltado Seja, diz: “Interrogar-te-ão acerca da Hora: Quando será? Com quem estás tu (envolvido), com tal declaração? Só ao teu Senhor incumbe tal conhecimento. Tu és somente um admoestador, para quem a (hora) teme. No dia em que a virem, parecer-lhes-á não terem permanecido no mundo mais do que um entardecer ou um amanhecer do mesmo.[70]

Tudo o que vai nos beneficiar em termos de conhecimento relacionado com o mundo metafísico já foi explicado pelo nosso Senhor, Bendito e Exaltado Seja, nas palavras do Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz), como o Paraíso, o Inferno, o Juízo, as histórias das nações anteriores com seus profetas para que possamos refletir sobre o que aconteceu com elas. Deus, Exaltado Seja, diz: “Por isso, tenho-vos admoestado com o fogo voraz, em que não entrará senão o mais desventurado, que desmentir (a verdade) e a desdenhar. Contudo, livrar-se-á dele o mais temente a Allah, que aplica os seus bens, com o fito de purificá-los, e não faz favores a ninguém com o fito de ser recompensado, senão com o intuito de ver o Rosto do seu Senhor, o Altíssimo; e logo alcançará (completa) satisfação.[71]

2. A tolerância do Islam na legislação. Os textos islâmicos são Divinos e colocados pelo Criador, Glorificado e Exaltado Seja, perante governante e governado, rico e pobre, nobre e ignóbil, branco e negro. Não é dado a quealquer pessoa, não importa quão elevada a sua posição e superior a sua dignidade, de contrariá-los. Deus, Exaltado Seja, diz: “Não é dado ao crente, nem à crente, agir conforme seu arbítrio, quando é Allah e Seu Mensageiro que decidem o assunto. Sabei que quem desobedecer a Allah e ao Seu Mensageiro desviar-se-á evidentemente.[72]

Allah ordenou que todos devem respeitá-los e aplicá-los quer pelo governante ou pelo governado. Deus, Exaltado Seja, diz: “A resposta dos crentes, ao serem convocados ante Allah e Seu Mensageiro, para que (estes) julguem entre eles, será: Escutamos e obedecemos! E serão venturosos.”[73]

Ninguém no Islam tem autoridade absoluta, inclusive o chefe do Estado. Ele está sujeito às leis como qualquer outra pessoa. E esta é a beleza e a tolerância do Islam na legislação. Ninguém pode oprimir ou transgridir estas regras e limites. Se isso acontecer com o governante, não se deve obedecê-lo, conforme às palavras do Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz): “O muçulmano deve ouvir e obedecer no que gosta e não gosta, a não ser que seja ordenado a cometer pecado. Em tal caso, não há obediência.”[74]

Com isso, o Islam preserva os direitos, as liberdades públicas e privadas e afasta as fontes da legislação dos caprichos dos legisladores inadequados, porque sua legislação é produto de caprichos pessoais regionais. Mas, em relação a outras questões parciais, a legislação islâmica nada mencionou a seu respeito para deixar a porta aberta perante os muçulmanos de estabelecerem regras e regulamentos apropriados para cada situação, conforme o interesse público, em cada tempo e lugar, desde que essas regras e regulamentos não sejam incompatíveis com os princípios fundamentais do Islam e suas regras.

3. A tolerância do Islam na legislação é que suas Leis Divinas e seus ensinamentos não são suscetíveis a alterações ou mudanças. Elas são absolutas para todos os tempos e lugares. Ao contrário das Leis feitas pelos seres humanos limitados, suscetíveis a mudanças, desatualização, e vulneráveis ​​aos efeitos que os cercam, de cultura, hereditariedade e meio-ambiente. São Leis estabelecidas pelo Criador de toda a criação, o Onisciente, o Sapientíssimo, adequadas às suas condições, e servem para seus assuntos. Não é dado a nenhum ser humano o direito, por mais alta que seja a sua posição, ou mais elevada a sua função, de opor-se a elas ou alterar algo que Deus prescreveu, aumentando ou diminuindo, uma vez que elas preservam os direitos de todos e estabelecem um método de facilidade e tolerância. Deus, Exaltado Seja, diz: “Anseiam, a caso, o juízo do tempo da ignorância? Quem é melhor juiz do que Allah, para os persuadidos?[75]

4. A tolerância do Islam na legislação, é que o Islam não tem poderes espirituais independentes, como aqueles poderes que são dados aos membros do clero das outras religiões porque o Islam veio demolir o que era adotado como intermediário entre Deus e Seus servos. Os politeístas tinham o vício de adotar intermediários na adoração. Deus, Exaltado Seja, conta sobre eles: “Não deve, porventura, ser dirigida a Allah a devoção sincera? Quanto àqueles que adotam protetores, além d’Ele, dizendo: Nós só os adoramos para nos aproximarem de Allah, Ele os julgará, a respeito de tal divergência.[76]

O Glorificado e Exaltado Seja, informou a realidade dos intermediários e que eles não beneficiam nem prejudicam, e de nada lhes valem, uma vez que são criaturas como eles. Deus, Exaltado Seja, diz: “Aqueles que invocais em vez de Allah são servos, como vós. Suplicai-lhes, pois, que vos atendam, se estiverdes certos!”[77]

O Islam salienta que cada indivíduo tem uma ligação direta com Deus. Não há intermediários entre nós e Ele. Essa ideia se baseia na fé absoluta n’Ele, e se recorre somente a Ele na satisfação das necessidades, no pedido de perdão e de ajuda diretamente d’Ele, sem intermediário. Quem comete pecado deve erguer as mãos e rogar a Deus e pedir-Lhe perdão em qualquer lugar, a qualquer tempo e em qualquer situação. Deus, Exaltado Seja, diz: “E quem cometer uma má ação ou se condenar e, em seguida (arrependido), implorar o perdão de Allah, sem dúvida achá-Lo-á Indulgente, Misericordiosíssimo.[78]

E Deus, Exaltado Seja, diz: “E o vosso Senhor disse: Invocai-Me, que vos atenderei![79]

Não há no Islam autoridades religiosas que permitem, proíbem, perdoam e se consideram agentes de Deus sobre Seus servos, legalizando e orientando suas crenças, perdoando as pessoas e ingressando quem quiserem no Paraíso, e privando quem quiserem dele. No entanto, o direito de legislação é somente de Deus, o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse a respeito da interpretação das palavras de Deus, Exaltado Seja: “Tomaram por senhores seus rabinos e seus monges em vez de Allah[80]: "Como eles não os adoravam, uma vez que quando (os rabinos e monges) lhes permitiam algo eles o aceitavam e quando o proibiam eles o proibiam!"[81]

5. A tolerância do Islam na legislação é o sistema de Chura (de consulta mútua). Isto para tornar coletivas as questões relacionadas com os interesses do grupo, entre os membros da comunidade de modo que não haja prioridade aos interesses pessoais sobre os do grupo. Diz-se que o pensar de várias cabeças é melhor do que o pensar de uma só mente. Deus, Exaltado Seja, diz: “Pela misericórdia de Allah, foste gentil para com eles; porém, tivesses tu sido insociável ou de coração insensível, eles se teriam afastado de ti. Portanto, indulta-os, implora o perdão para eles e consulta-os nos assuntos (do momento).[82]

5. A tolerância do Islam na legislação abre a porta da diligência em matérias não mencionadas no Alcorão e na Sunna. Isso por que o Islam é uma religião versátil, aceita a evolução, adequada para todo tempo e lugar. O Islam trouxe princípios e regras gerais, fundamentos e bases fixas, holísticas, que não mudam de acordo com a mudança do tempo ou lugar na crença e no culto, como a fé, a oração, o número de suas unidades e o horário de sua prática, o Zakat, seus valores e sobre o que nele incide, o jejum, e seu tempo, a peregrinação e seu método, tempo e as penalidades, etc.. Na incidência de casos e assuntos novos devem ser submetidos ao Alcorão Sagrado. O que ele determina, deve ser adotado e ser deixado o resto. Se nada houver, devem ser submetidos aos ditos autênticos do Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz). O que eles determinam, deve ser adotado e deixado o resto. Se nada houver, deve-se pesquisar e examinar as diligências dos sábios muçulmanos de todo tempo e lugar que servem ao interesse público e se ajustam aos requisitos da sua época e as condições de sua comunidade, consultando o Alcorão e a Sunna e apresentar o que é novo às regras da legislação geral tiradas do Alcorão e da Sunna para que não se choquem com eles. Não se visa com a diligência satisfazer os desejos e as paixões, mas chegar ao que é útil para os seres humanos sem oposição ou conflito com um texto legítimo. Assim, o Islam acompanha cada época e caminha com as necessidades de cada comunidade.

6. A tolerância do Islam na legislação é fechar a porta de extremismo e fanatismo na religião, proibindo o exagero de acordo com as palavras de Deus, Exaltado Seja: “Allah vos deseja a comodidade e não a dificuldade.[83]

O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: "Cuidado com o extremismo na religião, pois povos anteriores a vocês foram destruídos por causa do extremismo."[84]

O Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) considerou o extremismo, o exagero e o fanatismo na religião, afastamento de sua Sunna e orientação. Anas Ibn Málik (que Deus esteja satisfeito com ele) relatou que três homens foram à casa do Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) inquerindo pelos atos dele quanto ao culto. E, uma vez informados, aquilo lhes pareceu insuficiente, e disseram: “Não estamos em condição de compararmo-nos ao Profeta, pois que lhe foram perdoadas as faltas, tanto anteriores como posteriores.” Um deles disse: “O que farei será levantar-me durante a noite, em oração, durante toda a vida.” O segundo disse: “E eu jejuarei durante o dia pelo resto da minha vida.” O terceiro disse: “Eu privar-me-ei de relacionar-me com as mulheres, e jamais me casarei.” Mais tarde, o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Foram vocês que disseram isto e aquilo? Se for assim, juro por Deus que sou o que mais teme a Deus e o mais devoto; mesmo assim, observo o jejum e o quebro (nos dias em que o jejum não é obrigatório), e me levanto para orar à noite, mas também me deito, e também me caso com as mulheres. Então, quem se recusar a seguir o meu exemplo não será dos meus.”[85]

O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) fez questão de orientar seus companheiros para o caminho da moderação, de modo a mantê-los longe do caminho do exagero e de extremismo. Abdullah ibn 'Amr ibn al-‘Aas (que Deus esteja satisfeito com ele) relatou que o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) lhe disse: “Fui informado que você jejua diariamente e fica praticando orações durante toda a noite.” Eu disse: “Isto é verdade, ó Mensageiro de Deus.” Ele disse: “Não faz isso. Você deve jejuar e quebrar o jejum, rezar durante a noite e dormir, pois o seu corpo tem direito sobre você, o seu olho tem direito sobre você, a sua esposa tem direito sobre você, os seus visitantes tem direito sobre você. É suficiente jejuar três dias a cada mês, uma vez que o valor de cada um é o décuplo, e isso equivale a jejuar todo o mês e como tal é como jejuar por toda a vida. Eu insisti e ele também insistiu. Eu disse: “Ó Mensageiro de Deus, eu sou forte o suficiente para fazer mais do que isso”. Ele disse: “Então, jejua como o Profeta Davi (a paz esteja com ele) jejuava, e nada acrescenta a isso.” Perguntei: “Ó Profeta de Deus, como o Profeta Davi jejuava?” Ele disse: “Em dias alternados.” Quando Abdullah ficou mais velho, dizia: “Eu deveria ter aceitado a concessão dada pelo Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz)."[86]

Isso não quer dizer que o Islam estimula buscar os prazeres desta vida e se ocupa com seus desejos e prazeres sem controle. Em vez disso, o Islam é uma forma moderada de vida, que combina a vida religiosa com a vida secular, sem inclinar-se a um lado nem ao outro. Ele ordena o equilíbrio entre corpo e espírito. Ordena o muçulmano, em caso de sua ocupação em assuntos do mundo de se lembrar das necessidades espirituais, cumprindo o que Allah lhe ordenou de adoração. Deus, Exaltado Seja, diz: “Ó crentes, quando fordes convocados para a Oração da Sexta-feira, recorrei à recordação de Allah e abandonai os vossos negócios; isso será preferível, se quereis saber.”[87]

E pediu-lhe em função das necessidades da pessoa de lembrar-se das exigências de sustento. Deus, Exaltado Seja, diz: “Porém, uma vez observada a oração, dispersai-vos pela terra e procurai as graças de Allah.[88]

Ele ajustou o desfrutar das coisas boas e evitar o desperdício, cujos danos são óbvios ao corpo e ao físico. Deus, Exaltado Seja, diz: “Comei e bebei; porém, não vos excedais, porque Ele não aprecia os que se excedem.”[89]

Para mostrar que não há discórdia entre as exigências da religião e das coisas mundanas, Deus, Exaltado Seja, diz: “Não sereis censurados se procurardes a graça do vosso Senhor (durante a peregrinação). Quando descerdes do monte Arafat, recordai-vos de Allah perante o Monumento Sagrado, e recordai-vos de como vos iluminou, ainda quando éreis, antes disso, dos extraviados.”[90]

7. A tolerância do Islam na legislação é que o muçulmano, quando teme a morte ou que algum mal lhe suceda é lícito para ele comer ou beber o que Deus proibiu de carniça, ou de sangue, ou da carne de porco, ou tomar bebida inebriante, para se sustentar e permanecer vivo, de acordo com as palavras de Deus, Exaltado Seja: “Ele só vos vedou a carniça, o sangue, a carne de suíno e tudo o que for sacrificado sob invocação de outro nome que não seja o de Allah. Porém, quem, sem intenção nem abuso, for impelido a isso, não será recriminado, porque Allah é Indulgente, Misericordiosíssimo.[91]

Sayid Qutb (que Deus tenha misericórdia dele) disse na interpretação deste versículo: É o conjunto de Leis e crenças que reconhecem o ser humano como ser humano, não um animal, não um anjo, ou um diabo. Reconhece-o como ele é, com tudo que possui de debilidade, de força e o toma como unidade formada de corpo com desejos e de mente com predestinação e espírito com anseios, encarregando-o com que pode suportar e leva em conta a coordenação entre o encargo e a energia sem desconforto nem coerção.

- Faz parte da tolerância do Islam o fato de as boas ações serem duplicadas muitas vezes, porém, pelas más ações o autor só é castigado tal qual. Deus, Exaltado Seja, diz: “Quem tiver praticado o bem receberá o décuplo pelo mesmo; quem tiver cometido um pecado receberá um castigo equivalente, e não serão defraudados (nem um, nem outro).[92]

 

A Tolerância do Islam em Termos de Convocação:

O Islam é uma religião global dirigida a todas as pessoas em todos os tempos e lugares. À luz disto, a convocação das pessoas ao Islam e propagação da fé verdadeira devem ser feitas de maneira ética, flexível e com tolerância no método e na apresentação, priorizando o amor à prática do bem ao próximo para ser um bom caminho para a aceitação dos outros. Esse é o método do Islam no convite a ele. Exorta os seus opositores com sabedoria e bela exortação. Deus, Exaltado Seja, diz: “Convoca (os humanos) à senda do teu Senhor com sabedoria e uma bela exortação; dialoga com eles de maneira benevolente.[93]

Vamos discutir alguns aspectos de tolerância quando se trata da propagação do Islam:

1- A tolerância do Islam na abertura da porta para aceitação do ingresso de pessoas de todas as outras religiões. Ele se alegra com isso e conta com bons auspícios. O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Deus fica mais comprazido com o arrependimento do Seu servo, do que um de vocês que, estando num local ermo, com sua montaria, que lhe escapa, levando seu alimento e sua bebida. Ao sentar-se debaixo de uma árvore, sem nenhuma esperança de encontrá-la, a vê aparecer à sua frente. Ele agarra-a pelo cabresto e, devido a sua extrema alegria, diz: ‘Ó Deus, és o meu servo e eu sou o Teu senhor’. Ele comete esse lapso devido à sua extrema alegria.”[94]

2- A tolerância do Islam no campo de convocação é o ordenar seus seguidores a adotar o estilo cativante e a pregação dos bons auspícios na abordagem do convite. O Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse para Moaz e Abu Mussa Al Ach'ari quando os enviou ao Iêmen para convocarem para o Islam: “Facilitai as coisas; não as dificulteis! Apresentai as boas-novas, e não intimideis os outros. Obedeçam um ao outro e não divergem.”[95]

3- A tolerância do Islam na convocação a ele. Ordenou seus seguidores a dialogarem com seus opositores, de acordo com as regras que respeitam as suas mentes e ter em conta suas condições, sem menosprezá-los nem ridicularizá-los. Deus, Exaltado Seja, dz: “E não disputeis com os adeptos do Livro, senão da melhor forma, exceto com os injustos, dentre eles. Dizei-lhes: Cremos no que nos foi revelado, assim como no que vos foi revelado antes; nosso Deus e o vosso são Um e a Ele nos submetemos.[96]

Ninguém pode forçar outro a aceitar a sua opinião, negligenciando e confundindo a outra parte, mas ouvir os seus argumentos, discuti-los e responder a eles. Esse foi o método de discussão e do diálogo com o opositor, um método lógico, adequado, compatível com o pensamento dos convocados. Vamos tomar a questão da Ressurreição como exemplo. Ibn Abbas (que Deus esteja satisfeito com ele) relatou: “Al ‘Aas Ibn Wáel - um não muçulmano – foi ter com o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) com um osso que estava em decomposição, esmagou-o e disse: ‘Ó Mohammad, Deus vai ressuscitar isso depois de se transformar em pó? ’ Ele disse: “Sim, Deus fará você morrer, vai ressuscitá-lo, e então vai arrojá-lo no fogo do Inferno.” Então, foram reveladas as palavras de Deus, Exaltado Seja: “Acaso, não sabe o homem que o temos criado de uma gota de esperma? Contudo, ei-lo um oponente declarado! E Nos propõe comparações e esquece a sua própria criação, dizendo: Quem poderá reviver os ossos, quando já estiverem decompostos? Dize: Revivê-los-á Quem os criou da primeira vez, porque é Conhecedor de todas as criações. Ele vos propiciou fazerdes fogo de árvores secas, que vós usais como lenha. Porventura, Quem criou os céus e a terra não será capaz de criar outros seres semelhantes a eles? Sim! Porque Ele é o Criador por excelência, o Onisciente!”[97].

E os diálogos e argumentos lógicos como esses, convincentes, provas claras e respostas que não deixam dúvidas para os que possuem mentes sãs, que procuram a verdade, demonstram que esta é a religião verdadeira e digna de ser seguida pelos outros. Será predominante no final. Deus, Exaltado Seja, diz na história de um diálogo de Abraão com o rei de Babilônia, Nimrod Ben Canaan: “Não reparaste naquele que disputava com Abraão acerca de seu Senhor, por lhe haver Allah concedido o poder? Quando Abraão lhe disse: Meu Senhor é Quem dá a vida e a morte! Retrucou: Eu também dou a vida e a morte. Abraão disse: Allah faz sair o sol do Oriente, será que tu poderias fazê-lo sair do Ocidente? Então o incrédulo ficou confundido, porque Allah não ilumina os injustos.[98]

4. Outro aspecto da tolerância do Islam na convocação é evitar irritar as pessoas, espalhar o ódio ou causar comoção e provocação. Deus, Exaltado Seja, diz: “E dize aos Meus servos que digam sempre o melhor, porque Satanás causa dissensões entre eles, pois Satanás é um inimigo declarado do homem.[99]

5. A tolerância do Islam na convocação com o uso de métodos cativantes, de compaixão e piedade para com os convocados, um método que atrai os corações, com palavras claras aos corações. Deus, Exaltado Seja, diz: “Ó adeptos do Livro, por que discutis acerca de Abraão, se a Tora e o Evangelho não foram revelados senão depois dele? Não raciocinais?[100]

6. A tolerância do Islam no campo da convocação de forma gentil, amável nas palavras, acolhedora. Deus, Bendito a Exaltado Seja, disse a Moisés (a paz esteja com ele) e ao seu irmão Aarão, quando os enviou ao Faraó para convocá-lo, ele que alegava divindade e convocava as pessoas para adorá-lo: “Ide ambos ao Faraó, porque ele transgrediu (a lei). Porém, falai-lhe afavelmente, a fim de que fique ciente ou tema.[101]

7. A tolerância do Islam na convocação é que ele pede aos que divergem com a gente um argumento ou expressão, apresentarem suas evidências e provas, dando-lhes a oportunidade de apresentarem o que eles têm e discuti-lo. Deus, Exaltado Seja, diz: “Dize-lhes: Porventura, tendes reparado nos que invocais, em lugar de Allah? Mostrai-me o que têm criado na terra! Têm participado, acaso, (da criação) dos céus? Apresentai-me um livro, revelado antes deste, ou um vestígio de ciência, se estiverdes certos.[102]

8. A tolerância do Islam no campo da convocação é o seu pedido aos que divergem de nós a um diálogo de forma construtiva, que reúne a palavra ao método Divino e afasta a divergência com a voz de benevolência e o amor ao bem deles. Deus, Exaltado Seja, diz: “Dize-lhes: Ó adeptos do Livro, vinde, para chegarmos a um termo comum, entre nós e vós: Comprometamo-nos, formalmente, a não adorarmos senão a Allah, a não Lhe atribuirmos parceiros e a não nos tomarmos uns aos outros por senhores, em vez de Allah. Porém, caso se recusem, dize-lhes: Testemunhai que somos muçulmanos.[103]

9. A tolerância do Islam na convocação é o abrir da porta de entrada nele e se juntar à seus seguidores, sem violência, encômodo, dificuldade nem rituais e cerimônias religiosas específicas realizadas em certos lugares e na frente de certas pessoas, por ser um vínculo direto entre a pessoa e seu Senhor, sem intermediário entre a pessoa e seu Senhor; palavras fáceis em sua pronúncia, importantes em seu significado, pronunciadas com a intenção de ser muçulmano e entrar na religião do Islam, que é a pronúncia dos dois testemunhos: “Presto testemunho que não há outra divindade além de Allah e presto testemunho que Mohammad é o servo de Allah e Seu Mensageiro”. São a chave do ingresso no Islam para quem os pronunciar, isentando-se de qualquer outra religião além do Islam ou de crença contrária a ele. A pessoa passa a ter o direito e os deveres dos muçulmanos.

10 - A tolerância do Islam na convocação é o fato de que quem ingressa nele dos não muçulmanos, Allah vai perdoar-lhe os pecados e erros anteriormente praticados antes de seu ingresso ao Islam. Deus, Exaltado Seja, diz: “Dize aos incrédulos que, no caso de se arrependerem, ser-lhes-á perdoado o passado.[104]

O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “O Islam apaga o que for praticado antes dele, e o arrependimento remove o que foi praticado antes dele.”[105]

11- A tolerância do Islam na convocação é que quem ingressa nele dos não muçulmanos será recompensado por Deus pelos atos de filantropia que ele praticava antes de se tornar muçulmano. O Hakim Ibn Hizam (que Deus esteja satisfeito com ele) perguntou: “Ó Mensageiro de Deus, o que você acha das minhas boas ações que eu praticava na época pré-islâmica, de caridade ou libertação de escravos ou estreitamento de relações de parentesco; serei recompensado por elas?” O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Você se converteu ao Islam com todas as boas ações que você fez.”[106]

12- A tolerância do Islam na convocação é que quem o abraçar, entre as pessoas das outras religiões será recompensado duplamente por causa de sua fé em seu Mensageiro e sua fé na Mensagem de Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz). Deus, Exaltado Seja, diz: “Aqueles a quem concedemos o Livro, antes, e nele creem. E quando lhes é recitado (o Alcorão), dizem: Cremos nele, porque é a verdade proveniente do nosso Senhor. Em verdade, já éramos muçulmanos, antes disso. A estes lhes será duplicada a recompensa por sua perseverança, porque retribuem o mal com o bem e praticam a caridade daquilo com que os agraciamos.[107]

 

A Tolerância do Islam em Relação aos Não muçulmanos:

No início da conversa sobre a tolerância do Islam com os não muçulmanos citamos as palavras do orientalista Louis Young para ser uma introdução a alguns aspectos de tolerância aos não muçulmanos. Ele disse: “Há muitas coisas que o Ocidente precisa aprender com a civilização islâmica, entre as quais a visão de tolerância dos árabes”.

  1. A tolerância do Islam com os não muçulmanos por ter permitido todas as transações financeiras com eles como compras e vendas, parcerias em empresas, desde que os princípios islâmicos sejam respeitados, garantindo não proporcionar danos e preservando os direitos, por meio de satisfação entre as partes, da ciência, do conhecimento do acordado, seu tema e suas condições. A'icha (que Deus esteja satisfeito com ela) relatou que o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) comprou comida de um judeu e deixou seu escudo em garantia.”[108]

O Islam não proibiu neste negócio a não ser o que há dano e injustiça, como a usura e os jogos de azar. Isso é proibido também entre os muçulmanos. Deus, Exaltado Seja, diz: “Ó crentes, não exerçais a usura, dobrando e multiplicando (o emprestado) e temei a Allah para que prospereis.[109] Deus, Exaltado Seja, diz: “Ó crentes, as bebidas inebriantes, os jogos de azar, (o culto aos) altares de pedra, e as adivinhações com setas, são manobras abomináveis de Satanás. Evitai-as, pois, para que prospereis. Satanás só ambiciona infundir-vos a inimizade e o rancor, mediante as bebidas inebriantes e os jogos de azar, bem como afastar-vos da recordação de Allah e da oração. Não desistireis, diante disto?[110]

2. A tolerância do Islam com os não muçulmanos é permitir rezar em suas casas de culto. Foi narrado que Abu Mussa orou em uma igreja em Damasco chamada Igreja Viva.[111]

Apesar de ser desaconselhável por existirem imagens e estátuas nela, se você não encontrar outro lugar pode orar nela.

3. A tolerância do Islam com os não muçulmanos é a permissão de entrarem nas mesquitas se for por necessidade ou interesse, com exceção da Grande Mesquita de Makka. O Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) recebia as delegações dos não muçulmanos em sua mesquita de Madina e não os impedia disso. Ele prendeu Sumama Ibn Açal (que Deus esteja satisfeito com ele) na Mesquita de Madina antes deste se converter ao Islam.

4. A tolerância do Islam com os não muçulmanos é ter autorizado visitar seus enfermos e fazer prece pela cura deles. Anas (que Deus esteja satisfeito com ele) contou que o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) tinha um criado judeu muito jovem. E aconteceu que este adoeceu e, por isso, o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) foi visitá-lo na casa dos pais dele; sentou-se próximo à cama, e lhe disse: “Abrace o Islam, e submete-se a Deus!” O jovem olhou para o seu pai, que se encontrava presente, que lhe disse: “Obedece a Abu al-Cássem!” Naquele exato momento, o rapaz judeu anunciou o seu testemunho de abraçar o Islam. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) saiu de lá, dizendo: “Louvado seja Deus, que salvou do Inferno o rapaz!”[112]

5- A tolerância do Islam com os não muçulmanos é permitir oferecer condolências a eles, se um parente deles morrer. Abu Huraira relatou que o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Pedi ao meu Senhor para pedir perdão pela minha mãe, mas ele não me autorizou. Pedi permissão para visitar o túmulo dela, e Ele me deu permissão.”[113]

6. A tolerância do Islam com os não muçulmanos é o permitir fazer caridade e presenteá-los se não estão em guerra contra os muçulmanos. Eis que a família de Abdullah ibn ‘Amr abateu uma ovelha. Quando ele chegou, perguntou: “Vocês enviaram uma parte dela para o nosso vizinho judeu? Vocês enviaram uma parte dela para o nosso vizinho judeu? Ouvi o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) dizer: ‘O Arcanjo Gabriel insistiu tanto acerca do bom-trato para com o vizinho, que cheguei a pensar que o incluiria como um dos herdeiros.’”[114]

A questão ultrapassa isso, pois é prmitido pagar o zakat, que é direito dos necessitados dos muçulmanos, para aqueles cujos corações têm de ser conquistados. Com o pagamento do zakat a eles pode-se auferir um interesse dos muçulmanos ou evitar maldade, ou o seu ingresso no Islam, ou a defesa do Islam. Deus, Exaltado Seja, diz: “As esmolas são tão-somente para os pobres, para os necessitados, para os funcionários empregados em sua administração, para aqueles cujos corações têm de ser conquistados, para a redenção dos escravos, para os endividados, para a causa de Allah e para o viajante sem recursos; isso é um preceito emanado de Allah, porque é Sapiente, Prudentíssimo.[115]

Ômar Ibn Abdul Aziz disse: “Fui informado que Ômar Ibn al-Khattab viu um homem não muçulmano, que pagava antes a Jizia, pedindo às portas dos muçulmanos. Ele disse: ‘Não fomos justos com você. Cobramos de você a Jizia enquanto jovem, e agora esquecemos de você?’ Então ordenou que fosse sustentado pela casa do tesouro.”[116]

7. A tolerância do Islam com os não muçulmanos é manter as relações de parentesco mesmo que sejam não muçulmanos. Assmá Bint Abu Bakr (que Deus esteja satisfeito com ela) relatou: “Minha mãe, quando ainda se mantinha na idolatria, fez-me uma visita, ainda nos tempos do Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz). Foi então que o consultei, dizendo-lhe: ‘Minha mãe esteve em minha casa, e veio pedir-me ajuda; porém, continua conservando a sua idolatria. Acaso tenho eu o dever de manter os meus laços com ela?’ Ele disse: ‘Sim, conserve os seus laços com ela!’”[117]

8. A tolerância do Islam com os não muçulmanos é ser lícito comer de seus utensílios que não estão sendo usados para cozinhar ou comer nada proibido como porco, bebidas inebriantes, e vestir suas roupas, enquanto não sejam feitas de materiais ilícitos para nós como ouro, prata ou pele de porco ou de cão. Isto não pode ser usado mesmo que seja utensílio ou roupas de muçulmanos, devido ao hadice de Abu Sa’laba Khuchani (que Allah esteja satisfeito com ele). Ele perguntou: “Ó Mensageiro de Deus, se estivermos em terra do Povo do Livro, podemos comer de seus utensílios?” Ele disse: “Se vocês encontrarem outros utensílios é melhor, se não, lavem-nos e podem usá-los.”[118]

9. A tolerância do Islam com os não muçulmanos é a permissão de se casar com as mulheres castas do povo do Livro, conforme permitiu comer seus alimentos, se forem lícitos. Deus, Exaltado Seja, diz: “Hoje, estão-vos permitidas todas as coisas sadias, assim como vos é lícito o alimento dos que receberam o Livro, da mesma forma que o vosso é lícito para eles. Está-vos permitido casardes com as castas, dentre as crentes, e com as castas, dentre aquelas que receberam o Livro antes de vós, contanto que as doteis e passeis a viver com elas licitamente, não desatinadamente, nem as envolvendo em intrigas secretas.[119]

10. A tolerância do Islam com os não muçulmanos é aceitar o seu casamento antes de se converterem, como o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) fez com quem se converteu dos não muçulmanos. Eis o Ghilan ibn Salama As-Sacafi que se converteu e tinha dez esposas. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse-lhe: “Escolha quatro delas.”[120]

11. A tolerância do Islam com os não muçulmanos é a permissão de se comer carne abatida pelos adeptos do livro de gado quando eles pronunciam o nome de Deus sobre ele. Deus, Exaltado Seja, diz: “Não comais aquilo (concernente a carnes) sobre o qual não tenha sido invocado o nome de Allah, porque isso é uma profanação[121]

12. A tolerância do Islam com os não muçulmanos é fornecer proteção a eles se procurarem. Deus, Exaltado Seja, diz: “Se algum dos idólatras procurar a tua proteção, ampara-o, para que escute a palavra de Allah e, então, escolta-o até que chegue ao seu lar,[122]

13. A tolerância do Islam com os não muçulmanos é que se um deles cometer um crime contra muçulmano cuja sentença é penalidade máxima em um país muçulmano é melhor escolher quem possui direito ou os responsáveis de escolherem entre o perdão ou a compensação financeira ou aplicação da pena. Deus, Exaltado Seja, diz: “Nela (a Torá) temo-lhes prescrito: vida por vida, olho por olho, nariz por nariz, orelha por orelha, dente por dente e as retaliações tais e quais; mas quem indultar um culpado, isto lhe servirá de expiação.”[123]

14. A tolerância do Islam com os não muçulmanos é obrigar os muçulmanos de não abordar suas religiões com insultos, injúrias ou diminuição. Deus, Exaltado Seja, diz: “Não injurieis o que invocam, em vez de Allah, que eles, em sua ignorância, injuriem iniquamente a Allah.”[124]

15. A tolerância do Islam com os não muçulmanos é ordenar cumprir seus compromissos com eles. Deus, Exaltado Seja, diz: “Ó crentes, cumpri com os vossos compromissos![125]

E ordenou para respeitar os compromissos com eles e proibiu traí-los. Deus, Exaltado Seja, diz: “Cumpri o convencionado, porque o convencionado será reivindicado[126]

16. A tolerância do Islam com os não muçulmanos é tornar sua riqueza, suas pessoas e sua honra invioláveis. Proibiu tratá-los com injustiça ou agressão, desprezando seus direitos ou maltratá-los. Deus, Exaltado Seja, diz: “Allah nada vos proíbe quanto àqueles que não vos combateram pela causa da religião e não vos expulsaram dos vossos lares, nem que lideis com eles com gentileza e equidade, porque Allah aprecia os equitativos.[127]

- E o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: "Quem cometer injustiça com um aliado ou diminui-lo ou sobrecarregá-lo ou tomar alguma coisa dele, sem autorização, serei o argumento contra ele no Dia do Juízo Final.”[128]

- E (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: "Quem matar um aliado não sentirá a fragrância do Paraíso embora sua fragrância é sentida a uma distância de quarenta anos de viagem."[129]

17- A tolerância do Islam com os não muçulmanos que vivem em país muçulmano é receberem os serviços sociais enquanto estiverem sob o Estado islâmico, devido ao que fez o Emir dos Crentes, o segundo califa Ômar Ibn al-Khattab (que Deus esteja satisfeito com ele) quando viu um judeu idoso pedindo esmola para as pessoas. Ao perguntar sobre ele e soube que era do povo que pagava Jizia,[130] disse: “Não fomos justos consigo. Tomamos a jizia de você enquanto era jovem e esquecemos o seu direito quando ficou velho.” Levou para a sua casa e lhe deu o que ele encontrou de comida e roupas. Em seguida, informou o encarregado da casa do tesouro: “Olha, para este e às pessoas iguais a ele, dá-lhes e aos seus dependentes o suficiente a partir da casa do tesouro dos muçulmanos, uma vez que Deus, Exaltado Seja, diz: "As esmolas são tão-somente para os pobres, para os necessitados" e os pobres são os muçulmanos e os necessitados são os adeptos do Livro.[131]

18. A tolerância do Islam com os não muçulmanos é o perdão para os inimigos quando dominados para atrair seus corações e demonstrar a tolerância do Islam como religião da misericórdia e do amor, e não a religião que aproveita as oportunidades para praticar brutalidade e tirania. Deus, Exaltado Seja, disse ao Seu Profeta: “Porém, pela violação da sua promessa, amaldiçoamo-los e endurecemos os seus corações. Eles deturparam as palavras (do Livro) e se esqueceram de grande parte do que lhes foi revelado; (tu) não cessas de descobrir a incredulidade de todos eles, salvo de uma pequena parte; porém, indulta-os e perdoa-lhes os erros, porque Allah aprecia os benfeitores.[132]

- E Deus, Exaltado Seja, diz: “Muitos dos adeptos do Livro, por inveja, desejariam fazer-vos voltar à incredulidade, depois de terdes acreditado, apesar de lhes ter sido evidenciada a verdade. Tolerai e perdoai, até que Allah faça cumprir os Seus desígnios, porque Allah é Onipotente.[133]

- E Deus, Exaltado Seja, diz mais: “Dize aos crentes que perdoem aqueles que não esperam o dia de Allah, quando Ele retribuirá a cada povo segundo o seu merecimento.[134]

19. A tolerância do Islam com os não muçulmanos é convocá-los da melhor maneira, abrir a porta de esperança para eles e lembrá-los do perdão de Deus a eles, de não se desesperarem da misericórdia e do perdão de Deus. Ele, Exaltado Seja, diz: “Dize aos incrédulos que, no caso de se arrependerem, ser-lhes-á perdoado o passado. Por outra, caso persistam, que tenham em mente o exemplo dos povos antigos.[135]

20. A tolerância do Islam é tornar o amor ao próximo dos sinais de fé, de ser uma religião de paz e de amor. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Ó Abu Huraira, seja humilde que será a mais adoradora das pessoas; seja contente que será a mais grata das pessoas; ame para as pessoas o que ama para si mesmo, que será verdadeiro crente; seja gentil com o vizinho que será um verdadeiro muçulmano; diminua o riso, porque o rir muito enfraquece espiritualmente o coração.”[136]

 

A Tolerância do Islam na Área da Adoração:

Todos os atos de adoração no Islam, obrigatórios e voluntários se fundamentam no princípio de tolerância e conveniência, pois essa é uma característica intrínseca no Islam, de modo que todos os muçulmanos sejam capazes, de acordo com a sua condição e capacidade, de saborear a adoração, sem serem privados da emoção de invocar a Deus e a sensação de segurança e felicidade com a prática de adorá-Lo. Ele, Exaltado Seja, diz: “Que são crentes e cujos corações sossegam com a recordação de Allah. Não é, acaso, certo, que à recordação de Allah sossegam os corações?[137]

Não há encargo nela acima da capacidade humana. O Profea (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Faz o que está ao seu alcance, pois Deus não deixará de recompensá-lo até aonde possa chegar a sua constância.”[138]

- Faz parte da tolerância do Islam o fato de que todos os seus mandamentos e cultos estão de acordo com a natureza e a capacidade humana, que não encarrega acima da capacidade, nem ordena o muçulmano a praticar o que contraria sua natureza. O Islam não obriga o muçulmano de se torturar, mesmo que seja em culto. Anas (que Deus esteja satisfeito com ele) relatou que o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) viu um idoso se apoiando entre seus filhos. Ele perguntou: “O que há com o homem?” Responderam: “Prometeu caminhar.” O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Deus não precisa da tortura dele.” E ordenou que montasse.[139]

- Faz parte da tolerância do Islam nas adorações, que Deus, Glorificado e Exaltado Seja, registra recompensa para o muçulmano, em caso de ter uma desculpa, como doença ou viagem e coisa similar, como se ele estivesse praticando suas obrigações quando em vida normal. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Se o servo adoecer ou viajar, ser-lhe-ão registradas recompensas como quando em vida normal.”[140]

Ele tornou a tolerância na área de culto uma permissão para o muçulmano poder agir em conformidade para obter recompensa de Deus, de acordo com as palavras do Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz): “Deus ama a Sua concessão como ele ama de ter Suas decisões obedecidas.”[141]

- É da tolerância do Islam na área de adoração que estes mandamentos, atos de culto e os pilares são aliviados ou isentos em algumas situações:

 

A Tolerância do Islam no campo da Purificação:

A pureza no Islam é uma obrigação para a validade de muitos cultos, e devido ao fato de que a água é o que o muçulmano precisa para se purificar para as cinco orações diárias e para outras orações voluntárias, o banhar-se após a relação sexual, o banhar-se para muitas ocasiões religiosas: a oração de sexta-feira, das duas festas do ‘Ids. A severidade quanto à pureza torna-a difícil e causa constrangimento, fazendo as pessoas sentirem tédio do próprio culto, além da própria pureza. Entre os aspectos de tolerância do Islam no campo de pureza citamos os seguintes:

1. Faz parte da tolerância do Islam quanto à pureza ao tornar a água a base de pureza conquanto a cor ou o cheiro ou o gosto não mudem, para que o servo não fique constrangido. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “A água não contamina nada.”

2- A tolerância do Islam na área da pureza, é pelo fato tornar puro o resto da água bebida por animais puros, permitindo que o muçulmano beba e se purifique com ela. Kabcha Bint Ka'b Ibn Málik, esposa de Ibn Abu Qatada relatou que Abu Qatada foi ter com ela para lhe ajudar na ablução. Uma gata quis beber da água e Abu Catada lhe colocou a vasilha para ela beber. Kabcha ficou olhando para ele, estranhando. Ele lhe disse: “Você está estranhando ó minha sobrinha?” Eu disse: “Sim.” Ele disse: “O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: ‘Ela não é impura. Ela fica circulando entre vocês.”[142]

3. Um dos destaques do Islam no campo da purificação que, quando da perda de água ou na impossibilidade de usá-la por sua ausência, ou por doença ou lesão que impede fazer ablução, ou por excesso de frio ou existência de pouca água insuficiente para beber ou por outras razões aceitáveis, ​​que façam o tayammum, que é a ablução seca, feita com pó, como conveniência e facilitação de Deus em vez de água. Deus, Exaltado Seja, diz: “Porém, se estiverdes enfermos ou em viagem, ou se vierdes de lugar escuso ou tiverdes tocado as mulheres, sem encontrardes água, servi-vos do tayamum com terra limpa, e esfregai com ela os vossos rostos e mãos. Allah não deseja impor-vos carga alguma; porém, se quer purificar-vos e agraciar-vos, é para que Lhe agradeçais.”[143]

4. A tolerância do Islam na área de pureza é que permite o passar a mão molhada sobre o calçado – sob condições - e sobre o turbante e a tala, sem tirá-las, de modo que o muçulmano não tenha dificuldades de tirar e por, especialmente no tempo frio. Foi narrado por Jaafar Ibn Amr Ibn Umaiya Ad-Damri, com base no pai. Disse: “Vi o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) fazer ablução e passar a mão molhada sobre seu calçado e turbante.”[144]

O Islam é categórico na questão de inflexibilidade com as pessoas, restrição e falta de facilidade. Jáber disse: “Saímos em viagem, e um de nós foi atingido por uma pedra que lhe feriu a cabeça. Ele teve um sonho molhado e perguntou aos companheiros se podia se purificar com tayammum. Eles lhe responderam que não tinha permissão de fazer tayammum na presença de água. O homem tomou banho e morreu. Quando fomos ter com o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) relatamos o ocorrido, ele disse: “Eles o mataram, que Deus os castigue. Porque não perguntaram, se não sabiam? Ele podia tanto fazer tayammum, como fazer um curativo na ferida, passar a mão molhada sobre o curativo, e lavar o resto do corpo.”[145]

5. A tolerância do Islam fez originalmente, a terra pura, a fim de o muçulmano puder praticar o seu culto em qualquer local - exceto no cemitério e no banheiro – a menos que haja impureza visível no local. Ele não designou locais para a oração como cenóbios ou mercados, a fim de muçulmano não estar constrangido e ter dificuldade em seu culto, conforme as palavras do Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz): “Toda a terra foi-me designada como local puro e local de oração. Onde quer que o tempo de oração ocorrer, deve-se praticá-la.”[146]

6. A tolerância do Islam na área de pureza é que, quando a presença de impurezas no chão deve-se limpar, sem severidade nem dificuldade ou encargo. Isso é indicado pelo caso do beduíno que urinou na mesquita: “Abu Huraira (que Allah esteja satisfeito com ele) relatou que, em certa ocasião, um beduíno urinou na mesquita; por isso as pessoas se levantaram e se arrojaram sobre ele para castigá-lo; porém, o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Deixem-no! Quanto à urina, joguem sobre ela uma cuba de água para limpá-la. Sejam benévolos, e não sejam intransigentes!”[147]

7. A tolerância do Islam na área de pureza, toma a urina e a defecação do animal cuja carne e sangue são comestíveis, - a menos que seja sangue derramado - como limpos, não sujam as vestes e o local, a não ser em curral de camelos. Jabir bin Samura relatou que um homem perguntou ao Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz): “Devo fazer ablução depois de comer carne de carneiro? Ele disse: “Se quiser pode, se não quiser, não precisa.” Perguntou novamente: “Devo fazer ablução depois de comer carne de camelo?” Ele disse: “Sim, deve fazer ablução depois de comer carne de camelo.” Perguntou, ainda: “Posso orar em curral de ovelhas?” Ele disse: “Sim”. Voltou a perguntar: “Posso orar em curral de camelos?” Ele disse: “Não”.[148]

 

A Tolerância do Islam no Campo da Oração:

A oração foi estabelecida para ser um vínculo entre o servo e seu Senhor onde o muçulmano se isola com seu Senhor em confidência e rogo. Toda vez que o muçulmano mergulha nos prazeres deste mundo e começa enfraquecer a chama da fé no coração, o muezzin faz o chamado para a oração avivando a chama novamente, permanecendo em ligação com o seu Criador todo o tempo, por serem cinco orações por dia e noite realizadas pelos muçulmanos em congregação na mesquita, a não ser que tenha desculpa. Eles se conhecem interagindo e fortalecem os laços de amor e intimidade e inspecionam a condição de outros, destruindo todas as diferenças sociais, onde os muçulmanos ficam todos alinhados um ao lado do outro, adultos e jovens, ricos e pobres, nobres e simples, todos iguais, em submissão a Deus, estando em pé na frente d’Ele na direção da Quibla (diretriz) única cumprindo o mesmo movimento, um dos mais importantes pilares do Islam, após os dois testemunhos. Málik Ibn Anas (que Allah esteja satisfeito com ele) relatou que o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “A primeira coisa sobre a qual o indivíduo irá ser questionado, no Dia do Julgamento, será quanto à oração (salat), se ela for constatada estar em ordem, e ser considerada realizada, e atingir o seu objetivo. Se for constatado haver qualquer defeito ou deficiência nela, ele estará arruinado e será um perdedor.”[149]

Sendo repetida dia e noite, cinco vezes, a facilidade e a tolerância são visíveis para que o muçulmano a realize, com a alma contente com ela, sem sentir constrangimento. Podemos apresentar algumas imagens de tolerância e facilidade na obrigação da oração por meio do seguinte:

  1. Faz parte da tolerância do Islam na oração que o muçulmano a realize de acordo com sua capacidade. Faz parte de sua obrigação praticá-la em pé. Se não puder praticá-la em pé, pratica-a sentado. Se não puder, realiza-a deitado. Se não puder, pratica-a por sinais. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Ore em pé, se não puder, ore sentado, se não puder ore deitado.”[150]
  2. Faz parte da tolerância do Islam na oração o tê-la feito de diferentes formas, de acordo com o caso do muçulmano quanto à segurança e ao medo. Deus, Exaltado Seja, diz: “Observai as orações, especialmente as intermediárias, e consagrai-vos fervorosamente a Allah. Se estiverdes em perigo, orai andando ou cavalgando.[151]
  3. Faz parte da tolerância do Islam na oração permitir reduzir a oração de quatro unidades para duas, reunir entre duas orações para o viajante, antecipando ou atrasando, de acordo com o conveniente. Ya’la Ibn Umaia relatou que disse a Ômar Ibn al-Khattab: “Não sereis recriminados por abreviardes as orações, temendo que vos ataquem os incrédulos”,[152] o que acontece se as pessoas vivem em segurança, ou seja, não há guerra ou medo de ataques dos infiéis; ele disse: ‘Eu fiquei espantado da mesma forma que você ficou espantado. Então, perguntei ao Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) sobre isso, e ele disse: "Caridade que Deus concedeu a vocês, que devem aceitá-la.”[153]
  4. Faz parte da tolerância do Islam na oração o permitir juntar duas orações para o doente, durante o frio, chuva torrencial e houver extrema necessidade, mesmo que não esteja viajando. Ibn Abbas disse: “O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) praticou a oração de Zuhr (meio-dia) e ‘Asr (do meio da tarde) em conjunto, em Madina, sem haver medo ou viagem.” Abu Zubair disse: ‘Perguntei a Said por que ele fez isso?’ e ele disse: ‘Fiz a Ibn Abbas, a mesma pergunta e ele disse que o Profeta quis não constranger a ninguém de sua comunidade.’”[154]
  5. Faz parte da tolerância do Islam na oração o expandir o tempo de praticá-la, sem haver restrição, sem constranger o muçulmano com isso. Jabir Ibn Abdullah disse: “Gabriel foi ter com o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) quando o sol se inclinou e disse: ‘Ó Mohammad, levanta e pratique a oração do Meio-Dia. Então ficou até o meio da tarde, foi ter com ele e lhe disse: ‘Ó Mohammad, levanta e pratique a oração do Meio da Tarde. Então ficou até o pôr do sol e disse: ‘Levanta-te, ó Mohammad e pratique a oração do Crepúsculo’. Então, permaneceu até o desaparecimento da luz e foi ter com ele e lhe disse: ‘Levanta e pratique a oração da Noite.’ Então ficou até o despontar da alvorda, disse-lhe: ‘Levanta, ó Mohammad, e pratique a oração da Alvorada. Então foi ter com ele no dia seguinte quando a sombra da pessoa estava do tamanho dela e lhe disse: ‘Ó Mohammad, levanta e pratique a oração do Meio-Dia’. Então foi ter com ele quando a sombra estava o dobro da pessoa e lhe disse: ‘Ó Mohammad, levanta e pratique a oração do Meio da Tarde’. Então foi ter com ele na hora do crepúsculo para praticar de uma vez a oração do Crepúsculo. Então foi ter com ele depois de ter passado o primeiro terço da noite, e lhe disse: ‘Levanta e pratique a oração da Noite.’ Então foi ter com o Profeta na hora que a manhã teve boa quantidade de luz e lhe disse: ‘Levanta e pratique a oração da Alvorada.’ Então, disse: ‘Entre esses dois horários, todo o tempo é permitido a prática da oração específica.’”[155]
  6. Faz parte da tolerância do Islam na oração o fato de o muçulmano quando aumenta ou diminui (as genuflexões) por esquecimento ou omissão não precisa de praticar a oração novamente, por inteiro, mas pratica a prostração de esquecimento como facilidade e conveniência, e coerção ao diabo porque ele faz questão de estragar os atos de culto do muçulmano e a satisfação do Clemente. Abu Sa'id Al Khudri relatou que o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Se alguém de vocês fica em dúvida a respeito de sua oração, sem saber se praticou três ou quatro unidades da oração, que deixe a dúvida e aceite o que ele se convencer de ter praticado, então pratique duas prostrações antes de encerrar a oração. Se ele praticar cinco unidades, Deus irá aceitar a sua oração, mesmo que ele tenha acrescentado aos quatro; isso seria por coerção à Satanás.”[156]

- Faz parte da tolerância do Islam na oração que quando o muçulmano não sabe qual é a direção de Quibla e não encontra ninguém para guiá-lo sobre ela segue a sua intuição. Deus, Exaltado Seja, diz: “Tanto o levante como o poente pertencem a Allah e, aonde quer que vos dirijais, notareis o Seu Rosto, porque Allah é Munificente, Sapientíssimo.”[157]

- Faz parte da tolerância do Islam na oração aconselhar o Imam de não prolongar a oração em congregação. Abu Huraira (que Deus esteja satisfeito com ele) relatou que o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Se algum de vocês estiver dirigindo os indivíduos, em oração, deverá encurtá-la, pois entre eles poderão encontrar-se pessoas débeis, enfermas e idosas. Entretanto, se um de vocês estiver sozinho praticando a oração, poderá prolongá-la como desejar.”[158]

 

A Tolerância do Islam nos Cultos (Zakat):

O objetivo principal do Zakat é combater a pobreza da comunidade muçulmana e resolver os riscos resultantes dela como o roubo, assassinato e a agressão à honra, revivendo o espírito de solidariedade social entre muçulmanos e suprindo as necessidades dos necessitados e privados, para não pedirem esmola humilhante. Entre as imagens de tolerância e de facilidade na premissa de Zakat temos o seguinte:

1. A tolerância do Islam no Zakat é ser retirado do meio dos bens das pessoas e não dos bens preferíveis das pessoas, de acordo com o hadice de Moaz (que Allah esteja satisfeito com ele): “Cuidado com os bens preferíveis deles.”[159]

2- A tolerância do Islam é que a quantidade de dinheiro a ser paga como Zakat é muito pequena em relação ao dinheiro sobre o qual incide; nem é obrigatório a menos que um ano lunar se passe. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Você não tem nada para pagar - quer dizer, -sobre o ouro até chegar a vinte dinares. Se você tiver vinte dinares e se passar um ano na sua posse, você paga meio dinar. O que passar, paga em proporção. Não incide Zakat sobre o dinheiro até que um ano se passe, na posse do mesmo."[160]

3. A tolerância do Islam no Zakat sobre plantações leva em conta o método de serviço quanto ao pagamento de seu zakat. É obrigatório pagar um décimo sobre as plantações que são regadas com água de chuva, sem serviço, e metade disso pelas plantações regadas com água de tanques e poços, de acordo com as palavras do Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) “As regadas pelo céu, por fontes ou regadas por si. Paga-se metade disso, um vinte ávos para as regadas de tanques”.[161]

4. Faz parte da tolerância do Islam a isenção do pagamento do Zakat para quem não é capaz de pagar por sua pobreza e sua incapacidade devido a compromissos de dívida e afins.  O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: "Só paga zakat quem é rico.”[162]

E não só isso, mas o pobre tem o direito de receber parte do zakat por ser elegível para isso. Nosso Senhor, Exaltado Seja, diz:  “As esmolas são tão-somente para os pobres, para os necessitados, para os funcionários empregados em sua administração, para aqueles cujos corações têm de ser conquistados, para a redenção dos escravos, para os endividados, para a causa de Allah e para o viajante sem recursos; isso é um preceito emanado de Allah, porque é Sapiente, Prudentíssimo.[163]

5. É da tolerância do Islam, fazer do Zakat um lucro para o pagante e não dívida. Por isso, ele se apressa em pagá-lo de bom gosto. Deus, Exaltado Seja, diz: “Recebe, de seus bens, uma caridade que os purifique e os santifique, e roga por eles, porque tua prece será seu consolo; em verdade, Allah é Oniouvinte, Sapientíssimo.[164]

 

A Tolerância do Islam nos Cultos (o Jejum).

Dentre as regras do jejum, o ter sido estabelecido para fazer sentir o muçulmano as necessidades de seus irmãos carentes dentre os pobres e necessitados. Ele se apressa em cumprir seus direitos, pergunta sobre suas condições, verifica suas necessidades e é bondoso e caritativo para com eles. Assim como constitui empenho entre a alma, seus desejos e anseios que transcendem a alma do muçulmano das palavras obscenas e maus atos. Podemos enumerar algumas imagens de tolerância e facilitação encontradas na obrigação do jejum por meio do seguinte:

1- A tolerância do Islam no jejum é que ele foi estabelecido para ser cumprido apenas um mês por ano, que é o mês de Ramadan. Deus, Exaltado Seja, diz: “O mês de Ramadan foi o mês em que foi revelado o Alcorão, orientação para a humanidade e evidência de orientação e Discernimento. Por conseguinte, quem de vós presenciar o novilúnio deste mês deverá jejuar; porém, quem se achar enfermo ou em viagem jejuará, depois, o mesmo número de dias. Allah vos deseja a comodidade e não a dificuldade, mas cumpri o número (de dias), e glorificai a Allah por ter-vos orientado, a fim de que (Lhe) agradeçais.[165]

2- Faz parte da tolerância do Islam, o estabelecimento do jejum em um tempo específico para que o muçulmano não seja constrangido quanto ao início e ao fim, não podendo aumentá-lo ou diminuí-lo. Estabeleceu-o desde a alvorada ao pôr do sol. Deus, Exaltado Seja, diz: “Está-vos permitido, nas noites do jejum, acercar-vos de vossas mulheres, porque elas são vossas vestimentas e vós o sois delas. Allah sabe o que vós fazíeis secretamente; porém, absolve-vos e vos perdoa. Acercai-vos agora delas e desfrutai do que Allah vos prescreveu. Comei e bebei até à alvorada, quando puderdes distinguir o fio branco do fio negro. Retornai, então, ao jejum, até ao anoitecer, e não vos acerqueis delas enquanto estiverdes retraídos nas mesquitas. Tais são as normas de Allah; não as transgridais de modo algum. Assim Allah elucida os Seus versículos aos humanos, a fim de que O temam.[166]

3- É da tolerância do Islam, proibir a continuidade no jejum, por causa da dificuldade e imposição sobre a alma, comprometendo-a a fazer o que não está prescrito a ela. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Não há continuidade no jejum.”[167]

4- É da tolerância do Islam no jejum, o tornar a sua recompensa excelente, ilimitada por ser um ato difícil. O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Allah, Exaltado Seja, diz: ‘Deus, o Todo-Poderoso, diz: ‘Todos os outros atos do indivíduo são para si mesmo, exceto o ato de jejuar, que é exclusivamente para Mim, sendo que Eu o recompensarei por ele. O jejum é um escudo (contra o vício e o fogo do Inferno)’; portanto, quando qualquer um de vocês estiver jejuando, deverá abster-se de entabular conversa fiada, e evitar troca de palavras agressivas e barulhentas. Se alguma pessoa abusar nele (no jejuador) ou iniciar uma discussão, o jejuador deverá dizer que está guardando o jejum. Por Deus, em Cujas mãos está a vida de Mohammad, fiquem sabendo que o hálito de quem está a jejuar é, para Deus, mais prazeroso do que a fragrância do almíscar. O indivíduo que jejua obtém duas espécies de prazer: primeiro ele irá sentir prazer quando quebrar o jejum, e, segundo, estará jubilante em virtude do jejum, quando se encontrar com o seu Senhor.”[168]

5- É da tolerância do Islam no jejum, a licença para o enfermo e o viajante de quebrarem o jejum se for muito difícil para eles, repondo-o quando puderem. Deus, Exaltado Seja, diz: “... quem de vós presenciar o novilúnio deste mês deverá jejuar; porém, quem se achar enfermo ou em viagem jejuará, depois, o mesmo número de dias. Allah vos deseja a comodidade e não a dificuldade, mas cumpri o número (de dias), e glorificai a Allah por ter-vos orientado, a fim de que (Lhe) agradeçais.[169]

O Legislador proibiu a obrigação do que está acima da capacidade, mesmo no campo de culto. Jábir Ibn Abdullah (que Allah esteja satisfeito com ele) disse: “O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) estava em viagem e viu um homem que as pessoas tinham-se reunido ao seu redor, criando sombra sobre ele. Ele perguntou: ‘O que ele tem?’ Eles disseram: ‘O homem está  jejuando.’ O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Não é virtuoso jejuar durante as viagens.”[170] E nos relatos de Musslim, ele disse: “Vocês devem aproveitar a licença que Deus vos concedeu.”[171]

6- É da tolerância do Islam no jejum, a licença para as mães que amamentam e as grávidas, se temerem por elas ou por seus filhos, de quebrarem o jejum, tendo de repor quando elas puderem. Quanto ao idoso que é difícil para ele jejuar e o enfraquece, deve pagar cada dia não jejuado, o equivalente à alimentaçao de um necessitado. Deus, Exaltado Seja, diz: “Allah não impõe a nenhuma alma uma carga superior às suas forças[172]

  1. É da tolerância do Islam no jejum se alguém comer ou beber por esquecimento ou coagido, o jejum é válido e não precisa quebrar o jejum por isso. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Quando algum de vocês come ou bebe, por acidente, esquecendo-se do seu jejum, deve continuar o jejum até ao fim, porque (comendo e bebendo por engano) significa que Deus lhe deu de comer e de beber.”[173]

 

 A Tolerância do Islam nos Cultos (Hajj).

Entre as elevadas metas da peregrinação está a Unicidade de Deus e o estabelecimento de Sua recordação. O rito que peregrino repete é "Eis-me aqui, Senhor, eis-me aqui. Todo o louvor e as benções e a soberania pertencem a Ti, não tens parceiro algum.” Ou seja: “Ó Deus, viemos a este lugar, em resposta a Teu pedido e com a esperança em Tua satisfação e reconhecimento de Tua Unicidade e que és digno de culto, sem nenhum outro.” Não há diferença entre o nobre e o simples, o branco e o negro, entre o árabe e não árabe, todos são iguais perante Deus, não há nenhuma diferença entre eles, exceto pela piedade. Essa é a afirmação da fraternidade entre os muçulmanos e a unificação de seus sentimentos e esperanças. Pode-se citar algumas das imagens do perdão e da facilidade na peregrinação através do seguinte:

  1. A tolerância do Islam na peregrinação, é que ela foi estabelecida apenas uma vez na vida, pelo fato de que seu cumprimento anualmente reúne muitas dificuldades, o que comprova a veracidade da missão do Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz), porque se fosse obrigado todo ano, Makka não teria condições de receber um número tão grande de muçulmanos ao mesmo tempo. Abu Huraira (que Deus esteja satisfeito com ele) relatou que em certa ocasião o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) pronunciou um sermão e, dirigindo-se a ele e a outras pessoas, disse: “Ó gente! Deus impôs a obrigação de levarem a cabo a peregrinação (hajj), e devem cumpri-la!” Uma pessoa perguntou: “Ó Mensageiro de Deus, devemos realizar a peregrinação todos os anos?” O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) conservou-se em silêncio, até que o homem repetisse a pergunta três vezes. Por fim, o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Se eu tivesse dito sim, esta peregrinação ter-se-ia tornado uma obrigação anual, e não teriam condições para tal.” O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) acrescentou: “Deixem estar, sempre que lhes omitir algo; não me acossem com tais perguntas, uma vez que eu não imponho nada. Algumas pessoas que viveram antes de vocês costumavam formular demasiadas e desnecessárias perguntas, e estavam em desacordo com seus profetas. Por isso, foram destruídas. Portanto, quando eu lhes instar a fazer algo, devem obedecer, e cumprir as minhas instruções, dentro da medida das suas capacidades; e quando lhes proibir de fazer algo, devem abster-se de fazê-lo.”[174]
  2. A tolerância do Islam quanto à peregrinação, é passível de ser cancelada, apesar de ser um dos pilares do Islam, em caso de ausência de capacidade financeira ou física. Está isento quem estiver com doença incurável que o impeça de realizar a peregrinação, mesmo sendo rico e não ter ninguém que pratique o Hajj no lugar dele. O mesmo acontece com o pobre que não tem dinheiro acima de suas necessidades e as essenciais de quem ele é responsável fica isento da peregrinação, de acordo com as palavras de Deus, Exaltado Seja: “A peregrinação à Casa é um dever para com Allah, por parte de todos os seres humanos, que estejam em condições de empreendê-la; entretanto, quem se negar a isso saiba que Allah pode prescindir de todas as criaturas.”[175]
  3. A tolerância do Islam quanto à peregrinação, é o fato de conceder a liberdade ao muçulmano de escolher o que lhe convém dos três ritos de acordo com o tempo e o dinheiro.
  4. A tolerância do Islam é que fez expiações para quem comete as proibições na peregrinação devido à deficiência e falta. Deus, Exaltado Seja, diz: “E cumpri a peregrinação e a ‘umra, a serviço de Allah. Porém, se fordes impedidos disso, dedicai uma oferenda do que vos seja possível, e não corteis os vossos cabelos até que a oferenda tenha alcançado o lugar destinado ao seu sacrifício. Quem de vós se encontrar enfermo, ou sofrer de alguma infecção na cabeça, e a raspar, redimir-se-á mediante o jejum, a caridade ou a oferenda. Entretanto, em condição de paz, aquele que realizar a ‘umra antes da peregrinação, deverá, terminada esta, fazer uma oferenda daquilo que possa. E quem não estiver em condições de fazê-lo, deverá jejuar três dias, durante a peregrinação, e sete, depois do seu regresso, totalizando dez dias. Esta penitência é para aquele que não reside próximo ao recinto da Mesquita Sagrada. Temei a Allah e sabei que é Severíssimo no castigo.[176]
  5. A tolerância do Islam na peregrinação, é que ele estabeleceu condições de prevenção para o muçulmano que pode sofrer de coisas futuras desconhecidas por ele. Aicha relatou que o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) foi ter com Dhubá’a, filha de Zubair e lhe perguntou: “Você quereria cumprir a peregrinação?” Ela disse: “Por Deus, sinto cansaço.” Ele disse a ela: “Cumpre a peregrinação e coloque condições. Diga: ‘Ó Allah, livra-me do Ihram no local onde for impedida de concluir os rituais, por doença ou deficiência.’”[177]
  6. A tolerância do Islam na peregrinação é torná-la a causa do perdão e eliminação dos pecados. Abu Huraira (que Deus esteja satisfeito com ele) relatou que o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “A pessoa que cumprir a peregrinação, e, durante a mesma, se abstiver da luxúria e dos abusos, essa pessoa retornará (da peregrinação) devidamente purificada, como se tivesse sido parida por sua mãe, nesse mesmo dia!”

 

A Tolerância do Islam e a Mulher

As mulheres no Islam tem uma posição de destaque. O Islam assegura-lhes seus direitos. Ele elevou sua condição e tornou a sua honra a marca pessoal de benevolência, integridade e excelência. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “O crente mais íntegro é aquele que demonstra melhor caráter. E o melhor dentre vós é aquele que melhor trata a sua mulher.”[178]

Ele tornou o seu direito antecipado ao direito do homem quanto à benevolência e a virtude. O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: "Tratem bondosamente as mulheres..."[179]

São aspectos de tolerância às mulheres o seguinte: 

  1. Faz parte da tolerância do Islam com a mulher, o fato de estabelecer a ela um dote, um direito correto e obrigatório. Deus, Exaltado Seja, diz: “Concedei os dotes que pertencem às mulheres e, se for da vontade delas conceder-vos algo, desfrutai-o com bom proveito.”[180]
  2. A tolerância do Islam com a mulher, é que tornou o dote um direito dela após o divórcio e antes da consumação do casamento. Deus, Exaltado Seja, diz: “E se vos divorciardes delas antes de as haverdes tocado, tendo fixado o dote, corresponder-lhes-á a metade do que lhes tiverdes fixado, a menos que, ou elas abram mão (disso), ou o faça a vosso favor quem tiver o contrato matrimonial em seu poder. Sabei que o desprendimento (da parte do marido) está mais próximo da virtude e não vos esqueçais da liberalidade entre vós, porque Allah bem vê tudo quanto fazeis.[181]
  3. A tolerância do Islam com a mulher, é que, se for divorciada não é permitido tirá-la de sua casa. Talvez esta seja a razão para o retorno de cada um para o outro. Deus, Exaltado Seja, diz: “Ó Profeta quando vos divorciardes das vossas mulheres divorciai-vos delas em seus períodos prescritos e contai exatamente tais períodos e temei a Allah, vosso Senhor. Não as expulseis dos seus lares, nem elas deverão sair, a não ser que tenham cometido obscenidade comprovada. Tais são as leis de Allah; e quem profanar as leis de Allah, condenar-se-á. Tu o ignoras, mas é possível que Allah, depois disto, modifique a situação para melhor.”[182]
  4. A tolerância do Islam com a mulher é a ordem de sustentá-la e dar-lhe todos os seus direitos após o divórcio, ser bondoso com ela e não molestá-la, enquanto estiver no período de espera. Deus, Exaltado Seja, diz: “Instalai-as (as divorciadas) onde habitais, segundo os vossos recursos, e não as molesteis, para não lhes criardes dificuldades. Se estiverem grávidas, mantende-as, até que tenham dado à luz. Se amamentarem os vossos filhos, pagai-lhes a sua recompensa e consultai-vos cordialmente. Porém, se encontrardes constrangimento nisso, que outra mulher amamente os vossos filhos.[183]
  5. A tolerância do Islam com a mulher, é tornar a tutela, o direito dela em caso dela desejar isso. Deus, Exaltado Seja, diz: “As mães (divorciadas) amamentarão os seus filhos durante dois anos inteiros, para aquele que desejar completar o termo. O pai deve mantê-las e vesti-las equitativamente. Ninguém é obrigado a fazer mais do que o que está ao seu alcance. Nenhuma mãe deverá ser prejudicada por causa do seu filho, nem tampouco um pai, por causa do seu. O herdeiro do pai tem as mesmas obrigações; porém, se ambos, de comum acordo e consulta mútua, desejarem a desmama antes do prazo estabelecido, não serão recriminados. Se preferirdes tomar uma ama-de-leite para os vossos filhos, não sereis recriminados, sempre que pagueis, estritamente, o que tiverdes prometido. Temei a Allah e sabei que Ele vê tudo quanto fazeis.[184]
  6. A tolerância do Islam com a mulher é estabelecer para ela pensão alimentícia seja esposa ou divorciada com filhos depois de seu período de espera. Deus, Exaltado Seja, diz: “Que o abastado gaste segundo as suas posses; quanto àquele, cujos recursos forem parcos, que gaste daquilo com que Allah lhe agraciou. Allah não impõe a ninguém obrigação superior à que lhe concedeu; Allah trocará a dificuldade pela facilidade.[185]
  7. A tolerância do Islam com a mulher é o fato de estabelecer-lhe uma parte da herança depois de ter sido privada dela. Deus, Exaltado Seja, diz: “Aos filhos varões corresponde uma parte do que tenham deixado os seus pais e parentes. Às mulheres também corresponde uma parte do que tenham deixado os pais e parentes, quer seja pouca ou muita – uma quantia obrigatória.[186]
  8. A tolerância do Islam com a mulher é isentá-la de algumas responsabilidades e obrigações em caso de menstruação e pós-parto, um período em que a isenta da prática da oração que não necessita repor, e do jejum que ela deve repor quando puder em consideração e reconhecimento ao seu estado. Mu'áza disse: perguntei a Aicha: “Porque a menstruada tem de repor o jejum e não repor as orações?” Ela respondeu: “Você é dos extremistas?” Eu disse: “Não sou, mas estou perguntando. Ela disse: “Acontecia isso conosco, e éramos ordenadas a repor o jejum e não repor as orações.”[187]

O mesmo acontece com a isenção da prática do Tawaf de Despedida para mulheres menstruadas. Ibn Abbas (que Deus esteja satisfeito com eles) disse: “As pessoas foram ordenadas que o último contato com a Casa seja o Tawaf de Despedida, mas as mulheres menstruadas foram isentas disso.”[188]

  1. A tolerância do Islam com a mulher é que permitiu a ela e ao marido desfrutarem um do outro em tudo, exceto na penetração em caso de menstruação. Anass relatou que os judeus, quando a mulher menstruava, não comiam com ela e nem permaneciam com elas nas casas. Os companheiros do Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) perguntaram-lhe a respeito. Deus, Exaltado Seja revelou: “Consultar-te-ão acerca da menstruação; dize-lhes: É uma impureza. Abstende-vos, pois, das mulheres durante a menstruação e não vos acerqueis delas até que se purifiquem; quando estiverem purificadas, aproximai-vos então delas, como Allah vos tem disposto, porque Ele estima os que se arrependem e cuidam da purificação”.[189] Então, o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: "Desfrutem de tudo, menos de relação sexual."[190]
  2. É da tolerância do Islam com a mulher que a isentou do dever de lutar em caso de sua ocorrência. ‘Aicha (que Deus esteja satisfeito com ela) disse: “Ó Mensageiro de Deus, as mulheres são obrigadas ao Jihad?” Ele disse: “Sim, elas são obrigadas ao Jihad, não à luta, entre Hajj e ‘Umra.”[191]
  3. É da tolerância do Islam com a mulher é que não a obriga a trabalhar e gastar no sustento da família.

 

 

A Tolerância do Islam em Transações Financeiras

O dinheiro é algo muito importante na vida e as relações financeiras entre as pessoas incluem fraude, injustiça e roubos aos direitos dos outros, dando prioridade aos interesses privados, independentemente das consequências e dos efeitos nocivos à outra parte. Por isso há a necessidade urgente de tolerância e de facilitação entre as pessoas. Entre a tolerância do Islam nesse aspecto podemos citar os seguintes:

1- A tolerância do Islam na compra e venda induz à facilidade e tolerância. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Que Deus tenha misericórdia da pessoa que é afável e cortês quando vende, compra, ou pede o pagamento do que lhe é devido.”[192]

2. A tolerância do Islam nesse aspecto é dar prazo ao insolvente para que ele possa pagar a sua dívida, ou perdoá-lo e esta é a melhor opção perante Deus. Ele, Exaltado Seja, diz: “Se vosso devedor se achar em situação precária, concedei-lhe um tempo; mas, se o perdoardes, será preferível para vós, se quereis saber.”[193]

O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: "Quem concede prazo a um devedor que esteja em circunstâncias difíceis será como uma caridade por cada dia que ele conceder. E quem conceder prazo depois do vencimento da dívida, será como uma caridade igual à dívida por cada dia concedido.”[194] 

3. A tolerância do Islam é incentivar o perdão da dívida. O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Um homem que viveu antes de vocês foi chamado (depois de morto) para prestar contas; porém, a seu favor, não havia quase nada de bom. A única coisa que havia era que, em seus tratos com as pessoas, quando estava em boa situação, havia instruído seus serventes que deixassem em paz aqueles que estivessem atravessando situações difíceis. Deus, o Exaltado e o Supremo, diz: ‘Eu tenho mais direito a isso. Portanto deixem-no.”[195]

4. A tolerância do Islam é pelo fato de incentivar ser tolerante na sentença. Abu Huraira (que Allah esteja satisfeito com ele) relatou que um homem foi ter com o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) cobrando uma dívida e foi grosseiro. Os companheiros do Profeta quiseram agredi-lo. O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Deixem-no, porque o dono da dívida tem direito de cobrar.” Então disse: “Dão a ele um camelo com a mesma idade do dele.” Disseram: “Ó Mensageiro de Deus, só encontramos um com mais idade.” Ele disse: “Deem-lhe este, porque o melhor de vocês é quem paga melhor a dívida.”[196]

5. A tolerância do Islam é pelo fato de incentivar a aceitação do arrependimento de uma das duas partes nos negócios. O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: "Quem se arrepender de sua venda, Deus perdoará seu erro no Dia do Juízo Final.”[197]

6. A tolerância do Islam é pelo fato de aprovar a opção na venda. O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “O acordo de venda é revogável até que o vendedor e o comprador se separem. Se falarem a verdade e puserem às claras todas as coisas relevantes à transação, ele se tornará pleno de bênçãos para os dois; mas se falarem falsamente, e ocultarem o que deveria ser esclarecido, a bênção da transação será apagada.”[198]

7. A tolerância do Islam nas transações financeiras é o sistema de herança que distribui o legado (após o pagamento das dívidas e o cumprimento do testamento do falecido) entre os herdeiros do falecido que têm direito na herança, o pequeno e o grande, homem e mulher, um quinhão justo, satisfatório, testemunhado pelos de mente sã, de acordo com a proximidade, a distância e o grau de beneficio ao falecido. Ninguém tem o direito de distribuir a herança de acordo com seus caprichos e desejos. Entre as vantagens deste sistema é que ele desintegra as riquezas, não importa quão grande, em pequenas propriedades, tornando a questão do acúmulo de riqueza nas mãos de certa classe quase impossível. O Alcorão Sagrado especificou a quota dos filhos, dos pais, dos cônjuges, dos irmãos. Deus, Exaltado Seja, diz: “Allah vos prescreve acerca da herança dos vossos filhos: Dai ao varão a parte de duas filhas; se apenas houver filhas, e estas forem mais de duas, corresponder-lhes-á dois terços do legado; e, se houver apenas uma, esta receberá a metade. Quanto aos pais do falecido, a cada um caberá a sexta parte do legado, se ele deixar um filho; porém, se não deixar prole, e a seus pais corresponder a herança, à mãe caberá um terço; mas se o falecido tiver irmãos, corresponderá à mãe um sexto, depois de pagas as doações e dívidas. É certo que vós ignorais quais sejam os que estão mais próximos de vós, quanto ao benefício, quer sejam vossos pais ou vossos filhos. Isto é uma prescrição de Allah, porque Ele é Sapiente, Prudentíssimo.[199]

Além de muitos dos detalhes que Deus menciona em várias partes no Alcorão, o que não é o nosso foco neste espaço. Aos que precisarem aprofundar podem recorrer aos livros das obrigações.

8. A tolerância do Islam incentiva a benevolência para os que testemunharem o ato da divisão da herança, sem esquecer-se de ser caridoso. Deus, Exaltado Seja, diz: “Quando os parentes (que não herdeiros diretos), os órfãos e os necessitados estiverem presentes, na partilha da herança, concedei-lhes algo dela e tratai-os humanamente, dirigindo-vos a eles com bondade.”[200]

9. A tolerância do Islam estabeleceu o sistema de testamento. O muçulmano pode fazer testamento numa parte de sua herança que transforma em atos de virtude e do bem, para ser uma caridade ininterrupta para ele após a morte, contanto que o limite deste testamento não ultrapasse um terço da herança. ‘Amer Ibn Saa’d (que Deus esteja satisfeito com ele) relatou: “Numa ocasião eu estava de cama, seriamente doente, em Makka e o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) foi me visitar. Eu lhe disse: ‘Ó Mensageiro de Deus, eu tenho dinheiro e propriedades consideráveis. Será que eu poderia, então, doar todo o meu dinheiro?” Ele disse: “Não.” Eu disse: “Metade?” Ele disse: “Não”. De novo eu me rendi: “Bom, então um terço, ó Mensageiro de Deus?” Ao que ele disse: “Um terço é suficiente, e um terço é mais do que bastante. É preferível que deixe os seus herdeiros em boa situação que deixá-los em penúria, forçados a mendigar pelo seu sustento. Por tudo o que gastar em prol de Deus, mesmo um bocado de comida que puser na boca da esposa, Deus irá recompensá-lo. Tudo o que fizer, procurando o aprazimento de Deus, irá elevar a sua posição na sociedade. Estou esperançoso de que viverá muito tempo, para o bem dos muçulmanos e para punir os incrédulos.”[201]

E dentre as condições do testamento, que não seja para quem tem direito à herança de modo a não prejudicar o resto dos herdeiros ou causar inimizade e ódio entre eles. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Deus deu a cada um os seus direitos; não existe doação a um herdeiro.”[202]

 

 

A Tolerância do Islam nas Penalidades:

O Islam, como as outras religiões, estabeleceu o sistema penal, onde sua aplicabilidade garante a segurança da comunidade, combate a proliferação do crime, impede o derramamento do sangue e preserva as honras, protege os bens e detem os bandidos, protegendo as pessoas de agredirem uns aos outros. Essas penalidades impedem a ocorrência do crime ou aliviam o seu acontecimento. Por isso, vemos que o Islam estabelece uma punição ao crime proporcional à magnitude da ofensa. Ele estabeleceu a pena para o crime de morte a pena de talião. Deus, Exaltado Seja, diz: “Ó crentes, está-vos preceituado o talião para o homicídio...[203]

A menos que os parentes e familiares do morto perdoem, de acordo com as palavras de Deus, Exaltado Seja: “Mas, se o irmão do morto perdoar o assassino...[204]

Ele estabelece para o crime de roubo o corte da mão. Deus, Exaltado Seja, diz: “Quanto ao ladrão e à ladra, decepai-lhes a mão, como castigo de tudo quanto tenham cometido; é um exemplo, que emana de Allah, porque Allah é Poderoso, Prudentíssimo.[205]

Se o ladrão souber que sua mão seria cortada em caso de roubo, deixa de roubar e conserva a mão de ser cortada e o dinheiro das pessoas fica protegido do roubo.

Tornou a pena pelo crime de atentado contra as honras com adultério, o açoite ao solteiro. Deus, Exaltado Seja, diz: “Quanto à adúltera e ao adúltero, castigai-os com cem chicotadas, cada um.[206]

Assim, preserva a descendência de mistura e protege o dinheiro do povo que seja herdado por quem não lhe pertence.

E tornou a pena pelo crime de atentado contra as honras com calúnias o açoite também. Deus, Exaltado Seja, diz: “E àqueles que difamarem as mulheres castas, sem apresentarem quatro testemunhas, infligi-lhes oitenta chicotadas.[207]

E outros crimes que o Islam estabeleceu penas proporcionais que coadunam com o grau de ameaça contra a comunidade. Então, a lei estabeleceu uma base legítima que estima as penalidades em geral. Allah, Exaltado Seja, diz: “E o delito será expiado com o talião.[208]

E as palavras de Deus, Exaltado Seja: “Quando castigardes, fazei-o do mesmo modo como sois castigados.[209]

Para estas penalidades há condições e sanções a aplicar.

1- A tolerância do Islam na questão das penalidades, com respeito aos direitos dos seres humanos, é pelo fato de não tornar sua aplicação tão necessária, mas deixou a porta aberta ao perdão e a aceitação de compensação. Deus, Exaltado Seja, diz: “E o delito será expiado com o talião; mas, quanto àquele que indultar (possíveis ofensas dos inimigos) e se emendar, saiba que a sua recompensa pertencerá a Allah, porque Ele não estima os agressores.[210]

2- A tolerância do Islam na questão das penalidades no que diz respeito aos direitos de Deus, desde que o servo não o faça abertamente e não chegue ao conhecimento das altas autoridades, não se aplica a pena nele, pois está entre a pessoa e seu Senhor. Abu Huraira relatou que o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Todos os membros da minha nação serão perdoados, menos aqueles que tornarem públicos seus atos particulares. Um exemplo disso é quando alguém pratica algum ato, à noite, e levanta, no dia seguinte para comentar com outra pessoa, dizendo: ‘Ó fulano, ontem fiz isto e aquilo’, ou seja, apesar de passar a noite acobertada por Deus, revela, na manhã seguinte, o que Deus lho ocultou. ’”[211]

Quando o Islam decide aplicar essas sanções visa por trás manter os direitos das pessoas e à construção da segurança e da confiança na comunidade, e dissuadir aqueles que poderiam ser tentados a mexer com sua segurança e estabilidade. Se o assassino souber que ele será morto, o ladrão souber que sua mão será cortada, se o adúltero souber que será chicoteado, que o caluniador será também chicoteado, refreraria de fazer o que pretende, salvando-se e aos outros. Deus, Exaltado Seja, diz a verdade: “Tendes, no talião, a segurança da vida, ó sensatos, para que vos refreeis.”[212]

Pode alguém dizer que essas sanções legisladas pelo Islam para alguns crimes são penas duras! Podemos dizer-lhe que o ser humano racional reconhece que crimes têm efeitos nocivos bem conhecidos pela comunidade e que devem ser resistidos, combatidos e evitá-los através da aplicação de sanções. A divergência será no tipo de sanções. Que cada um se pergunte e veja as sanções estabelecidas pelo Islam. São elas mais eficazes e bem sucedidas para acabar com a criminalidade ou reduzi-la ou as penalidades estabelecidas pelos seres humanos só aumentam a criminalidade!?. Por meio dessas penalidades o criminoso escapa e é acusada a vítima. Certamente, o membro corrupto deve ser amputado, para salvar o resto do corpo.

 

A Tolerância do Islam Quanto aos Prisioneiros de Guerra:

É da natureza das sociedades humanas que haja disputas e guerras entre elas por causa de diferentes de raças ou religiões ou por causa das ambições de expansão e extensão da sua influência ou interesses econômicos. Deus, Exaltado Seja, diz: “Se Allah não contivesse uma parte dos seres humanos, em relação a outra, a terra se corromperia; porém, Ele é Agraciante para com a humanidade.[213]

A guerra no Islam, porém, é humana em primeiro lugar. Deus, Exaltado Seja, diz: “E não sejais como aqueles que saíram das suas casas, por petulância e ostentação, para desviarem os outros da senda de Allah[214]

Os motivos da guerra no Islam são para repelir a agressão e defender os oprimidos. Deus, Exaltado Seja, diz: “E o que vos impede de combater pela causa de Allah e dos indefesos, homens, mulheres e crianças? que dizem: Ó Senhor nosso, tira-nos desta cidade (Makka), cujos habitantes são opressores. Designa-nos, da Tua parte, um protetor e um socorredor![215]

Uma vez que a guerra no Islam é humana, tinha que abranger o lado da tolerância e conveniência. Entre os aspectos visíveis de tolerância na guerra temos:

1- A tolerância do Islam é que ela não é uma religião de terror ou de agressão e injustiça, travando guerras, como é descrito por seus inimigos que se irritam pelo grande número de seus seguidores e pelo grande número de quem ingressa nele. Como não, enquanto Deus condena a agressão? Ele, Exaltado Seja, diz: “Combatei, pela causa de Allah, aqueles que vos combatem; porém, não pratiqueis agressão, porque Allah não estima os agressores.[216]

2- A tolerância do Islam na guerra é ordenar seus seguidores em caso de guerra com os inimigos que tendem para a paz, se for solicitado por eles, para mostrar que não é a religião de matança e se entusiasma com o derramamento de sangue. Deus, Exaltado Seja, diz: “Se eles se inclinam à paz, inclina-te tu também a ela, e confia em Allah, porque Ele é o Oniouvinte, o Sapientíssimo.[217]

3- A tolerância do Islam na guerra é não combater quem não o combate.

4- A tolerância do Islam na guerra tem regras e etiqueta, a fim de destitui-la de sua humanidade. Só se combate dos inimigos àquele que participa dos combates. Não combatem idosos, crianças, mulheres, doentes, terapeutas dos doentes e feridos, nem eremitas que se dedicam apenas ao culto. Proíbe a eliminação dos feridos, a mutilação dos corpos dos mortos, matança de animais, a destruição de casas, poluição de água e poços, perseguição a quem foge da batalha. Estas foram orientações do Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) e de seus sucessores aos comandantes de seus exércitos. A política tolerante do Islam nas guerras ficou representada pelos atos do Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) quando da conquista de Makka, cujo povo o expulsou, injuriou, matou seus companheiros e conspirou para matá-lo. Ele disse: “Quem entrar na casa de Abu Sufian estará seguro, quem fechar sua porta estará seguro, quem deixar as armas estará seguro”.[218]

Os seus sucessores seguiram esta política tolerante na guerra. Abu Bakr, (que Allah esteja satisfeito com ele), o primeiro califa do Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse aos comandantes dos exércitos que ele enviou: “Parem que vou recomendar dez coisas que vocês devem acatá-las. Não traiam, não cometam excessos, não enganem, não mutilem, não matem crianças, não matem idosos nem mulheres, não cortem tamareiras, nem queimem, não cortem árvores frutíferas, não matem ovelhas, nem vacas, nem camelos, a não ser para alimento. Vocês passarão por pessoas que se isolaram em suas celas, deixem-nas em paz para o que se isolaram.”[219]

5. A tolerância do Islam na guerra é respeitar os direitos e o humanismo dos inimigos dentre os cativos. Não podem ser torturados, humilhados, assustados, nem vedados de comer e beber até a morte, mas ser gentil com eles e tratá-los com bondade. Deus, Exaltado Seja, diz: “E porque, por amor a Ele (Allah), alimentam o necessitado, o órfão e o cativo. (Dizendo): Certamente vos alimentamos por amor a Allah; não vos exigimos recompensa, nem gratidão.[220]

Os seguidores do Islam se apressaram na aplicação da presente orientação humana com os prisioneiros. Abu Aziz Ibn ‘Umair, irmão de Muss’ab Ibn ‘Umair, disse: “Eu era um dos prisioneiros da batalha de Badr. O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: ‘Sejam gentis com os prisioneiros’. Eu era prisioneiro de alguns Ansar. Quando eles forneciam o seu almoço e jantar comiam tâmaras e me davam trigo por ordem do Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz).”[221]

6. A tolerância do Islam na guerra é perdoar os prisioneiros de guerra, libertando-os, com ou sem pagamento de resgate em dinheiro, ou com troca de prisioneiros muçulmanos, de acordo com os interesses gerais, de acordo com as palavras de Deus, Exaltado Seja: “E quando vos enfrentardes com os incrédulos (em batalha), golpeai-lhes os pescoços, até que os tenhais dominado, e tomai (os sobreviventes) como prisioneiros. Libertai-os, então, por generosidade ou mediante resgate, quando a guerra tiver terminado.

7. A tolerância do Islam na guerra é recomendar o bom tratamento às pessoas dos locais conquistados pelos muçulmanos. O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) recomendou tratar os coptas com benevolência, ao dizer: “Se vocês conquistarem o Egito, sejam bondosos, com os coptas, pois eles são responsáveis e misericordiosos.”[222]

Quanto à situação dos povos vencidos, sua honra não pode ser violada, seus bens não podem ser usurpados, não pode ser afrontada a sua dignidade e serem humilhados, suas casas não podem ser destruídas, não se pode aplicar represálias e vinganças contra eles, mas uma reforma que ordena a prática do bem, proibição da prática do mal e o estabelecimento da justiça. Os muçulmanos têm seguido as diretivas do seu Profeta depois dele. A melhor prova disso foi o pacto que Ômar Ibn Al Khattab (que Deus esteja satisfeito com ele) concedeu ao povo de Jerusalém, quando a conquistou. Ele disse: “Em nome de Deus, o Clemente, o Misericordioso. Isso é o que o servo de Deus, Ômar Ibn Al Khatab, o Emir dos Crentes, concede ao povo de Jerusalém: Concede-lhes segurança a suas pessoas, seus bens, suas igrejas e suas cruzes... Não são obrigados a deixar a sua religião e nenhum deles será prejudicado...” Será que a história testemunhou tal nobreza, justiça e tolerância da parte do conquistador para com o derrotado?! Apesar de ele (que Allah esteja satisfeito com ele) ter poder de impor o que quisesse. Mas era questão de justiça e tolerância. Isso indica que a guerra no Islam é humanismo, não ambições mundanas.

 

A Tolerância do Islam e o Perdão aos Pecados:

O fato de que os filhos de Adão cometem frequentemente pecados, tanto entre eles como contra seu Senhor, ou entre eles e os que se misturam com eles em sua comunidade. Isso foi informado pelo Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) ao dizer: “Todos os filhos de Adão são pecadores e os melhores pecadores são os que se arrependem.”[223]

Esses pecados cometidos pelos filhos de Adão são por causa de uma guerra antiga e ameaças anteriores de Satanás para seduzir os filhos de Adão. Deus, Exaltado Seja, diz sobre a ameaça de Satanás aos filhos de Adão: “Disse: Ó Senhor meu, por me teres colocado no erro, juro que os alucinarei na terra e os colocarei, a todos, no erro.[224]

1. A tolerância do Islam é que Deus perdoa o pecado, não importa quão reiterado enquanto o servo pedir perdão por ele e isso por cometer pecados por natureza dos filhos de Adão. Os pecados podem ser apagados e a indulgência continuará enquanto o servo continuar a pedir perdão do seu Senhor. Abu Sa'id Al Khudri relatou que o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: "O Satanás disse: ‘Ó Senhor, vou continuar a tentar os filhos de Adão, enquanto suas almas estiverem em seus corpos. ’ O Senhor, Poderoso e Glorioso, disse: “Eu continuo a perdoá-los enquanto pedirem perdão.”[225]

O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Juro por Quem tem a minha alma em Seu poder que se não cometêsseis faltas, Deus vos substituiria por outro povo que cometeria faltas, e pediria perdão a Deus, louvado seja, Que os perdoaria.”[226]

2- A tolerância do Islam é que Deus fez a porta do arrependimento aberta aos muçulmanos em todos os momentos e situações, Deus, Exaltado Seja, diz: “Aquele que, depois da sua iniquidade, se arrepender e se emendar, saiba que Allah o absolverá, porque é Indulgente, Misericordiosíssimo.[227]

O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Deus, o Altíssimo, estende a mão, à noite, para que se arrependa o malfeitor do que tenha cometido durante o dia, e estende a mão, de dia, para que se arrependa o malfeitor do que tenha cometido durante a noite. E, assim, até que o sol saia do seu poente.”[228]

A não ser em limites de estreiteza, que fecha a porta de arrependimento. Deus, Exaltado Seja, diz: “A absolvição de Allah recai apenas sobre aqueles que cometem um mal, por ignorância, e logo se arrependem. A esses, Allah absolve, porque é Sapiente, Prudentíssimo. A absolvição não alcançará aqueles que cometerem obscenidades até à hora da morte, mesmo que nessa hora alguém, dentre eles, diga: Agora me arrependo. E tampouco alcançará os que morrerem na incredulidade.”[229]

A porta do arrependimento está aberta para os servos, exceto em dois casos, de acordo com as palavras do Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz): “Deus, Exaltado e Glorificado Seja, aceitará o arrependimento do servo, se este não se encontrar nos últimos alentos da sua vida.”[230]

O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Quanto àquele que se arrepende antes que o sol saia do seu poente, Deus aceitará o seu arrependimento e o perdoará.”[231]

3. A tolerância do Islam é facilitar a questão do arrependimento e torná-lo entre a pessoa e seu Senhor, sem intermediário nem dificuldade, nem constrangimento. O servo ergue as mãos para o seu Senhor, confessando seus pecados, pedindo-Lhe perdão e indulgência. Deus, Exaltado Seja, diz: “E quem cometer uma má ação ou se condenar e, em seguida (arrependido), implorar o perdão de Allah, sem dúvida achá-Lo-á Indulgente, Misericordiosíssimo.

4. A tolerância do Islam é que os pecadores arrependidos de seus pecados, os sinceros em seu arrependimento, arrependidos pelo que cometeram de pecados com a intenção de não voltar a pecar, são transformados em méritos. Deus, Exaltado Seja, diz: “(Igualmente o são) aqueles que não invocam, com Allah, outra divindade, nem matam nenhum ser que Allah proibiu matar, senão legitimamente, nem fornicam; (pois sabem que) aqueles que assim procederem, receberão a sua punição: No Dia da Ressureição ser-lhes-á duplicado o castigo; então, desonrados, se eternizarão (nesse estado), Salvo aqueles que se arrependerem, crerem e praticarem o bem; a estes, Allah computará as más ações como boas, porque Allah é Indulgente, Misericordiosíssimo.”[232]

A Chari’a (Lei) islâmica dirigiu-se à mentalidade do pecador e tratou sua psique confusa com a abertura da porta do arrependimento para abandonar o seu pecado, pois ninguém deve se desesperar da misericórdia de nosso Senhor quanto ao perdão e à indulgência, por seus erros, por numerosos que sejam. Deus, Exaltado Seja, diz: “Dize: Ó servos meus, que se excederam contra si próprios, não desespereis da misericórdia de Allah; certamente, Ele perdoa todos os pecados, porque Ele é o Indulgente, o Misericordiosíssimo.[233]

Isto é a respeito dos direitos de Deus, e em relação aos direitos das pessoas, é preciso restituir seus direitos e pedir perdão pelo que lhes foi tirado de direito.

5- A tolerância do Islam é que ele recompensa pela boa intenção, mesmo que não seja seguida por ação. Se a pessoa pensar em praticar uma boa ação e não fazê-la será escrita para ela uma caridade. Além disso, se o muçulmano pretende praticar um mau ato e não o fizer, com medo do castigo de Deus, Ele vai recompensá-lo por isso, porque ele deixou o que pretendia fazer por temor a Deus. O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse que Deus diz no hadice Cudsi: “Se Meu servo quiser praticar um ato ruim, não devem registrá-lo até ele praticá-lo. Se o fizer, escrevem-no como tal. Se deixar de praticá-lo, por Minha causa, escrevem-no como bom ato. Se desejar praticar um bom ato e não o praticar, escrevem-no como tal. Se praticá-lo, escrevem-no como dez bons atos, até setecentas vezes.”[234]

6. A tolerância do Islam é que não tornou os pecados do muçulmano impedimento da misericórdia de Deus para com ele, mas o fazem desejar ter muitos pecados quando vê a misericórdia e o perdão de Deus ao exibir seu registro. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Sei que a última pessoa a entrar no Paraíso e a sair do Inferno, será a pessoa que comparecerá no Dia da Ressurreição e será dito, exponham seus pequenos pecados e suspendam os graves. Os pequenos ser-lhes expostos e ser-lhe-á perguntado: ‘Você fez tal e tal coisa no dia tal e fez tal e tal coisa no dia tal?’ Responderá: ‘Sim.’ Não consegue negar, estando com medo que seus pecados graves sejam expostos. Ser-lhe-á dito: ‘Você terá no lugar de cada pecadilho uma caridade.’ Dirá: ‘Ó Senhor, eu fiz coisas que não vejo aqui.’ Eu vi o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) sorrir até aparecerem os seus dentes caninos.”[235]

7. A tolerância do Islam é que Deus é Bondoso para com Seus servos que O desobedecem e O negam. Deus, Exaltado Seja, diz: “De sorte que se Allah tivesse castigado os humanos pelo que cometeram, não teria deixado sobre a face da terra um só ser; porém, tolera-os até um término prefixado. E quando esse término expirar, certamente constatarão que Allah é Observador de Seus servos.[236]

 

A Tolerância do Islam e a Expiação dos Pecados:

A tolerância do Islam é tornar algumas obras devocionais, além da recompensa pelas suas práticas, expiação dos pecados, como misericórdia de Deus para com Seus servos e descanso para suas almas, livrando-os de muitos de seus pecados. Entre essas obras, temos:

1. A tolerância do Islam é pelo fato de tornar o cumprimento do culto obrigatório, adição à recompensa devida pelo ato da expiação dos pecados. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “As cinco orações diárias, a oração da sexta-feira, até à seguinte, e o jejum do mês de Ramadan, até ao mês seguinte de Ramadan, são penitências das faltas cometidas durante o transcurso desse tempo, conquanto se evitem os pecados maiores.”[237]

2. Ele (Deus o abençoe e lhe dê paz) também disse: “Continuem as boas práticas entre o Hajj e a ‘Umra, porque eliminam a pobreza e os pecados como o fogo elimina a escória do ferro, do ouro e da prata, porque a recompensa por uma peregrinação aceita (livre de vícios) é nada menos que o Paraíso.”[238]

3. A tolerância do Islam tornou evitar a prática dos pecados graves um motivo de remissão da prática dos pequenos pecados. Deus, Exaltado Seja, diz: “Se evitardes os grandes pecados, que vos estão proibidos, absolver-vos-emos das vossas faltas e vos proporcionaremos digna entrada (no Paraíso).”[239]

4. A tolerância do Islam fez a divulgação da saudação e o aperto de mão, entre os muçulmanos, expiação dos pecados. Huzaifa relatou que o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Se o muçulmano apertar a mão do irmão, seus pecados cairão como caiem as folhas das árvores.”[240]

5. A tolerância do Islam fez o que afeta o servo de doenças, infortúnios e tristezas serem expiação de seus pecados por Deus. Abu Sa'id al Khudri (que Allah esteja satisfeito com ele) relatou que o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Não há nada que se abate sobre o crente de doença, tristeza, de dor constante, até a preocupação, Deus lhe expiará os pecados por isso.”[241]

O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Sempre que o muçulmano for acometido de uma fadiga, enfermidade, preocupação, tristeza, lesão ou angústia, mesmo sendo atingido por um espinho que o perfure, Deus lhe expiará, por isso, alguma das suas faltas.”[242]

6. A tolerância do Islam fez da pureza expiação dos pecados. Abu Sa'id relatou que o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Gostariam que lhes explicasse algo cujo cumprimento faria com que Deus lhes apagasse as faltas e lhes elevasse a um lugar de honra?” Responderam: “Claro que sim, ó Mensageiro de Deus!” Disse: “Fazer a ablução apropriadamente, conquanto dificultoso, ficar esperando, depois de uma oração, a oração seguinte. Todo aquele que sair de casa e praticar a oração com o Imam, então senta aguardando a outra oração, os anjos irão dizer: ‘Ó Allah, perdoa-o, ó Allah, tenha misericórdia dele!”[243]

7. A tolerância do Islam é fazer a simples menção da obra de Deus equivalente ao gasto do dinheiro pela Sua causa, nos tipos de atos de culto. Abu Huraira (que Allah esteja satisfeito com ele) disse que os pobres foram ter com o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) e disseram: “Os ricos têm levado as substâncias mais sublimes, além da graça e do favor de Deus!” Disse o Profeta: “Como assim?” Responderam: “Eis que praticam a oração do mesmo modo que nós, jejuam do mesmo modo que nós, porém oferecem caridade que nós não podemos oferecer, e libertam escravos, e nós não.” Disse o Profeta: “Gostariam que lhes ensinasse algo com o qual alcançariam a quem os ultrapassa, e ultrapassariam a quem os segue, e não haverá alguém melhor do que vocês, a menos que faça o que fazem?” Responderam: “Ó Mensageiro de Deus, claro que sim!” Disse o Profeta: “Glorifiquem, magnifiquem e louvem a Deus, dizendo: Subhana Allah, Al Hamdu Lillah, Allahu Akbar, isso, trinta e três vezes, ao término de cada oração.” Discordamos entre nós. Alguns disseram para glorificarmos trinta e três vezes, louvarmos trinta e três vezes e engrandecermos trinta e quatro vezes. Fomos ter com o Profeta novamente para nos esclarecer. Ele disse: “Digam Glorificado Seja Allah, Louvado Seja Allah e Allah é Maior para que todos sejam trinta e três vezes.”[244]

8. A tolerância do Islam é o fato de tornar a pratica de muitas caridades expiação dos pecados. Moaz relatou que perguntou: “Ó Mensageiro de Deus, aconselha-me?” Ele disse: “Tenha devoção e temor a Deus, onde quer que esteja.” Pediu mais: “Aconselha-me mais.” Disse-lhe: “Depois de haver cometido uma falta, apresse-se em contrabalançá-la com um bom ato, pois este a expiará.” Pediu, ainda: “Aconselha-me mais.” Disse-lhe: “Convive bondosamente com as pessoas.”[245]

9. A tolerância do Islam é tornar o ato de adoração expiação das penalidades pelos pecadilhos, com base no que é comprovado pelo relato de Abu Amama (que Allah esteja satisfeito com ele) que um homem foi ter com o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) e disse: “Ó Mensageiro de Deus, eu mereço uma penalidade. Portanto, aplica-a em mim.” O Profeta perguntou-lhe: “Você se abluiu quando chegou?” Ele disse: “Sim.” Ele perguntou: “Você orou conosco quando oramos?” Ele disse: “Sim”. Disse-lhe: “Vai, que Deus, Exaltado Seja, perdoou você.’”[246]

 

A Tolerância do Islam e as Expiações dos Pecados:

A tolerância do Islam é que estabeleceu práticas a expiação dos pecados dos servos quando cometem alguma ação proibida relativa ao direito de Deus ou aos direitos dos seres humanos, sendo estas práticas a causa do perdão e remissão dos pecados cometidos. Essas expiações cancelam o sentimento do muçulmano pela culpa depois de fazer penitência para que não viva com preocupação psicológica por causa da culpa que cometeu. Pode-se inumerar algumas das imagens de tolerância e facilidade em algumas expiações através do seguinte:

  1. A tolerância do Islam no caso do homicídio involuntário que estabeleceu a expiação que o nosso Senhor, Exaltado Seja, esclareceu, dizendo: “Não é dado, a um crente, matar outro crente, salvo involuntariamente; e quem, por engano, matar um crente, deverá libertar um escravo crente e pagar compensação à família do morto, a não ser que esta se disponha a perdoá-lo. Se (a vítima) for crente, de um povo adversário do vosso, impõe-se a libertação de um escravo crente; e se pertencer a um povo aliado, impõe-se o pagamento de uma indenização à sua família e a manumissão de um escravo crente. Contudo, quem não estiver em condições de fazê-lo, deverá jejuar dois meses consecutivos, como penitência imposta por Allah, porque Ele é Sapiente, Prudentíssimo.[247]

2- A tolerância do Islam no zihar, estabeleceu expiação, explicada pelo nosso Senhor, Exaltado Seja, dizendo: “Quanto àqueles que repudiarem as suas mulheres pelo zihar e logo se retratarem disso, deverão manumitir um escravo, antes de as tocarem. Isso é uma exortação para vós, porque Allah está inteirado de tudo quanto fazeis.”[248]

  1. A tolerância do Islam no campo de perjúrio estabeleceu expiação que Deus, Exaltado Seja, explicou, dizendo: “Allah não vos reprova por vossos frívolos juramentos; porém, recrimina-vos por vossos intencionais juramentos, cuja expiação consistirá em alimentardes dez necessitados da maneira como alimentais a vossa família, ou em vesti-los, ou em libertardes um escravo; contudo, quem carecer de recursos jejuará três dias. Tal será a expiação do vosso perjúrio. Mantende, pois, os vossos juramentos. Assim Allah vos elucida os Seus versículos, a fim de que Lhe agradeçais.[249]
  2. A tolerância do Islam nas expiações é que elas são anuladas na ausência da capacidade de cumpri-las quer financeira, quer fisicamente. A melhor prova é o caso do companheiro, que foi ter com o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) e disse: “Ó Mensageiro de Deus, estou perdido.” O Profeta perguntou: “O que aconteceu?” Disse ele: “Tive relações sexuais com a esposa e eu estava em jejum.” O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) perguntou: “Você pode libertar um escravo?” Ele disse: ‘Não”. Disse-lhe: “Você pode jejuar por dois meses consecutivos?” Ele disse: “Não”. Disse-lhe: “Você consegue alimentar sessenta pessoas pobres?” Ele disse: “Não.” O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) ficou em silêncio. Enquanto estávamos naquela situação, alguém levou um cesto de tâmaras ao Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Onde está o perguntador?”. Ele disse: “Estou aqui.” Disse-lhe: “Leve isto e distribui em caridade.” O homem disse: “Entre as pessoas mais pobres do que eu, ó Mensageiro de Deus? Eu juro que não há agregação familiar de pessoas mais pobres do que a minha família.” O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) riu até seus dentes caninos aparecerem e então disse: “Alimente com elas a sua família”.[250]

 

 

A Tolerância do Islam e a Continuidade das Boas Ações:

1. A tolerância do Islam é que fez o servo muçulmano ser recompensado por boas ações não feitas por ele, mas sim feitas por outros, cujo ele indicou os métodos da sua prática. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Aquele que indicar o caminho reto a alguém terá a mesma recompensa daquele que o tiver seguido, sem que isso lhe diminua em nada das suas próprias recompensas. E aquele que incitar alguém ao extravio incorrerá no mesmo pecado daquele que lhe ouviu o incitamento, sem que isso diminua em nada dos seus próprios pecados.”[251]

Isto faz com que o muçulmano fique muito interessado em reformar a sociedade através da prática de boas ações, dar apoio e defendê-la, lutar contra a corrupção e advertir contra ela, não divulgar e nem promover o que irá proliferar a corrupção na comunidade para fazer o registro de suas ações livre das más ações, e assim reforma a si mesmo e aos outros.

A tolerância do Islam é o tornar a educação adequada à família e a divulgação da ciência na sociedade humana como a causa de recompensa do servo em sua vida e a realização das suas boas ações funcionarem após a sua morte. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Quando morre o ser humano, suas obras deixam de ter continuidade, salvo em três casos: uma caridade permanente, um conhecimento benéfico e um filho virtuoso que implore a Deus por ele.”[252]

 

 

A Tolerância do Islam e os Desejos do Ser Humano:

A tolerância do Islam, sua facilidade e seu amor aos seus seguidores pela prática do bem, fez com que seus hábitos e desejos se transformassem em atos pelos quais serão recompensados se forem praticados com boa intenção. Entre esses atos, citamos:

1- A tolerância do Islam é o fato de tornar o ato de satisfazer os desejos do ser humano de uma forma lícita com a esposa, se for acompanhada da intenção de proteger a sua integridade e castidade e a da esposa, evitando cair no ilícito, seu ato será como culto e será recompensado por isso. Abu Zar relatou que alguns companheiros do Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disseram: “Ó mensageiro de Deus: “Os ricos têm levado as substâncias mais sublimes. Eis que praticam a oração do mesmo modo que nós, jejuam como nós, e tiram caridade.” o Profeta disse: “Acaso não vos deixou Deus nada que possais oferecer como caridade? Pois sabei que o pronunciardes ‘Glorificado seja Deus!’ é uma caridade; e a proclamação de ‘Deus é o Maior!’ é uma caridade; e a pronuncia de ‘Louvado seja Deus!’ é também uma caridade; e a proclamação de ‘Não há outra divindade além de Deus!’ é uma caridade, a recomendação do bem é uma caridade, e o opor-se ao que é mal é uma caridade; inclusive, a relação sexual do indivíduo com a espsoa é uma caridade também.” Disseram-lhe: “Ó Mensageiro de Deus, o fato de que um satisfaça o seu desejo, isso também é merecedor de recompensa?”. Respondeu o Profeta: “Porventura, se o tivesse satisfeito de modo ilícito, não teria cometido uma falta? Desse mesmo modo, será recompensado quando o satisfizer de modo lícito.”[253]

2. A tolerância do Islam é permitir a transformação de hábitos em atos de adoração pelos quais o muçulmano é recompensado se forem acompanhados pela boa intenção. O comer e o beber do ser humano que visa manter seu corpo e sua força, a fim de ganhar o lícito e se empenhar para realizar o que Deus ordenou, como sustento da esposa, dos filhos e dos seus dependentes, ajudar aos irmãos e a piedade na adoração a Deus todo o seu ato será recompensado. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Quando alguém gasta com a família, almejando uma recompensa, isso lhe é contado como caridade.”[254]

Mas todo ato que o muçulmano faz, se for com boa intenção e objetivo, será para ele uma caridade. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Todo muçulmano deve oferecer caridade.” Foi-lhe perguntado: “E se não tiver nada para oferecer?” Respondeu: “Que trabalhe com as próprias mãos. Desse modo, obterá benefícios e poderá oferecer, disso, uma caridade.” Foi-lhe perguntado: “E se não puder?” Respondeu: “Que preste sua ajuda a quem necessite de uma urgente assistência.” Novamente foi-lhe perguntado: “E se não puder?” O Profeta respondeu: “Que recomende o bem e se abstenha de causar o mal; isso também é uma caridade.”[255]

 

A Tolerância do Islam na Educação:

O método adotado na educação e no ensino no Islam é um método de bondade, flexibilidade, distante da violência e da antipatia. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Deus não me enviou como obstinado e obstinador. Enviou-me professor e facilitador.”[256]

1. A tolerância do Islam no campo de aconselhamento está no método do Profeta Mohammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) com base no amor à prática do bem, na bondade, na flexibilidade, da exposição com afeto utilizado por ele no aconselhamento do jovem que desejava praticar fornicação. E quis pedir permissão ao Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz). Perguntou-lhe: “Gostaria que fosse com a sua mãe?” Ele disse: “Não, por Deus. Que Deus me sacrifique por sua causa.” Disse-lhe: “As pessoas não gostam disso para as mães.” Ele perguntou: “Você gostaria que fosse com sua filha?” Disse: “Não, por Deus. Que Deus me sacrifique por sua causa.” Disse ele: “As pessoas não gostam que seja com as filhas.” Perguntou: “Gostaria que fosse com a sua irmã?” Ele disse: “Não, por Deus. Que Deus me sacrifique por sua causa.” Ele disse: “As pessoas não gostam que seja com as irmãs.” Perguntou: “Gostaria que fosse com a sua tia paterna?” Ele disse: “Não, por Deus. Que Deus me sacrifique por sua causa.” Disse-lhe: “As pessoas não gostam que seja com as tias paternas.” Perguntou: “Gostaria que fosse com a sua tia materna?” Ele disse: “Não, por Deus. Que Deus me sacrifique por sua causa.” Disse-lhe: “As pessoas não gostam que seja com as tias maternas.” Ele, então, colocou a mão sobre seu peito e disse: "Ó Deus, perdoa seus pecados, purifica-lhe o coração e protege seus órgãos genitais.”[257]

2- A tolerância do Islam no campo da educação é utilizá-la como método de facilitação no ensino de seus seguidores. O Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) estabeleceu o método de facilidade para aqueles que viriam depois dele através de sua história com o beduíno que entrou na mesquita e começou urinar. Os companheiros do Mensageiro (Deus o abençoe e lhe dê paz) disseram: “Pare com isso, pare com isso.” O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse-lhes: “Deixem-no.” Em seguida, chamou-o e lhe disse: “As mesquitas não podem ser utilizadas para as coisas sujas como banheiros. São para a recitação do Alcorão e para a recordação de Deus.” Em seguida, pediu um balde com água e jogou-a em cima da urina.[258]

Essa tolerância profética de não punir o jovem não o constrangeu, apesar de ter cometido um grande pecado no Islam. Não constrangiu aquele beduíno ignorante, que urinou em sua Mesquita (Deus o abençoe e lhe dê paz) um dos melhores locais, para mostrar o método que deseja ser seguido depois dele, facilitando o método de ensino, de orientação e de educação.

 

 

Conclusão:

Através da folheação deste livro fica claro a preocupação do Islam quanto à tolerância, a convocação por meio da benevolência para com as pessoas e a convocação para recebê-las com sorriso. O Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Não menospreze qualquer ato de bondade, inclusive o de receber o irmão com semblante alegre.”[259]

Através da convocação para se amar o bem para as pessoas, o Mensageiro de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “Ame para as pessoas o que você ama para si mesmo.”[260]

Através do pedido de não interferência nos assuntos dos outros e os muçulmanos deixarem o que não lhes dizem respeito, o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “É um sinal das excelências do Islam, em alguém, o fato de ele não se imiscuir com o que não lhe diz respeito.”[261] 

Através da convocação para proporcionar benefícios para as pessoas e fazê-las felizes, o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse: “As pessoas mais amadas por Deus são as mais benéficas. O ato que Deus mais ama é a alegria proporcionada ao muçulmano, ou a eliminação de sua aflição, ou eliminar a sua dívida ou livrá-lo de fome. O caminhar com o irmão para resolver o problema dele amo mais do que permanecer em retiro neste mês nesta Mesquita. Quem abster-se da ira, Deus irá encobrir o seu defeito, quem reprimir o ódio, podendo aplicá-lo, Allah encherá seu coração de esperança no dia da Ressurreição. Quem acompanhar o irmão em necessidade até resolvê-la Deus firmará seus pés no dia que os pés tremerão.”[262]

Essas palavras não são de autoria dos seres humanos, mas extraídas da lei islâmica, o Alcorão e a Sunna. Uma religião com esse método não deveria, acaso, ser seguido e apoiado, no mínimo não ser combatido, mas fornecer-lhe os meios para crescer e se espalhar? O feliz é quem tem uma religião dessa, a fim de ser agraciado por esta tolerância e conveniência. A razão do afastamento de alguns não muçulmanos do Islam é o que veem por meio de suas relações com as pessoas que se dizem muçulmanas e o Islam é inocente de seu comportamento vergonhoso. Realmente eles estão muito distantes de lhe pertencer. Espero que as ações vergonhosas de alguns muçulmanos não sejam obstáculos de adquirir conhecimento adequado desta extraordinária religião.

O convite está lançado para se adquirir maiores informações, com a condição que sejam a partir de fontes seguras e múltiplas.

Peço a Deus que este livro seja benéfico, preenchendo o objetivo para o qual foi escrito. Dedico o meu amor a todos que lerem este livro. Meu maior desejo é que a paz prevaleça em todos os cantos da Terra e o meu convite que todos conheçam a verdade e que todos estejam sob o cuidado e a guarda de Deus.

 

 

©WWW.ISLAMLAND.COM

 

 

[1] Alcorão Sagrado, 30:30

[2] Alcorão Sagrado, 24:32

[3] Compilado pelo Bukhari

[4] Alcorão Sagrado, 30:21

[5] Alcorão Sagrado, 17:32

[6] Alcorão Sagrado, 4:48

[7] Alcorão Sagrado, 39:53.

[8] Alcorao Sagrado, 4:110.

[9] Alcorao Sagrado, 42:25.

[10] Compilado por Ahmad e autenticado pelo Albani.

[11] Narrado por Ibn Mája e autenticado pelo Albani em Sahih, Michkat.

[12] Alcorão Sagrado, 4:17-18.

[13] Compilado por Ahmad e Ibn Hibban, at-Tirmizi e Ibn Mája e autenticado pelo Albani.

[14] Alcorão Sagrado, 12:87.

[15] Compilado por Musslim.

[16] Compilado por Musslim.

[17] Alcorão Sagrado,  38:82-83.

[18] Alcorão Sagrado, 49:17.

[19] Alcorão Sagrado, 3:19.

[20] Alcorão Sagrado, 42:13.

[21] Alcorão Sagrado, 16:36.

[22] Alcorão Sagrado, 34:28.

[23] Alcorão Sagrado, 21:107.

[24] Alcorão Sagrado, 5:3.

[25] Alcorão Sagrado, 2:286.

[26] Compilado por Bukhari.

[27] Alcorão Sagrado, 22:78.

[28] Alcorão Sagrado, 4:28.

[29] Alcorão Sagrado, 7:157.

[30] Hadice autenticado por Ahmad Chaker.

[31] Compilado por Ahmad e autenticado pelo Albani.

[32] Compilado por Bukhari.

[33] Alcorão Sagrado, 2:143.

[34] Alcorão Sagrado, 60:8.

[35] Alcorão Sagrado, 49:13.

[36] Alcorão Sagrado, 7:199.

[37] Alcorão Sagrado, 3:134.

[38] Alcorão Sagrado, 41:34.

[39] Alcorão Sagrado, 7:42.

[40] Alcorão Sagrado, 2:275.

[41] Alcorão Sagrado, 17:53.

[42] Compilado por Bukhari e Musslim.

[43] Compilado por Musslim.

[44] Compilado por Ahmad.

[45] Compilado por Bukhari e Musslim.

[46] Compilado por Musslim.

[47] Compilado pelo Hákim e autenticado pelo Albáni.

[48] Compilado por  Bukahri e Musslim.

[49]Alcorão Sagrado, 4:48.  

[50] Alcorão Sagrado, 2:285.

[51] Alcorão Sagrado, 2:256.

[52] Alcorão Sagrado, 10:99.

[53] Alcorão Sagrado, 18:29.

[54] Alcorão Sagrado, 16:106.

[55] Compilado pelo Al Hákim.

[56] Hadice autenticado pelo Albani.

[57] Alcorão Sagrado, 25:3.

[58] Alcorão Sagrado, 10:107.

[59] Alcorao Sagrado, 7:188.

[60] Alcorao Sagrado, 16:90.

[61] Alcorao Sagrado, 6:152

[62] Alcorao Sagrado, 5:8

[63] Alcorao Sagrado, 17:70

[64] Compilado por Bukhari e Musslim.

[65] Alcorão Sagrado, 54:17.

[66] Alcorão Sagrado, 16:43.

[67] Alcorão Sagrado, 7:33. 

[68] Compilado por Bukhari e Musslim.

[69] Alcorão Sagrado, 17:85

[70] Alcorão Sagrado, 79:42-46.

[71] Alcorão Sagrado, 92:14-21.

[72] Alcorão Sagrado, 33:36.

[73] Alcorão Sagrado, 24:51.

[74] Compilado pelo Bukhari.

[75] Alcorao Sagrado, 5:50.

[76] Alcorao Sagrado, 39:3.

[77] Alcorao Sagrado, 7:194.

[78] Alcorao Sagrado, 4:110.

[79] Alcorao Sagrado, 40:60.

[80] Alcorão Sagrado, 9:31.

[81] Compilado pelo Tirmizi.

[82] Alcorão Sagrado, 3:159.

[83] Alcorão Sagrado, 2:285.

[84] Compilado por Imam Ahmad, pelo Nassá-i e autenticado pelo Albani.

[85] Compilado pelo Bukhari.

[86] Compilado pelo Bukhari.

[87] Alcorão Sagrado, 62:9.

[88] Alcorão Sagrado, 62:10.

[89] Alcorão Sagrado, 7:31.

[90] Alcorão Sagrado, 2:198.

[91] Alcorão Sagrado, 2:173.

[92] Alcorão Sagrado, 6:160.

[93] Alcorão Sagrado, 16:125.

[94] Compilado por Musslim

[95] Compilado por Ahmad e Bukhari e Musslim.

[96] Alcorão Sagrado, 29:46.

[97] Alcorão Sagrado, 36:77-82. Tradição compilada pelo Hákim.

[98] Alcorão Sagrado, 2:258.

[99] Alcorão Sagrado, 17:53.

[100] Alcorão Sagrado, 3:65.

[101] Alcorão Sagrado, 20:43-44.

[102] Alcorão Sagrado, 46:4.

[103] Alcorão Sagrado, 3:64.

[104] Alcorão Sagrado, 8:38.

[105] Compilado por Ahmad, sendo autêntico.

[106] Compilado pelo Bukhari.

[107] Alcorão Sagrado, 28:52-54.

[108] Compilado por Bukhari

[109] Alcorão Sagrado, 3:130.

[110] Alcorão Sagrado, 5:90-91.

[111] Categorizado por Ibn Abi Chaiba.

[112] Compilado por Bukhari.

[113] Compilado por Musslim.

[114] Compilado por Bukhari e Musslim.

[115] Alcorão Sagrado, 9:60.

[116] Compilado pelo Naissaburi em Al Kachf wal Baian.

[117] Compilado por Bukhari.

[118] Compilado por Bukhari.

[119] Alcorão Sagrado, 5:5.

[120] Compilado pelo Tirmizi e autenticado pelo Albani.

[121] Alcorão Sagrado, 6:121.

[122] Alcorão Sagrado, 9:6.

[123] Alcorão Sagrado, 5:45.

[124] Alcorão Sagrado, 6:108.

[125] Alcorão Sagrado, 5:1.

[126] Alcorão Sagrado, 17:34.

[127] Alcorão Sagrado, 60:8.

[128] Hadice autenticada pelo Albani.

[129] Compilado pelo Bukahri.

[130] Tributo que os não-muçulmanos pagavam pela proteção em país muçulmano.

[131] Ver Al Kharaj, de Abu Youssef.

[132] Alcorão Sagrado, 5:13.

[133] Alcorão Sagrado, 2:109.

[134] Alcorão Sagrado, 45:14.

[135] Alcorão Sagrado, 8:38.

[136] Compilado no Sahih Ajjámi’

[137] Alcorão Sagrado, 13:28.

[138] Compilado pelo Bukhari.

[139] Compilado pelo Bukhari.

[140] Compilado pelo Bukhari.

[141] Sahih Al Jámi’

[142] Compilado por Abu Daoud.

[143] Alcorão Sagrado, 5:6.

[144] Compilado por Musslim e Abu Daoud.

[145] Compilado por Abu Daoud.

[146] Compilado por Bukhári e Musslim.

[147] Compilado por Bukhári

[148] Compilado por Musslim.

[149] Compilado por Ahmad, Ibn Mája e autenticado pelo Albani.

[150] Compilado por Bukhari.

[151] Alcorão Sagrado, 2:238-239.

[152] Alcorão Sagrado, 4:101.

[153] Compilado por Musslim.

[154] Compilado por Musslim.

[155] Compilado por Nissá-i e Tirmizi.

[156] Compilado por Musslim.

[157] Alcorão Sagrado, 2:115.

[158] Compilado por Bukhari.

[159] Compilado por Bukhari.

[160] Compilado por Ahamad como autentico. Abu daoud.

[161] Compilado por Bukhari.

[162] Compilado por Ahmad, Bukhari e Ibn Mája.

[163] Alcorao Sagrado, 9:60.

[164] Alcorao Sagrado, 9:103.

[165] Alcorao Sagrado, 2:185.

[166] Alcorao Sagrado, 2:187.

[167] Compilado por Ibn Hibban.

[168] Compilado por Bukhari e Musslim.

[169] Alcorao Sagrado, 2:185.

[170] Hadice autêntico.

[171] Compilado por Musslim.

[172] Alcorao Sagrado, 2:286.

[173] Compilado por Bukhari e Musslim.

[174] Compilado por Musslim

[175] Alcorao Sagrado, 3:97.

[176] Alcorao Sagrado, 2:196.

[177] Compilado por Bukhari e Musslim.

[178] Compilado pelo Tirmizi.

[179] Compilado pelo Bukhari e Musslim

[180] Alcorao Sagrado, 4:4.

[181] Alcorao Sagrado, 2:237.

[182] Alcorao Sagrado, 65:1.

[183] Alcorao Sagrado, 65:6.

[184] Alcorao Sagrado, 2:233.

[185] Alcorao Sagrado, 65:7.

[186] Alcorao Sagrado, 4:7.

[187] Cotado como autêntico.

[188] Compilado por Bukhari e Musslim.

[189] Alcorao Sagrado, 2:222.

[190] Compilado por Musslim.

[191] Compilado por Ahmad como autêntico.

[192] Compilado por Bukhari.

[193] Alcorão Sagrado, 2:280.

[194] Compilado por Ibn Mája e autenticado por Albáni.

[195] Compilado por Musslim.

[196] Compilado por Bukhari e Musslim.

[197] Cotado como autêntico. Compilado por Ibn Daoud, Ibn Hibban e Baihaqui.

[198] Compilado por Bukhari.

[199] Alcorao Sagrado, 4:11.

[200] Alcorao Sagrado, 4:8.

[201] Compilado por Bukhari

[202] Compilado por Sunan Abu Daoud.

[203] Alcorao Sagrado, 2:178.

[204] Alcorao Sagrado, 2:178.

[205] Alcorao Sagrado, 5:38.

[206] Alcorao Sagrado, 24:2.

[207] Alcorao Sagrado, 24:4.

[208] Alcorao Sagrado, 42:40.

[209] Alcorao Sagrado, 16:126.

[210] Alcorao Sagrado, 42:40.

[211] Compilado por Bukhari e Musslim.

[212] Alcorao Sagrado, 2:179.

[213] Alcorao Sagrado, 2:251.

[214] Alcorao Sagrado, 8:47.

[215] Alcorao Sagrado, 4:75.

[216] Alcorao Sagrado, 2:190.

[217] Alcorao Sagrado, 8:61.

[218] Compilado por Musslim.

[219] Compilado pelo Tabari

[220] Alcorao Sagrado, 76:8-9.

[221] Compilado pelo Tabaráni.

[222] Compilado por Musslim.

[223] Compilado pelo Tirmizi, Ibn Mája, e autenticado pelo Albáni.

[224] Alcorão Sagrado, 15:39.

[225] Compilado por Ahmad.

[226] Compilado por Ahmad e Musslim.

[227] Alcorão Sagrado, 5:39.

[228] Compilado por Musslim.

[229] Alcorão Sagrado, 4:17-18.

[230] Compilado pelo Tirmizi.

[231] Compilado por Musslim.

[232] Alcorão Sagrado, 25:68-70.

[233] Alcorão Sagrado, 39:53.

[234] Compilado por Bukhari.

[235] Compilado por Musslim.

[236] Alcorão Sagrado, 35:45.

[237] Compilado por Musslim.

[238] Cotado como autêntico.

[239] Alcorão Sagrado, 4:31.

[240] Compilado peli Bazzar e atenticado pelo Albáni.

[241] Compilado por Bukhari e Musslim.

[242] Compilado por Bukhari e Musslim.

[243] Compilado por Ibn Mája, Ibn Khuzaima e Ibn Hibban, e autenticado pelo Albáni.

[244] Compilado por Musslim.

[245] Compilado por Ahmad como autêntico.

[246] Compilado por Bukhari e Musslim.

[247] Alcorão Sagrado, 4:92.

[248] Alcorão Sagrado, 58:3.

[249] Alcorao Sagrado, 5:89.

[250] Compilado por Bukhari.

[251] Compilado por Musslim.

[252] Compilado por Musslim.

[253] Compilado por Musslim.

[254] Compilado por Bukhari.

[255] Compilado por Bukhari.

[256] Compilado por Musslim.

[257] Contado como autêntico.

[258] Compilado por Bukhari e Musslim.

[259] Compilado por Musslim.

[260] Compilado por Tirmizi e Ibn Mája.

[261] Compilado por Tirmizi e autenticado pelo Albáni.

[262] Cotado como autentico pelo Albáni.